Audiência, brigas, desgaste: por que a Globo cancelou o 'Sai de Baixo'?
O "Sai de Baixo" (Globo) marcou época na TV brasileira e, apesar do fim, ainda ocupa espaço significativo no inconsciente de milhões de brasileiros, que relembraram do sitcom após a morte de Aracy Balabanian na segunda passada (7). Idealizada por Luis Gustavo e Daniel Filho, a atração estreou em 31 de março de 1996 e permaneceu no ar por seis anos.
O humorístico era gravado no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, com a presença de uma plateia e repleto de cenas improvisadas - como acontecia com o programa "Família Trapo". A ideia da atração, que a princípio chegou a ser apresentada e rejeitada pelo SBT, foi bancada pela emissora da família Marinho e se transformou em um projeto bem-sucedido.
Já o elenco original contava com grandes nomes da dramaturgia, como Miguel Falabella (Caco Antibes), Marisa Orth (Magda), Aracy Balabanian (Cassandra), Luis Gustavo (Vavá), Tom Cavalcante (Ribamar) e Cláudia Jimenez (Edileuza), e passou por algumas mudanças ao longo do período em que permaneceu na grade de programação do canal.
O último episódio foi ao ar em 31 de março de 2002. O fim da atração provocou protesto de fãs, motivou abaixo-assinados e a criação de um site pedindo a volta do programa à grade de programação.
Mas, afinal, por que a atração saiu do ar? A redução dos índices de audiência, o clima ruim nos bastidores, as brigas entre integrantes do elenco e o desgaste natural do formato ajudam a explicar o fim do programa. Além disso, quando o programa acabou, a TV aberta também vivia um momento de transformação com o surgimento de reality shows.
Do auge à queda de audiência. A estreia, em 1996, alcançou 26 pontos, na Grande São Paulo - empatando com o SBT. Ao longo do tempo, porém, a atração emplacou e caiu nas graças do público.
O programa foi perdendo fôlego ao longo do tempo. A estreia da sétima temporada, em 25 de dezembro de 2001, registrou média de apenas 12 pontos. À época, o humorístico enfrentava o fenômeno de audiência A Casa dos Artistas 1 (SBT).
A saída de Cláudia Jimenez foi conturbada. Segundo reportagem do Jornal do Brasil, de janeiro de 1997, a atriz foi afastada do programa por "dificuldades de relacionamento". Ela havia criticado o baixo nível dos textos do programa e atribuía aos redatores a oscilação nos índices de audiência. "Eu e todo o elenco temos que revisar diálogos e inserir piadas", reclamou em entrevista ao jornal.
O clima nos bastidores era péssimo, de acordo com a reportagem. Uma integrante do time de redatores do programa disse que a equipe de criação chegou a contar a quantidade de falas dos atores em cada texto, na tentativa de equilibrar a presença de cada um no palco.
Tom Cavalcante saiu do programa após desentendimentos com colegas e com a direção, em 1999. Segundo o Notícias da TV, o comediante passou a criticar o texto e a discordar da postura de colegas do elenco. A situação ficou insustentável após uma "crise com a direção do humorístico".
Uma mudança de cenário foi rejeitada pelo público, na temporada do ano 2000. "Achávamos que renovaria, daria o fôlego necessário. Fizemos as primeiras gravações. Nas duas, o questionário respondeu positivamente. Mais de 80% achavam o programa melhor. Mas, quando foi ao ar, foi rejeitado. Ao vivo era uma coisa, em casa, outra", relatou o diretor Daniel Filho no livro "O circo eletrônico: fazendo TV no Brasil".
A atração passou a sofrer com oscilações de audiência e mudanças de horário. O humorístico chegou a ser retirado da grade para a exibição da segunda temporada de No Limite, em 2001. A atração retornou à programação em dezembro, mas saiu do ar em 2002 - embora tenha ganhado episódios especiais e virado filme anos depois.
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