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Tragédia pura: Drama de Sol em Vai na Fé escancara dor da mulher negra

Sol (Sheron Menezzes) em Vai na Fé  - Reprodução/TV Globo
Sol (Sheron Menezzes) em Vai na Fé Imagem: Reprodução/TV Globo

Lucas Rocha

De UOL em São Paulo

09/08/2023 12h39

Eu não lembro qual foi a última vez que eu tive tanta pena de uma protagonista de novela igual estou da Sol (Sheron Menezzes) nesta reta final de "Vai Na Fé". Beira o trágico tantas violências que a personagem foi submetida durante toda a trama.

Do estupro sofrido pelo Theo (Emílio Dantas), a triste morte de Carlão (Che Moais), até o fato de ser mãe da chata da Jenifer (Bella Campos), a cantora enfrenta uma provação atrás da outra.

Mas das coisas mais deprimentes que identifiquei nessa jornada, definitivamente é o fato de sempre anularem a voz dela. Ela sempre tem que batalhar dez vezes mais para poder viver um momento de paz de espírito. E aqui não dá para ignorar o brilhantismo de Rosane Svartman ao retratar em Sol as dores da mulher negra com um texto tão sensível.

O diálogo da cantora com a mãe após ter o videoclipe sabotado é uma síntese perfeita do drama ficcional e da vida real. "Meu Deus, quando é que essas guerreiras descansam?", refletiu Marlene (Elisa Lucinda). "Eu não quero ser guerreira, mãe", desabafou Sol.

Basta um pingo de empatia e noção de mundo para enxergar a dor que carrega uma frase tão curta como essa. Não à toa, muitas outras Sol sentiram esse dedo na ferida.

Na sexta-feira, quando a novela acabar, a protagonista vai ganhar seu merecido final feliz, e fica a torcida para que "Vai Na Fé" seja aquele abraço quentinho em quem também já está exausta de "guerrear".