Medo da Disney e Peter Pan abusador: o mundo do terror do 'Ursinho Pooh'
Quando "Ursinho Pooh: Sangue e Mel" foi anunciado, em 2022, causou comoção entre os fãs da Disney ao mudar a história do urso mais querido da ficção e transformá-lo em um assassino. O longa chega ao Brasil no dia 10 de agosto.
O filme acompanha Christopher Robin, o menino que cuidava de Pooh e Leitão, voltando a encontrar os amigos anos após abandoná-los. No entanto, os animais se tornaram vingativos e implacáveis.
A mente por trás da ideia macabra é a de Rhys Waterfield, um cineasta britânico fã de terror. Ele soube que o personagem tinha caído em domínio publico e percebeu a oportunidade de "acabar com infâncias", como o próprio diretor brinca.
A produção seguia o curso normal de um filme de baixo orçamento, mas Waterfield foi obrigado a lidar com a fama repentina, obrigando-o a mudar suas perspectivas de trabalho.
"Foi selvagem. Me lembro que, do nada, o filme explodiu em uma proporção que não poderia imaginar", conta Waterfield em entrevista a Splash.
"No ano passado, quando algumas imagens da produção foram publicadas no Instagram, alguns meios de comunicação as acharam. Tudo começou: as pessoas falavam sobre isso e se tornou viral no TikTok."
O sucesso pré-lançamento de "Ursinho Pooh: Sangue e Mel" assustou o diretor, que se viu inundado de mensagens, pedidos de entrevistas de um dia para o outro e com convites para exibir o filme em diferentes lugares do mundo, como países da América do Sul, Austrália e no leste europeu.
A pressão aumentou. Então, comecei a organizar cenas adicionais e refilmagens para produzir momentos mais épicos. Foram seis meses de muito trabalho.
Todo o trabalho valeu a pena e, agora, Rhys Waterfield já tem mais três filmes programados para serem lançados até o final deste ano: "Ursinho Pooh 2", "Bambi" e "Peter Pan". Todos contam com a mesma ideia de vermos personagens clássicos da Disney de maneira distorcida.
"Com certeza veremos Bambi matando caçadores, e Peter Pan tem um grande potencial de ser um pedófilo. É um cara que nunca cresce, mora na Terra do Nunca. Vamos realmente arruinar Peter Pan e Sininho para muitas pessoas."
Medo da Disney
Diretor explica como conseguiu fazer um filme sobre o Ursinho Pooh sem ser processado pela Disney. "Em janeiro de 2022, percebi que a história caiu em domínio público e, uma vez que isso acontece, as pessoas podem fazer o que quiser." O personagem foi escrito em 1926, por A.A. Milne.
Equipe jurídica ajudou Waterfield a entender o que ele poderia ou não fazer. "Eu tinha que ser cuidadoso e havia pessoas que investigavam o que era liberado e o que era proibido. Se algo tenha sido criado pela Disney, não poderia usar. Então, por exemplo, no Ursinho Pooh original, ele não usava uma camisa vermelha; isso foi algo que a Disney colocou em sua visão e interpretação. A imagem desta maneira se torna propriedade intelectual da empresa."
Como o livro também não apresentavam um tom de voz, não poderia usar também. Eu tive que criar esses elementos. Aceitei os riscos e fui em frente.
No entanto, o diretor confessa que "imaginava um projeto muito menor". Ele reitera que não esperava o sucesso e conta que não foi procurado — ou ameaçado — pela Disney.
Para ele, existe um limite até onde ele pode ir com as propriedades da empresa. "Muitas pessoas vieram me dizer que o primeiro filme do Mickey, o Steamboat Willie, também cairá em domínio público. Mas acho um território mais complicado de explorar ao estar ligado diretamente à marca registrada. Fico com medo."
O primeiro curta animado do personagem, "Steamboat Willie", completará 95 anos no dia 1º de outubro de 2024 e, segundo a lei de direitos autorais dos Estados Unidos, o desenho se tornará de domínio público.
Outra versão
Inicialmente, a ideia era fazer um Ursinho Pooh pequeno, como se fosse de pelúcia, em referência a Chucky, o "boneco assassino". "Ele estaria andando por aí esfaqueando pessoas."
O projeto não foi para frente, pois Rhys Waterfield quis transformá-lo em algo maior e mais ameaçador, além do orçamento de US$ 100 mil não cobrir os gastos com animatrônicos necessários para criar o pequeno assassino.
Tornamos o urso um pouco mais humanoide, que é mais fácil de se conseguir - além de, pessoalmente, achar mais interessante. Este fato é algo que estou também trabalhando bastante nas sequências.
Durante toda a entrevista concedida à reportagem, o diretor tinha um boneco colecionável de Chucky e da esposa do personagem, Tiffany Valentine, "participando" da gravação: eles estavam posicionados em um armário, atrás de Waterfield. Ele explica a Splash que se trata de um de seus personagens favoritos do cinema de terror, aleém de Leatherface, o protagonista de "Massacre da Serra Elétrica".
Eu assisti ao filme quando tinha uns 11 anos e me aterrorizou de tal forma que eu achava a história verdadeira. Tinha certeza de que Leatherface pegaria um avião e iria até a Inglaterra, só para me matar.
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