OPINIÃO
Desfecho de 'Vai na Fé' exibe o Brasil que a gente quer ver
"Vai na Fé" se despediu das telinhas com a sensação de missão cumprida. Além de resgatar os bons índices de audiência para a faixa das 7, a novela cumpriu outra bonita função: mostrar que é possível levar, de fato, representatividade ao horário nobre da TV brasileira.
O desfecho da trama é o Brasil que a gente quer ver. O casal Ben (Samuel de Assis) e Sol (Sheron Menezzes) teve o merecido final feliz, apesar de o vilão Theo tentar roubar a cena com mais crueldades. O sorriso de Sol, que se estendia ao restante de sua família e amigos mais próximos, mostra o quão importante é ver pessoas pretas felizes.
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Queremos que essas cenas se repitam cada vez mais nas telinhas e na vida real. Não podemos esquecer que nosso país é formado por 56% de pessoas negras, entre pretos e pardos, segundo dados do IBGE. Não são mais "a carne mais barata do mercado" como cantava a icônica Elza Soares e precisam ver os seus sorrindo na TV — não só atreladas à violência e pobreza.
A autora Rosane Svartman assustou os fãs do casal Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) com a separação no início do último capítulo. Mas, calma, foi apenas uma pegadinha: durante o casamento de Ben e Sol, elas reataram o namoro com direito a um beijo tímido. Vitinho, interpretado por Luis Lobianco, também teve seu final feliz ao lado do jornalista Anthony Verão (Orlando Caldeira) — era o que desejava Lobianco, contou ele em entrevista a Splash. Eles trocaram um selinho nos minutos finais.
Sim, queríamos ver beijões mais efervescentes, assim como os casais héteros dão na TV. No entanto, esses desfechos são uma resposta aos diversos cortes da alta cúpula da emissora a cenas de beijos homoafetivos na primeira metade da trama. E também a quem acredita que casais LGBTs não podem estampar narrativas de romance.
Além de finais felizes, o que não poderia faltar no último capítulo? Muita música. E teve! Negra Li, DJ Liro e o Coral Vocalis performaram a música de abertura da trama para encerrar com chave de ouro a história dirigida artisticamente por Paulo Silvestrini e criada por Rosane e seu time de roteiristas.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL