Sheron celebra saldo de sua 1ª protagonista na TV: 'Rompemos paradigmas'
E não é que se saiu melhor que a encomenda a aposta da Globo para furar bolhas religiosas e contemplar uma diversidade racial que mal merecia atenção até alguns anos atrás? "Vai na Fé" termina nesta sexta-feira (11) com saldo positivo para a emissora, para a autora Rosane Svartman e equipe, e para o elenco.
A produção alcançou boa audiência para o contexto atual, chegando a superar o público da novela das nove, abordou questões sociais da maior relevância e criou oportunidades inéditas de faturamento para o mercado publicitário.
Cenas de merchandising bem inseridas no enredo tornaram ações de publicidade bastante orgânicas, inclusive com exposição de telas de celular e consumo e-commerce, segmento que não costumava desfilar muito em novelas. Ainda nesta semana, a compra de roupas online mereceu detalhada cena, sem que a história patinasse em meio à propaganda.
É nesse contexto bem-sucedido que a mocinha da vez, Sheron Menezzes, comemora sua presença no conjunto da obra, e conta a Splash que vai "levar Sol para sempre", tendo sobre a novela as "melhores" avaliações.
"Foi uma personagem que me fez sentir ainda mais força como pessoa e mulher, aprendi muito com ela. Quando recebi o convite para fazer a Sol, me joguei de cabeça e foquei em fazer o meu melhor, e todo o sucesso da novela e a repercussão da minha personagem é reflexo do meu trabalho e de todos que fizeram parte desse projeto", diz.
"Acredito que podemos medir o sucesso com o retorno do público, e tivemos um retorno incrivelmente positivo. Por onde eu passava, as pessoas me paravam e comentavam o quanto se identificavam com a Sol, com as dores dela."
Por isso, questionada se esperava que a repercussão e aprovação do público fossem tão boas, Sheron não nega que a expectativa era de fato essa. Até "porque eu também me identifico com ela", completa.
Protagonismo negro
Coisa rara até bem pouco tempo atrás, o protagonismo negro foi um ponto forte de "Vai na Fé", com abordagens muito pertinentes a questões raciais pontuadas nos diálogos e situações ao longo de toda a história. Foi a primeira vez que Sheron se viu na condição de dona do papel principal, mas diz que nem de longe se permitiu ser afetada por qualquer tipo de pressão nesse sentido.
"Pressão? Não! Existe, claro, uma carga maior de cenas por estar em todos os núcleos, ou quase todos os núcleos na trama, mas a pressão que se cria, ou melhor, a expectativa que se cria é de fora para dentro (risos) e não de dentro pra fora. Mas é uma coisa gostosa de sentir e é o que fortalece ainda mais o nosso trabalho."
Ainda é cedo para mensurar os efeitos da novela com relação à estratégia da Globo de buscar uma aproximação com os evangélicos, segmento historicamente preterido pelo nicho católico na programação da emissora. "Mas acredito muito que quebramos paradigmas ou rótulos", diz Sheron, sobre a cuidadosa abordagem que Svartman teve ao expor os conflitos de Sol durante a trama.
Ainda no capítulo de terça-feira (8), a estrela se decepcionou ao ver a montagem do videoclipe que o inescrupuloso empresário vivido por Angelo Paes Leme preparou, sem consulta-la. A edição, composta por uma coreografia sexualizada, contrariou os princípios morais de Sol, que quase desistiu da carreira, mas foi contida por Lui, o astro interpretado por José Loreto, que também ganhou a confiança do público em "Vai na Fé".
"É sempre bom fazer um trabalho que nos desafia como atriz e que desafia o público, e essa novela teve muito isso, receber o retorno positivo do público de casa, das pessoas na rua já uma grande resposta. O que posso afirmar aqui é que representamos o brasileiro da melhor forma possível, independentemente da religião", fala.
Sheron conta ainda que não recebeu um só retorno negativo sobre sua heroína e seus dilemas. "A Sol fez tudo o que estivesse ao alcance dela para cuidar de si, da família e dos amigos. Então, acredito que todas as mulheres se identificaram em algum momento da minha personagem."
A atriz afirma que não mudaria nada em sua primeira protagonista. "Minha personagem é o retrato da mulher brasileira, dona de casa, batalhadora e cheia de amor com a família, amigos e pela vida. Rosane Svartman foi muito certeira e cirúrgica em todos os assuntos abordados com a Sol, aliás, com todos os personagens e histórias da novela. Por isso, não mudaria nada, muito pelo contrário, seguiria com a trama por mais tempo (risos)".
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Quero receberUm ponto sensível na trajetória da personagem é a percepção, com 20 anos de atraso, de que foi vítima de um estupro de vulnerável, já que estava alcoolizada no momento em que transou com Théo, o vilão vivido por Emílio Dantas, outro fator de êxito do folhetim dirigido por Paulo Silvestrini.
Na manhã de quarta (9), durante o Encontro, Sheron reviu a cena em que Ben (Samuel de Assis) lhe explica por que ela foi vitima de um estupro, e se emocionou. "Eu falei por muitas mulheres, e eu tive relatos fortíssimos de mulheres que só entenderam o que passaram após assistir a essa cena".
A Splash, Sheron disse que nunca sofreu nada parecido, nem abuso sexual, mas sublinha a importância do enredo ficcional para alcançar tantas mulheres que se veem em situações semelhantes e não se dão conta da violência que enfrentam.
"Nunca passei por essa situação, mas é um assunto que devemos sempre trazer à discussão na sociedade. Assim, criamos e temos também o sinal de alerta sempre ligado. Essas pautas são superimportantes. Como existem vários tipos de abuso, é extremamente importante que seja falado, mostrado, escancarado para nenhuma mulher sofrer calada e sozinha."
Finalizadas as gravações, Sheron tirou merecidos dias de descanso em Curaçao, no Caribe, na companhia das colegas de elenco Letícia Salles, Carla Cristina e Clara Moneke. "Meus planos agora são férias (risos), curtir os amigos e a família. E depois, penso nos próximos projetos.
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