Em livro, Rodrigo Casarin mostra como a literatura é a luz no fim do túnel
A literatura salva e é a nossa "luz no fim do túnel". Com a ideia de que podemos ser salvos por meio da leitura, o colunista de Splash Rodrigo Casarin é uma das pessoas que defende bravamente a importância dos livros na sociedade.
Com sua coluna Página Cinco, o jornalista sempre esteve à frente do debate sobre o cenário literário brasileiro, algo que, por um lado, parece tão catastrófico - com as eternas profecias de que os livros vão acabar -, e do outro tão esperançoso - em 2021, por exemplo, o consumo obras literárias cresceu cerca de 30% no Brasil, em comparação com o ano anterior (segundo pesquisa feita pela Nielsen BookScan e divulgada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros).
Casarin agora estreia do outro lado do balcão e lança o seu primeiro livro, o "A Biblioteca No Fim do Túnel", editado pela editora Arquipelago. O título é uma coletânea de 55 crônicas que retratam de maneira bem humorada a relação do autor com o mundo literário.
Em entrevista a Splash, Rodrigo Casarin conta que a ideia de juntar seus escritos em uma obra não é nova. "Fazia algum tempo que vinha pensando em reunir parte do que já escrevi profissionalmente sobre livros e literatura. Foram mais de 2.000 textos em cerca de 10 anos e, como um amigo disse, se nada se salvasse, era melhor eu trocar de profissão. Pois bem, revisitando esses milhares de arquivos mapeei uns 400 que se seguiam de pé - não faria sentido levar para um livro notas, notícias pontuais, análises defasadas."
Após decidir que publicaria, o escritor se dedicou a achar uma linha de pensamento que conectasse os textos. "Comecei, então, a procurar uma coesão entre esses escritos. Algumas linhas de livro surgiram: sobre literatura brasileira, literatura latino-americana, resenhas de best-sellers, entrevistas... Conversando com a editora, decidimos seguir por um recorte que está entre os meus favoritos: um livro sobre livros, sobre a relação com a literatura, o hábito de leitura, as agonias e alegrias de um leitor."
Casarin teve títulos que o inspiraram a decidir por onde seguiria. "Me ajudaram a decidir esse caminho livros como 'Notas Para Uma Definição do Leitor Ideal', do Alberto Manguel, 'O Infinito em um Junco', da Irene Vallejo, e especialmente 'O Vício dos Livros', do Afonso Cruz, que me fez ter certeza de que tinha em mãos um material que poderia gerar algo legal para os leitores. Espero que a 'A Biblioteca no Fim do Túnel' divida espaço com esses colegas nas bibliotecas."
Entre os 55 textos publicados no livro, Rodrigo Casarin encontra dificuldade em escolher um favorito. "Ah, difícil, né!? Vou tentar responder sem voltar ao livro. A carta ao Menino Maluquinho eu acho um texto realmente bonito. Gosto bastante do perfil do Ignácio de Loyola Brandão, das reflexões a partir de livros da Clarice e da Carolina Maria de Jesus e de poder falar sobre o Messi em Copas do Mundo a partir de um conto do Marcelo Moutinho. E tenho grande simpatia pelas crônicas em que divido com outros leitores algumas questões caras a nós, que vivemos mergulhados em livros, como o tempo que devemos levar para ler certas obras - como se fosse possível estabelecer algo tão íntimo assim... -, como lidar com leituras incômodas ou se devemos ou não dar um pé na bunda dos livros chatos."
O que encerra 'A Biblioteca no Fim do Túnel', enfim, é uma história realmente bonita sobre um grande leitor que deixou saudades.
Em sua coluna no UOL, o jornalista não falou apenas de literatura clássica, mas conseguiu juntar diversos tipos de autores. "Escrevi sim sobre John Green ao longo dessa caminhada - e também sobre a Collenn Hoover, E. L. James, Jenna Evans Welch?"
"Mas lembro bem que a primeira reportagem que entreguei para o UOL foi sobre como Clarice Lispector tinha virado um fenômeno na internet graças a fragmentos de sua obra ou a citações apócrifas. Aos poucos o trabalho foi tomando sua forma: falar sobre obras bastante populares, claro, mas também procurar por elementos que possam fazer com que mais pessoas prestem atenção em autores que merecem um reconhecimento maior, garimpar novidades que merecem atenção, mostrar como o que encontramos dentro dos livros dialoga e ajuda a iluminar o mundo em que estamos metidos."
Por fim, o mais novo autor de livros brasileiro deixa um recado aos leitores de primeira viagem. "Gosta muito de alguma coisa? Desconfie disso. Tente compreender por que gosta tanto do que lhe agrada. Também procure sacar por que tanta gente gosta daquilo que não te desperta interesse algum. Ouça a opinião dos outros, mas pondere, não precisa aceitar ou desprezar tudo."
É um bom caminho para ter contato com outros horizontes e também para compreender e fortalecer nossas preferências, apurar senso crítico. Serve para a leitura, mas serve também para a vida, me parece.
O autor fará uma noite de autógrafos no dia 17 de agosto, em São Paulo, na Livraria Travessa (Rua dos Pinheiros, 513), das 18h30 às 21h30.
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