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Léa Garcia receberia hoje homenagem no Festival de Gramado

Léa Garcia, que morreu hoje aos 90 anos, estava em Gramado, RS, para ser homenageada no tradicional Festival de Cinema de Gramado. A atriz receberia hoje o troféu Oscarito, pelo conjunto da obra, ao lado de Laura Cardoso.

Caio Blat, um dos curadores do festival, relembrou os últimos momentos da atriz em conversa com Splash: "Estou em choque, ela estava animadíssima na sessão de 'Tia Virgínia' [no domingo à noite], comentando todas as cenas".

Ao mesmo tempo, é uma despedida de cinema, sendo ovacionada e homenageada. Acho que os gigantes da nossa profissão gostam de partir em movimento. Gostam de viver o cinema até o último instante. Ela é imortal, inesquecível, abriu caminhos, precursora da representatividade que hoje ainda se busca. Caio Blat

Marcos Santuário, curador do festival de cinema ao lado de Caio Blat, afirma: "Nestes últimos dias pudemos aplaudi-la, abraçá-la, beijá-la e fazê-la sentir, ainda mais, o carinho e a admiração que sempre tivemos por ela. Decidiu se despedir no seu território mais amado, o da arte, do audiovisual e do cinema. Ficaremos homenageando sua vida, sua arte e seu exemplo".

Kleber Mendonça Filho, diretor de Retratos Fantasmas, também lamentou a morte da atriz: "Léa Garcia era incrível. A gente não conseguiu se falar na sessão do Retratos Fantasmas. Eu pensei em dar uma abraço nela, mas estava super gripado. Havia muita gente estava querendo tirar foto com ela. Eu fiz um olhar muito bom para ela, cheio de carinho. Ela devolveu o olhar também. Muita honra tê-la na sessão. E hoje ela partiu".

O festival também emitiu uma nota oficial sobre a morte da atriz:

É com pesar que a organização do Festival de Cinema de Gramado informa que a atriz Léa Garcia faleceu na madrugada de hoje (15), no hotel que estava hospedada em Gramado. A atriz receberia o troféu Oscarito na noite de hoje, ao lado de Laura Cardoso. De acordo com o Hospital Arcanjo São Miguel, a causa da morte foi um infarto agudo do miocárdio.

Dona Léa Garcia havia chegado a Gramado no último sábado (12) acompanhada do filho, Marcelo Garcia. A atriz circulava diariamente pelo evento, onde acompanhou diversas sessões no Palácio dos Festivais. Em uma de suas passagens pelo tapete vermelho, a atriz afirmou ao portal Acontece Gramado ter "um enorme prazer em estar mais uma vez em Gramado. Esse calor, essa receptividade com a qual a cidade nos recebe. Aqui tem um leve sabor de chocolate no ar. Obrigado a todos que fazem o festival, que participam e que concorrem. Aqui me sinto sempre prestigiada".

Léa Garcia possuía uma história antiga com Gramado, conquistando quatro Kikitos com Filhas do Vento, Hoje tem Ragu e Acalanto. Aos 90 anos, a veterana detinha de um currículo com mais de cem produções, incluindo cinema, teatro e televisão. Com uma célebre trajetória nas artes, foi indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes em 1957 por sua atuação no filme Orfeu Negro que, em 1960, ganharia o Oscar de melhor filme estrangeiro, representando a França.

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Atuando em produções para televisão, cinema e teatro, Léa consolidou uma carreira de papéis marcantes em produções como Selva de Pedra, Escrava Isaura, Xica da Silva e O Clone. Foi peça fundamental na quebra da barreira dos personagens tradicionalmente destinados a atrizes negras. Tornou-se, assim, uma referência para jovens atores e admirada pela qualidade de suas atuações.

Dona Léa seguia ativa nas artes cênicas. Em 2022, atuou nos longas Barba, Cabelo e Bigode, Pacificado e O Pai da Rita. Ontem (14) havia confirmado negociações com a TV Globo para atuar no remake da novela Renascer.

Possíveis alterações na programação do Festival de Gramado serão anunciadas em breve pela organização.

A morte de Léa foi confirmada nas redes sociais. A atriz já estava na Serra Gaúcha, e passou pelo tapete vermelho do evento no final de semana.

Em 1959, Léa Garcia foi indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina por "Orfeu Negro", filme que venceu a Palma de Ouro naquela edição do festival. O filme dirigido pelo francês Marcel Camus foi o seu primeiro trabalho no cinema, e retrata a história trágica de Orfeu e Eurídice, ambientada no Rio de Janeiro em época de Carnaval.

O último trabalho de Léa Garcia no cinema foi o filme "Um Dia com Jerusa" (2020). Antes disso, atuou em "Boca de Ouro" (2019) e "Pacificado" (2019), além de ter participado da série "Carcereiros".

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