Frota expõe erros em saída da Globo e critica Boninho: 'Sou melhor que ele'
Alexandre Frota, 59, é o convidado do segundo episódio de Chico Conversa, talk show apresentado pelo colunista Chico Barney em Splash. Durante a entrevista, o ator recordou uma antiga desavença e ressentimento com Rodrigo Carelli, citou o declínio dos reality shows da TV brasileira e revelou bastidores da sua saída da Globo.
Frota alfinetou a direção de Boninho nos programas de entretenimento da emissora global. Ele considera que faria um trabalho melhor que o herdeiro de Boni na posição.
"Infelizmente eu derrapei e deixei [a empresa] na mão", reflete o ator sobre o período entre 1980 e 1990 que integrava o casting da Globo. Para Frota, o potencial dele como diretor e produtor foi ofuscado por erros que ele próprio cometeu.
Ele ainda afirmou que viu a ascensão de Boninho à frente das produções na emissora na mesma época.
Eu me considero melhor que o Boninho, mas não tive cabeça e não aproveitei as oportunidades que tive. E não estou desmerecendo o Boninho, nem quero arrumar confusão com ele (...) Mas o [Roberto] Talma me pegou pela mão primeiro que o Boninho.
O ator diz não guardar mágoa por ter sido preterido pela Globo. "Penso que eu poderia ter sido mais equilibrado, mais tranquilo e menos impulsivo. Isso me ensinou"
Relação conflituosa com Carelli
Frota afirma que é o responsável por Rodrigo Carelli, 55, diretor do núcleo de reality shows da Record estar onde está. "A Record deveria mandar embora o Rodrigo Carelli. Ele está sentado lá, hoje, por minha causa - e sabe disso. Não é por causa do talento dele, nem nada disso. Fui eu que fui buscá-lo na MTV, onde ele gravava clipes, botei ele sentado na frente do Paulo Franco [então diretor de programação do canal da Barra Funda] e negociei o primeiro contrato dele, que era de R$ 60 mil."
O ator diz se arrepender de ter indicado Carelli para a função que hoje ele ocupa na Record. "Quando o bispo Honorilton Gonçalves [ex-diretor artístico da emissora] virou para mim e perguntou: 'Frota, quem você quer colocar como diretor [de reality shows]?', eu deveria ter respondido: 'eu'. Mas, na minha cabeça, eu ficaria como diretor de entretenimento e traria diretores [secundários]."
Frota acusa Carelli de tê-lo tirado do projeto de implantação do núcleo de reality shows da Barra Funda. "Achei uma p*ta sacanagem, uma p*ta traição - e ele não fez isso sozinho. Fez apoiado pela direção da Record, pelo Honorilton e etc. O certo é que o Rodrigo nunca me ligou para agradecer o que eu fiz por ele."
Casa dos Artistas: sucesso e deslumbramento
Alexandre Frota é até hoje recordado por ter participado da Casa dos Artistas (SBT), primeiro reality de confinamento da história da TV brasileira. A atração foi um fenômeno de popularidade a seu tempo e abriu posteriormente várias portas para o ator.
Questionado, porém, por Chico Barney sobre que recado daria a si mesmo ao deixar o programa, em 2001, Frota respondeu com sinceridade. "Diria que saísse menos deslumbrado. Quando você sai, você se deslumbra [com aquela atenção toda]. Não queria ter saído deslumbrado. Artista é muito louco, muito emocional, passional."
O reality show na era moderna
Frota acredita que os reality shows de hoje tem perdido a essência do formato. "Duvido que 95% do casting leia o contrato, que diz que é um jogo de sobrevivência. Um jogo você precisa jogar! Por mais que eu goste de você, eu vou te eliminar de alguma forma, para você poder sair e eu ganhar! As pessoas não entendem isso."
Para o ator, o medo de manchar a própria imagem acaba limitando o desempenho de muitos participantes. "Elas entram hoje preocupadas com o cancelamento, seguidores, engajamento, 'sou eu mesmo, vou votar por afinidade'... Se eu dirigisse um reality show, já avisaria a todos eles [elenco]: está proibido a palavra 'afinidade'!"
Ele também dá sua opinião sobre como esse quadro pode começar a ser revertido. "Primeiro, tem que acabar com as torcidas hiperapaixonadas, fazendo com que tenha, para começar, [a restrição de] um voto por CPF. Muitas vezes, essas torcidas apaixonadas acabam elegendo, para vencedor, alguém que não foi jogador."
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