Maurício Kubrusly tinha dança no Pânico e mudou a trajetória dos Paralamas
Maurício Kubrusly, cujo diagnóstico de demência foi revelado ontem, é conhecido pelo quadro "Me leva, Brasil", do Fantástico. Mas ele também marcou a cultura brasileira de outras formas!
Tem muita gente que ouve o nome do jornalista e logo se lembra do Pânico na Band. Isso porque o programa o homenageou com a dança do Maurício Kubrusly, que fez tanto sucesso que virou até concurso cultural. A brincadeira começou no quadro "Quem Rir Se Ferra", em que os integrantes do elenco tentavam fazer os colegas rirem.
"O nosso alvo é o Alfinete. A gente bolou uma música e uma dança de uma pessoa que ele acha muito engraçada, que é o Maurício Kubrusly", disse Eduardo Sterblich no programa que foi ao ar em março de 2013.
Kubrusly também foi responsável por mudar a trajetória do Paralamas do Sucesso. Segundo Júlio Ettore, youtuber especializado em rock nacional, contou o caso em entrevista ao podcast Inteligência Ltda.: "Os Paralamas devem muito ao Maurício Kubrusly. Porque ele destruiu os Paralamas numa crítica, e essa crítica foi uma das responsáveis pelo Herbert ter mudado o direcionamento da banda". Tratava-se de uma crítica ao disco Cinema Mudo, a estreia da banda:
Eles eram muito associados ao Police, e realmente tinha tudo a ver. O Barone, até hoje o Copeland é a grande referência dele. A guitarra do Herbert, todo o som da banda era muito parecido com o The Police. E aí o Maurício Kubrusly era crítico musical. E ele fez uma crítica, não sei se era pra Folha ou pro Estadão, e ele diz o seguinte: eles precisam cair na real porque eles não são o Police. João Barone não é Stewart Copeland, Bi Ribeiro não é o Sting, Herbert Vianna não é o Andy Summers. Ele botou nominalmente: eles precisam entender que eles não são o Police e eles estão copiando.
"E isso bateu. Não só essa, porque eles tiveram outras críticas nesse sentido", conta Júlio Ettore.
O jornalista foi diretor da primeira revista de música do Brasil. A revista Somtrês foi lançada em 1979 com Zezé Motta na capa e uma reportagem sobre as músicas censuradas na ditadura militar. O último número chegou nas bancas em 1989.
Suas reportagens na televisão focavam em personagens inusitados. Numa série sobre o Japão, Kubrusly escolheu tratar, entre outros temas, da vida dos presidiários do país — e, assim, se tornou o primeiro jornalista brasileiro a fazer uma matéria num presídio japonês. No "Me Leva, Brasil", também contou histórias como a do homem que aprendeu japonês dormindo e a do caixão especial para mulheres virgens.
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