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Como 'House' inspirou Selton Mello a viver detetive cego em audiossérie

Selton Mello como Caio em 'Sessão de Terapia' Imagem: Helena Barreto

De Splash, em São Paulo

23/08/2023 12h00Atualizada em 23/08/2023 17h24

Selton Mello vive um tipo sherlockiano em seu novo projeto. Trata-se de um detetive particular cego e mal-humorado, determinado a provar que o assassinato de uma jovem influenciadora tem conexões com um famoso serial killer. A grande diferença? Estamos falando de "França e o Labirinto", série totalmente em áudio criada pelo Spotify.

"Quando alguém me diz que é um trabalho relacionado à voz, já é uma coisa que me agrada", revela o ator, em uma mesa redonda com Splash.

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Entrei na dublagem com 12 anos e trabalhei ali até os 22, e foi um período muito rico da minha vida. E, então, li o roteiro e achei o personagem e a história incríveis, e tudo muito interessante de experimentar.

Com 13 episódios, "França e o Labirinto" não é um trabalho de dublagem tradicional. A série é o maior projeto de ficção feito até o momento pelo Spotify no Brasil, e conta com alguns recursos sonoros que ajudam a situar o ouvinte dentro da história e próximo ao protagonista.

O áudio binaural dá a sensação de que podemos nos localizar dentro da história através do som, criando um senso de imersão e uma perspectiva 3D que permitem identificar quais sons estão mais distantes e quais estão mais próximos. O resultado, em termos práticos, casa de forma muito coerente com a proposta de acompanhar a série através da perspectiva de um protagonista cego.

Através da distância dos sons, o ouvinte consegue ter uma noção um pouco mais clara dos ambientes e das pessoas com quem o personagem de Selton, Nelson França, está conversando. O engenheiro de software Lucas Radaelli, homem cego especializado em inclusão e acessibilidade, trabalhou como consultor da série. "Foi um trabalho muito colado nos diretores, porque eles trabalham com isso há 20 anos", explica o ator, sobre a parceria com Alexandre Ottoni e Deive Pazos, Jovem Nerd e Azaghal.

Fiz tudo sozinho no estúdio, então eles iam me localizando e explicando o que iria acontecer. Quando vi o trabalho pronto, fiquei impressionado, porque gravei tudo sozinho, e depois tinha lá a chuva, o cachorro, os outros atores me respondendo. Tenho altas cenas com a Ângela e nunca vi [a atriz de vozes Maíra Góes, dubladora de Dory] na vida.

A comparação com Sherlock Holmes não é por acaso ou apenas por França ser um detetive particular. De poucos amigos e para lá de brilhante, França tem um poder de dedução e uma certa arrogância que se assemelham ao personagem de Sir Arthur Conan Doyle. Através dos sons e dos cheiros, Nelson é capaz de fazer deduções fascinantes que deixam os outros duvidando se ele realmente tem problemas de visão.

Minha contribuição para a criação foi o humor. Já havia o suspense e tudo estavam bem pavimentado, mas eu achava que o personagem precisava ser mais carismático, para as pessoas gostarem dele e acharem ele engraçado. Ele tem umas tiradas muito loucas, meio um Dr. House, e acho que isso foi muito bem-vindo.

"França e o Labirinto"
Estreia: 29 de agosto
Onde ouvir: Spotify

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