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'Puxaram e rasgaram minha roupa': jovem relata pânico em show de Alok

Jéssica Rangel foi agredida em show que aconteceu na orla de Copacabana Imagem: Reprodução; Eduardo Anizelli/Folhapress

De Splash, em São Paulo

29/08/2023 04h00

A recepcionista Jéssica Rangel se planejou por mais de um mês para ir ao show do DJ Alok, no último sábado, em Copacabana, no Rio, mas acabou sendo agredida no evento.

A apresentação foi chamada de "Show do Século" e comemorou o aniversário do DJ e os 100 anos do Copacabana Palace. O evento, no entanto, foi marcado pela violência: houve arrastão, espancamento e dezenas de detidos.

"Entramos, fomos para a orla da praia, chegamos perto do palco e já começamos a notar algumas coisas acontecendo, algumas pessoas passando correndo. Quando deu 21h30, a situação começou a ficar mais pesada", disse, em entrevista a Splash.

Foi nesta hora que ela, que saiu de Cachoeira de Macacu (RJ) com dois amigos para ir ao evento, decidiu ir embora. O único caminho disponível, porém, era uma espécie de corredor, com pessoas agressivas de ambos os lados.

Como eles viram que era um homem com duas mulheres, travaram nosso amigo e vieram para cima de nós duas. Eles tentaram puxar minha bolsa, que estava atravessada no corpo e com a capa de chuva por cima.

Quando conseguiram rasgar a capa que ela vestia e viram que não havia pertences de valor na bolsa, os agressores foram atrás de Jéssica.

Tentei correr, eles me puxaram e rasgaram minha roupa. Me tocando, eles sentiram o celular escondido. Eu estava com um cinto apertado, eles arrebentaram e tentaram abrir meus shorts para pegar o aparelho. Foi assustador.

Jéssica conta que conseguiu segurar o celular, mas recebeu um tapa no rosto que a fez perder os óculos. "Eles me puxaram pela perna para me arrastar", completou. Enquanto isso, o amigo levou dois socos e a amiga teve o aparelho levado, segundo conta.

Ela registrou boletim de ocorrência.

'Não estava com nada aparente'

Jéssica nunca tinha ido a um evento na orla de Copacabana e se surpreendeu com a violência.

Na minha cabeça, arrastão era a pessoa estar dando mole com celular e eles passarem pegando o que está na mão, puxando cordão. Eu não estava com nada aparente. Por isso estava tranquila. Só não sabia que havia esse método de encurralarem as pessoas.
Jéssica Rangel

Pior do que o imaginado

Já a estudante Guilhermina Rabelo, de 25 anos, deixou o celular em casa e acredita que, "se tivesse levado, com certeza teria voltado sem nada".

Acostumada a frequentar eventos na orla, ela acreditava que o show poderia terminar em confusão, mas a situação presenciada por ela, o namorado e um casal de amigos foi pior do que a projetada pelo grupo.

"Chegou uma hora que estava realmente insustentável", contou. Em um vídeo publicado no TikTok, Guilhermina relatou que um grupo de mulheres ao lado dela chegou a usar spray de pimenta na tentativa de se livrar dos ataques.

'Medo era tomar facada'

"Não demorou um minuto para sentir tudo meio tenso. Passavam grupos de dez, vinte, trinta pessoas entre a gente o tempo todo. Eles passavam e todo mundo abria caminho", lembra ela.

A nossa preocupação maior era essa: a gente não foi com nada, até bijuteria nós tiramos. Nosso medo era alguém abordar e a gente acabar tomando uma facada por não ter nada.

Como não conseguia relaxar e curtir o show, o grupo decidiu ir embora. "Era o tempo todo confusão e empurra-empurra. A gente que mora aqui já vivenciou coisas do tipo. Só que, da forma que foi, foi algo de outro mundo", relatou a estudante.

O amigo dela, que já presenciou situações de violência em estádio de futebol, orientou que todos tentassem manter a calma.

"Ele falou: 'Não adianta correr porque forma efeito manada e pode piorar mais a situação'. Poderia alguém cair, ser pisoteado. A melhor coisa era ficar parado e analisar friamente o que estava acontecendo. E foi o que a gente fez."

O que dizem a PM e Alok

A Polícia Militar informou que conduziu cerca de 500 pessoas às delegacias da zona sul carioca durante o show de Alok. Mais de 30 pessoas foram detidas, sendo 17 presos e outros 15 adolescentes apreendidos.

Já o DJ Alok disse que o ocorrido é um "problema de políticas públicas". "É um problema social profundo que a gente vive, e não cabe a mim", comentou Alok, que afirmou ainda que o esquema de segurança do evento foi o mesmo do réveillon em Copacabana.

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