'Soco no estômago': como Faustão ajudou Casagrande em luta contra drogas?
Walter Casagrande, 60, conheceu Faustão, 73, no início dos anos 1980, quando tinha 17 anos. Revelação do Corinthians na época, o atacante se aproximou do então repórter esportivo que acompanhava o clube. Casão falou sobre a amizade com o apresentador em conversa exclusiva com Splash.
O ex-atleta passou por três internações para tratar o vício em drogas. Ele foi ao Domingão do Faustão (Globo) em 2011, pouco tempo após deixar a clínica de reabilitação pela segunda vez. "Foi um quadro em que você conta sua história. As pessoas vão fazendo perguntas e dão depoimentos. Apareceram declarações dos meus quatro filhos naquele dia."
Casagrande destacou a participação do filho mais novo, Symon Casagrande, 30. "Ele deu um depoimento muito chocante. Foi um soco no estômago para mim, mas serviu de um enorme impulso para brigar pela minha recuperação."
Casagrande não viu Faustão durante a reabilitação. "Fiquei isolado. Só depois de seis meses que comecei a ter contato com a minha família, que ia lá me visitar. Eu não podia receber visita de ninguém. Meu tratamento foi muito rígido."
Comentarista da emissora na época, Casagrande também foi ao Altas Horas para conversar com Serginho Groisman. "Precisava ser com pessoas que tivesse afinidade e me sentisse seguro. Sabia que iam me apoiar porque me conheciam há muito tempo."
Casagrande preferiu não ligar para Faustão após internação do apresentador. O ex-comandante do Domingão passou por um transplante de coração no último domingo (27). O ex-atleta diz que acompanha o caso pela imprensa.
Eu não sei qual é a situação real. Eu mando mensagem através do meu Instagram, em que ele e a família podem ver. Agora ligar lá? Não sei se vale a pena ou se vou atrapalhar, incomodar. Qual seria o lado emocional dele ao receber uma ligação?
Papo nos bastidores
Casagrande contou que costumava chegar cedo na Globo durante os domingos de transmissão. Ele passava no camarim de Faustão para bater um papo sobre o que acontecia nos bastidores da emissora. "Lá no início, depois da Copa de 1998, ele me chamava para conversar. Falava: 'Você está bem pra caramba, todo mundo está te elogiando aqui dentro. Continua assim. Você tem que ser direto, não tem que passar pano para ninguém. Tem que dar sua opinião'."
Faustão ligou para Casagrande dias após o comentarista deixar a Globo. "Ele me falou: 'Vou ver aqui na Bandeirantes como funciona. Quem sabe consigo trazer você para cá? Seria sensacional'. Eu falei que estava tudo bem, só queria dar um tempo. Acabava de sair da TV depois de 25 anos, queria ficar um pouco mais tranquilo."
Resenha no Corinthians
Casagrande conheceu Faustão através de Sócrates, também amigo do apresentador. "A gente acabava o treino e ia tomar uma cerveja no Bar da Torre, dentro do Corinthians. Ele não bebia, mas ficava na roda com a gente. Eu e o Magrão ficávamos sentados ali, batendo papo, trocando ideia, e o Faustão sempre estava nessa roda."
Faustão foi um dos mais honestos e confiáveis de todos. Naquela época, a relação entre jogadores e jornalistas era muito próxima. Todo mundo era muito honesto na relação.
Faustão era querido pelo grupo da Democracia Corinthiana, que conquistou o bicampeonato paulista pelo clube em 1982 e 1983. "Eles tinham liberdade para brincar com Faustão, e Faustão tinha liberdade de xingar, de reclamar ou de colocar apelidos em você. Era um cara que, quando vinha te entrevistar no campo, sempre tirava uma onda com a sua cara."
Além de trabalhar como comentarista da Globo por 25 anos, Casagrande defendeu São Paulo, Flamengo e Porto antes de encerrar a carreira como jogador de futebol.