Com humor, Netflix mostra como Charles Manson e outros lideraram seitas
Construa sua base, aumente seu rebanho, molde suas mentes... esses são os primeiros passos de "Como Se Tornar um Líder de Seita" — e a receita do "sucesso" está na Netflix.
A série documental de seis episódios, disponível na plataforma de streaming, é inteiramente narrada por ninguém menos que Peter Dinklage ("Game of Thrones"), e mistura toque de comédia e humor para explorar e tentar desvendar o segredo de figuras como Charles Manson, Jim Jones e outros. Vestida de irreverência, a série investiga o que foi, afinal de contas, que os transformou em líderes de seitas controladoras e que manipulavam tantas pessoas — e, sobretudo, tantas mulheres.
Os toques de humor, que trazem um ar de leveza e frescor à série, fazem com que ela funcione como uma espécie de manual de instruções irônico do que essas figuras faziam para que suas respectivas seitas continuassem existindo —tudo isso acompanhado de imagens de arquivo, entrevistas e até reconstituições em formato de animação.
Nas entrelinhas de tudo isso está escrito o quanto as mulheres são as maiores vítimas de seitas. O fato de o documentário apresentar apenas uma mulher que foi líder (a australiana Anne Hamilton-Byrne), e muito brevemente, ressalta quais são as maiores vulnerabilidades exploradas por tais tipos de organização.
Quais são os casos abordados em 'Como Se Tornar um Líder de Seita'?
Cada um dos episódios traz um líder específico como protagonista, de modo a explorar suas características mais marcantes e explicar como eles, de fato, se tornaram líderes de seitas.
O primeiro episódio traz Charles Manson, provavelmente o líder de seita mais famoso e lembrado dos últimos tempos. Em seguida, no episódio 2, a série faz uma análise de Jim Jones. Líder da seita Templo dos Povos, ele ficou famoso por levar os seus seguidores ao suicídio ou assassinato a massa, assim como o assassinato do congressista Leo Ryan.
No episódio 3 aparece Jaime Gomez, líder do culto Buddahfield. Menos conhecido que os outros, seu episódio é um dos mais interessantes. O grupo liderado por ele ganhou notoriedade entre os anos 80 e 90, e Jaime se considerava um deus para seus seguidores. Os demais membros não podiam ter animais de estimação ou filhos. Mulheres eram forçadas a fazer um aborto, passar por cirurgias plásticas e seguir uma dieta restrita sem açúcar, glúten ou álcool.
Nos episódios finais, aparecem Marshall Applewhite, fundador da seita Heaven's Gate, Shoko Asahara, do grupo denominado Aum Shinrikyo e responsável pelo ataque terrorista com gás sarin no metrô de Tóquio em 1995, e Sun Myung Moon, conhecido como Reverendo Moon.
Caso o espectador esteja buscando algo mais profundo e rico em detalhes, esta não é a melhor escolha de atração. A grande maioria do que é dito nos episódios de "Como Se Tornar um Líder de Seita" são temas já debatidos com mais profundidade em outros documentários.
No entanto, ele ganha em esperteza. A proposta de olhar para um assunto tão debatido, e que se tornou alvo de tantas produções fictícias ou documentais, sob um viés diferente, com pitadas de ironia, funciona e deixa que o espectador tire sarro do absurdo.
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