Terra e Paixão: Lucinda merece muito mais que o canalha do Marino

É brilhante a forma como Walcyr Carrasco tem construído o arco de Lucinda (Débora Falabella) em "Terra e Paixão". Vítima de violência doméstica, a personagem protagoniza grande parte das cenas mais dramáticas e sensíveis da novela. No entanto, uma particularidade na narrativa não me parece muito coerente?

Lucinda vive um verdadeiro ciclo em que é violentada, e pelos mais diferentes motivos, acaba se vendo cercada por Andrade (Ângelo Antônio). E no meio dessa loucura toda, ela começa a desenvolver sentimentos por Marino (Leandro Lima), que também é apaixonado pela dona da pousada de Nova Primavera.

Nas redes sociais, os dois já estão sendo shipados e muitos ficam na expectativa de ver as cenas dos pombinhos a cada capítulo. Mas eu devo dizer que isso é um grande equívoco. Se Marino não viver um arco de redenção até o final, para mim Lucinda não deve nem chegar perto dele.

Eu não sei em que momento as pessoas passaram a ignorar que ele é um delegado corrupto, que se vende por relógios caros dados por Antônio (Tony Ramos). Ou então que ele teve um caso com Graça (Agatha Moreira), enquanto ela ainda estava com Daniel (Johnny Massaro), e não satisfeito a engravidou e rejeitou a possibilidade de assumir a criança.

Não faz sentido para mim colocar expor Lucinda e o filho a um tipo de pessoa que pode ser tão nociva quanto Andrade. Marino diz meia dúzia de palavras e tenta empoderar a personagem dizendo que ela não tem culpa pelas agressões. Mas lá atrás, ele não deixou de ter uma postura machista ao questioná-la quando ela entrou para as aulas de luta.

O futuro dos dois somente Walcyr Carrasco dirá, mas se depender de mim, juntos eles não vão ficar. Prefiro mil vezes ver Lucinda sozinha reconstruindo sua vida, cuidando da sua família e em segurança. Não é à toa o ditado "antes só do que mal acompanhada".

Opinião

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