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Moreira Salles: de onde vem fortuna bilionária de irmãos cineastas?

Os irmãos João, Walter, Fernando e Pedro Moreira Salles apareceram na lista dos dez maiores bilionários do Brasil, segundo a revista Forbes. João e Walter, que dividem o 8º lugar do ranking, acumulam fortunas individuais de R$ 22,1 bilhões. Ambos são cineastas, conhecidos respectivamente por obras como "Notícias de Uma Guerra Particular" (1999) e "Central do Brasil" (1998), entre outras.

Quem é João Moreira Salles?

Produtor, diretor e roteirista, hoje com 61 anos, João fundou ao lado do irmão Walter, 67, a produtora VideoFilmes, em 1987. Embora o propósito inicial fosse produzir documentários para a TV, acabou se tornando parte integral da retomada do cinema brasileiro.

João, que também foi o idealizador da revista Piauí, lançou como diretor documentários importantes para a evolução da linguagem do gênero no Brasil. Além de "Notícias", estão entre os títulos "Entreatos" (2004), "Santiago" (2006) e "No Intenso Agora" (2017). Ele também produziu obras como "Babilônia 2000" (2001) e "Edifício Master" (2002), de Eduardo Coutinho, e "Madame Satã" (2002), de Karim Aïnouz.

Em 2017, fundou junto à esposa, Branca Vianna, o Instituto Serrapilheira. Sem fins lucrativos, o órgão fomenta e divulga pesquisas científicas do Brasil, nas áreas de ciências naturais, ciências da computação e matemática.

Quem é Walter Salles?

O diretor de "Central do Brasil" (1998), "Diários de Motocicleta" (2004) e "Na Estrada" (2012), Walter Salles é um dos principais nomes do cinema brasileiro entre os surgidos nos anos 1990. Junto ao irmão, produziu trabalhos de cineastas como Eduardo Coutinho, Karim Aïnouz, Sérgio Machado e Nelson Pereira dos Santos.

Atualmente, ele está trabalhando em "Ainda Estou Aqui", que conta a história de Eunice Paiva, mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva. O filme tem Fernanda Torres e Fernanda Montenegro dividindo o papel de Eunice, em diferentes momentos de sua vida. Selton Mello vive Marcelo.

De onde vem a fortuna dos irmãos?

Walter e João são filhos do fundador do Unibanco, Walther Moreira Salles, e membros de uma das famílias mais tradicionais de banqueiros do Brasil.

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Em 2008, o Unibanco e o Itaú passaram por uma fusão, da qual saiu o maior banco da América Latina, o Itaú Unibanco. Os quatro irmãos eram acionistas.

Os irmãos ainda herdaram ações na CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), líder mundial na produção e no fornecimento de produtos de nióbio.

Pai investiu na indústria do nióbio. Em 1965, o Almirante Arthur W. Radford, da Marinha estadunidense, convenceu Walther Moreira Salles a investir na produção de nióbio em Minas Gerais. Posteriormente, Moreira Salles, o pai, adquiriu uma parte das ações de Radford. Hoje, a empresa domina 80% do mercado mundial de nióbio.

No ano passado, Fernando e Pedro Moreira Salles compraram as partes de João e Walter na holding que controla a fatia familiar do Itaú Unibanco. Com isso, os dois receberam ações que foram valorizadas na Bolsa de Valores, motivo pelo qual os cineastas ocupam uma posição acima no ranking.

Ultimamente, João se tornou ambientalista. Em entrevista concedida para Ecoa, o documentarista contou detalhes sobre ter fundado uma empresa de reflorestamento para preservar a Amazônia. "Eu sempre fui uma pessoa urbana, sempre morei na cidade. Essa minha sensibilidade maior para a destruição da Amazônia é mais recente. Acho que sou efeito do Bolsonaro (...)."

A indiferença que existe pela floresta, pelo bioma e por todas as criaturas que vivem lá facilita a sua destruição. Aquele território não foi sacralizado, não tem valor na nossa imaginação. É uma questão de cultura mesmo. É claro que se tem grandes escritores de lá, que grandes filmes foram feitos sobre a Amazônia —mas não são obras que se tornaram hegemônicas na nossa imaginação. Não estão no veio central daquilo que nos define como brasileiros.

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"Eu me lembro que entre as muitas tragédias de 2019, houve também a contaminação das praias do Nordeste com óleo. Houve uma comoção nacional porque as praias são algo que nos definem. A gente é um país tropical e praieiro —a praia está na música, na literatura do Jorge Amado, em todo lugar. Mas com a floresta ninguém se importa", completou.

A família mantém ainda o Instituto Moreira Salles, que atualmente está presente em Poços de Caldas (MG), Rio de Janeiro e São Paulo. Dedicado à conservação das artes, o IMS é palco de exposições de artes plásticas, cinema, fotografia e música, além da conservação de acervos e promoção da cultura brasileira.

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