'Era o sorriso mais triste que já vi', diz Isis Valverde sobre Ângela Diniz

Isis Valverde encarou a própria solidão para interpretar a socialite Ângela Diniz no filme "Angela", que protagoniza ao lado de Gabriel Braga Nunes. A trama acompanha os últimos meses de vida da mineira, que foi assassinada pelo próprio namorado, Raul "Doca" Street, em Búzios (RJ), em caso de machismo que ficou marcado na história do Brasil.

Para interpretar a personagem, Isis conversou com pessoas que tiveram contato com Ângela, cujo assassinato ocorreu em 30 de dezembro de 1976. Apesar de a imagem pública dela ser a de uma mulher festeira, popular e que não tinha medo de contravenções, Isis revela que descobriu outra imagem da figura tão emblemática.

O que mais me surpreendeu foi uma expressão que uma pessoa que a conhecia me falou, que me deixou toda arrepiada. Isis, em entrevista a Splash.

A atriz se baseou em registros da época, tanto da cobertura do julgamento quanto da vida de Ângela. No entanto, foi apenas conversando com quem realmente conheceu sua personagem que ela entendeu como deveria se conectar a ela. "Comecei a procurar isso na preparação, e ele me falou que Ângela tinha uns olhos profundos, igual a um poço. E ela era muito envolvente."

"Ela era uma mulher desejante, que tinha desejos e acessava esses desejos. E isso assustava, né? Era muito potente, justamente porque era meio abafado e, com certeza, era sedutor", reflete a atriz, explicando o que ouviu de sua própria fonte.

Ângela Diniz
Ângela Diniz Imagem: Acervo UH/Folhapress

"Ela era uma pessoa muito potente, muito forte. E eu perguntei: 'Tá, e aí?' E aí que você não conseguia tirar o olhar dela. Ela era magnética. E eu achei isso incrível, porque nunca conheci alguém assim. Depois, ele falou que ela era muito sorridente e solar, mesmo nos últimos dias."

Mesmo quando ela foi passando a fase do divórcio, que foi muito agressiva para ela, ela sorria muito. Mas era o sorriso mais triste que eu já vi.
Isis Valverde sobre Ângela Diniz

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Quem foi Ângela Diniz?

Socialite mineira, Ângela Maria Fernandes Diniz tinha 32 anos quando foi morta. Filha de Newton Viana Diniz e Maria do Espírito Santo Fernandes Diniz, ela se casou aos 17 anos com o engenheiro Milton Villas Boas, de 31. O casal teve três filhos e o relacionamento durou nove anos.

O desquite judicial foi algo polêmico, já que o divórcio não era permitido na época. Para consegui-lo, Ângela precisou fazer um acordo e ceder ao ex-marido a guarda dos filhos.

O status de socialite fazia com que Ângela estivesse sempre nas colunas sociais e fosse alvo da mídia. Ela colecionou outras polêmicas, como quando seu caseiro, José Avelino dos Santos, foi morto, e descobriu-se que Ângela tinha um amante.

Sua vida pública era sempre visada pelas colunas, e Ângela não se acanhava de ir a festas e se divertir publicamente. Quando se mudou de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro, começou a namorar o colunista Ibrahim Sued.

Como é o filme?

Dirigido por Hugo Prata e escrito por Duda de Almeida, "Angela" narra a história do momento em que a socialite conheceu Doca, seu futuro assassino, até o momento em que ela é alvejada com quatro tiros.

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Em entrevista a Splash, Hugo explicou de onde veio esta escolha de recorte. "Chamava a atenção que, toda vez que alguém vai falar da morte dela, falava da vida dela, onde nasceu, a família, o casamento aos 17 anos, o desquite... Era comum desconstruir isso para dizer que ela mereceu — e ainda é."

A nós isso não interessou. Ela era uma mulher que tinha o direito de ser o que ela quisesse. Tem essa frase da mãe dela em um vídeo emocionante, indignada no fim do julgamento. Não nos interessa o que ela fez. O fato é que ela conheceu esse cara em agosto e em dezembro ele a matou.

"Angela" chega aos cinemas em 7 de setembro.

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