Kayky Brito tem politrauma e traumatismo craniano; entenda as condições
O ator Kayky Brito, 34, está internado em estado grave após ser atropelado na madrugada de hoje. O acidente ocorreu na avenida Lucio Costa, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
Ele está na CTI (Centro de Terapia Intensiva) e até o momento, não passou por nenhum procedimento cirúrgico. No início da tarde o empresário do ator, Diego Senra, disse que seu quadro era estável e ele faria novos exames.
Stefhany Brito, atriz e irmão do ator, também compartilhou a mesma mensagem que o empresário por meio de sua assessoria de imprensa. "Kayky Brito foi atropelado na noite de ontem na Barra da Tijuca e encontra-se internado no hospital Miguel Couto, com politraumatismo. Ele está no CTI (Centro de Terapia Intensiva), seu quadro é estável e fará novos exames hoje a tarde. Somente após os mesmos teremos novas informações."
Para Splash, a direção do Hospital Municipal Miguel Couto informou que o estado de saúde do ator é grave e que ele teve politraumatismo e traumatismo cranioencefálico.
O que é politraumatismo?
"Politraumatismo é o resultado de múltiplas lesões no corpo causadas por um ou mais fatores externos, sejam eles de natureza física (impacto por um acidente, por exemplo) , química (queimaduras), dentre outros, e que levam a dano de órgãos", explica Daniel Nogueira, médico formado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) que atua como clínico e hematologista no Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Casos podem levar a lesões. O médico intensivista diz que casos de politraumatismo em uma pessoa pode causar lesão em órgãos, além de insuficiência renal, convulsões, fraturas e sangramentos, podendo levar ao óbito.
"A gente define politraumo quando há pelo menos duas lesões graves em duas áreas diferentes do corpo, por exemplo, tórax e abdômen, membros inferiores e tórax", complementa a também intensivista Stephanie Rizk, médica doutoranda da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
"A vítima de politraumatismo deve ser prontamente atendida, pois o atraso pode trazer consequências graves à saúde caso as lesões não sejam controladas e o quadro não possa mais ser revertido", diz Nogueira.
O que é traumatismo cranioencefálico?
O traumatismo craniano é um quadro classificado em três graus diferentes: leve, moderado e grave, de acordo com o impacto que causou o trauma. No caso do mais grave, o risco de morte é iminente, conforme explica Marcelo Valadares, neurocirurgião, médico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e pesquisador da disciplina de neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Tanto traumatismo craniano quanto traumatismo cranioencefálico significam a mesma coisa: "O traumatismo craniano ou cranioencefálico refere-se a qualquer lesão na cabeça causada por um trauma (pancada) que a depender da gravidade pode cursar com alterações leves do estado mental até mais graves. [...] Pode atingir o cérebro, haver sangramentos com formação de coágulos e edema, o que pode deixar a situação ainda mais grave", complementa Stephanie.
"O cérebro é um órgão muito sensível, por isso um traumatismo craniano pode levar a morte cerebral. Isso é comum em acidentes de trânsito graves envolvendo motos, quando a pessoa é arremessada, atropelamentos, coisas que geram grande impacto e energia na cabeça, porque o cérebro não é feito para suportar isso", explica Valadares.
Traumatismo leve. Um traumatismo leve ocorre, por exemplo, quando uma pessoa cai, bate a cabeça ou leva uma bolada, mas não perde a consciência, não lesiona o cérebro e fica tudo bem.
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Quero receber"Se não desmaiou, a gente sabe que se trata de um caso leve, que não quebrou e não sangrou nada. Então, não haverá qualquer problema", diz Valadares.
Já em casos moderados e graves, há sempre a perda da consciência, um claro indicativo de que o cérebro foi lesionado. Algumas situações são comuns nesses quadros como fratura no crânio, lacerações ou cortes na pele e sangramentos (fora ou dentro do cérebro, dentro do crânio, debaixo da pele). A definição do grau de uma lesão depende da avaliação neurológica do paciente.
Como é feito o tratamento?
O paciente que sobrevive a um traumatismo craniano grave deve seguir com o tratamento junto a fisioterapeutas e fonoaudiólogas, por exemplo, entre outros especialistas, de acordo com suas necessidades individuais.
Recuperação. Vale dizer que o paciente pode se recuperar completamente, ou, parcialmente, mas, nesse caso, ele pode ficar com as mais variadas sequelas.
Como ficam as sequelas? Valadares lembra, no entanto, que as sequelas, em si, só podem ser diagnosticadas depois de um ano do trauma, pois, durante esse período, ainda é possível que o cérebro se recupere.
"A partir do momento que nós achamos que aquela lesão não vai mais se recuperar, daí sim chamamos de sequela, já que é inoperável", diz Valadares, ressaltando que durante os primeiros dias, semanas e até meses não é possível afirmar como o paciente vai ficar após o trauma.
Sempre é necessário fazer uma cirurgia?
Não. O paciente é operado em casos de traumatismo em situações específicas como: Fraturas complexas que precisam ser corrigidas. Quando há sangramentos graves que se não forem removidos podem levar à morte (sendo esse o motivo mais comum para a cirurgia); E ainda para implantar monitores de pressão, que monitoram inchaços na região nos dias seguintes.
"A maior parte dos pacientes que têm traumatismo craniano grave têm sangramentos dentro do crânio ou do cérebro. Esses são casos que precisam de operação e, às vezes, o paciente fica em coma induzido, ou não, por alguns dias em uma UTI", descreveu Valadares.
Quais as possíveis sequelas de um traumatismo craniano?
Não sair do coma: isso ocorre quando a pessoa tem tantas lesões cerebrais que não consegue mais recobrar a consciência;
Sequelas físicas: há casos em que ela recupera a consciência, mas não consegue falar, se movimentar adequadamente ou se alimentar;
Sequelas cognitivas: dificuldade de memória e raciocínio.
Para Valadares, é difícil — não impossível — um paciente ter uma grave lesão cerebral e não ficar com nenhuma sequela: "O paciente que tem um traumatismo craniano grave, muitas vezes, sofre com algum tipo de sequela, seja ela motora ou cognitiva. E, às vezes, ele nunca se recupera completamente", diz.
Valadares cita, ainda, outro ponto importante: há casos em que o traumatismo é leve, mas acontece de forma tão recorrente que, com o tempo, o cérebro é lesionado e as sequelas acabam surgindo.
"Boxeadores, por exemplo, que levam pancada na cabeça o tempo todo, muitas pessoas, mesmo que nunca tenham desmaiado, acumulam lesões tão pequenas no cérebro que com o passar dos anos acabam tendo problemas. Isso é muito frequente", alerta Valadares.
Vale dizer que o traumatismo cranioencefálico é considerado a maior causa de morte e incapacidade em todo mundo, principalmente entre adultos jovens, de acordo com uma revisão de estudos. No Brasil, estima-se que mais de um milhão de pessoas vivam com sequelas neurológicas decorrentes do quadro.
*Com informações publicadas em reportagem de VivaBem em 01/04/2022
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