Fila, furor por autores gringos, 'Ken da Shopee': o fim de semana da Bienal
Após estreia tranquila na sexta-feira, a 40ª Bienal do Livro Rio teve bastante fila e muitos gritos no primeiro final de semana do evento — que vai até o dia 10 de setembro. Boa parte dessa histeria se deu pela presença das autoras internacionais Julia Quinn, Holly Black e Cassandra Clare.
Quinn, em conversa com Splash, disse estar feliz pela receptividade do público brasileiro. No sábado, ela participou de um baile com fãs, enquanto no domingo recebeu uma homenagem pelos mais de três milhões de livros vendidos no país.
Nós tínhamos esse baile ontem à noite. Foi louco. As pessoas gritavam... Mandei um vídeo para a minha família e recebi muitos emojis. Era muita gente. Elas gritavam. Foi divertido.
Julia Quinn
A produtora audiovisual Maria Luísa, 23, viajou de Caxias do Sul (RS) ao Rio de Janeiro somente para ver a autora da saga "Os Bridgertons". Ela esteve acompanha pela mãe, Edivania Ramos, 52. "Dois dias que não dorme de ansiedade", entregou a servidora pública.
"'Os Segredos de Colin Bridgerton' é meu livro favorito da vida. Perdi a formatura de um parente próximo, tive que sair mais cedo do aniversário de uma tia-avó de 80 anos para poder pegar o voo e chegar ontem de noite. Fiquei na fila desde as 9h30 até 12h, consegui pulseira para o painel, sentei num lugar bom, deu pra ver a Julia de perto, só faltou o autógrafo. Ela é muito fofa", disse a jovem a Splash.
Mas não se engane: autores nacionais também dividiram os holofotes com os gringos no fim de semana. No domingo, Rafael Montes atraiu uma fila imensa para seu painel. E há autores independentes que estão atrás do próprio espaço — e se viram como podem em meio a multidão nos pavilhões do Riocentro.
A escritora Dresa Guerra, 36, teve a ideia de usar a plaquinha "Abrace um autor nacional" para chamar atenção. "Eu sou autora independente. Essa plaquinha surgiu na minha primeira Bienal, em 2017, porque tinha medo de ninguém aparecer no meu lançamento. As pessoas param pra ler, me dão abraco: é o momento ideal para divulgar meu livro. Tem dado certo, porque todo evento que vou, eu vendo bastante livro", disse a artista a Splash.
Ela divulgava a obra "O livro que eu nunca escrevi", que fala sobre um escritor que se apaixona por uma fã. "Ele é muito focado em trabalho. Quando ele se apaixona, ele descobre que precisa viver o tempo que a gente tem. Não sabemos se temos o amanhã", explicou.
Esse fim de semana pop atraiu uma multidão de amantes da leitura. Em alguns momentos, era difícil transitar pelos espaços, assim como sentar para comer na praça de alimentação.
"Para comer, era um desafio, tinha que ter paciência. Depois da hora do almoço, circular nos estandes e ter a experiência de ler a sinopse do livro era quase impossível, porque os estandes, principalmente das marcas mais famosas, estavam com filas quilométricas. Olhar os estandes já fazia você ter uma relutância de entrar ali, às vezes, até você desistia", comenta a historiadora Lia Castanho, 26, que foi à Bienal com a mãe, a alfabetizadora Andréa Castanho, 57.
Cosplays
Era fácil encontrar pessoas fantasiadas pelos pavilhões do Riocentro. Pequenas filas se formavam para tirar fotos com cosplays independentes ou nos estandes das editoras. Em uma delas, pessoas aguardavam 30 minutos para garantir o registro ao lado de personagens de Harry Potter.
O maranhense radicado no Rio Mauricio Batalha, 26, decidiu fazer cosplay do personagem Ken. No papo com Splash, ele disse que demorou uma semana para customizar a jaqueta, mas afirmou que valeu a pena porque o retorno do público foi positivo: muitos pedidos para fotos e falar "Hi, Barbie", além de brincadeiras. Houve quem o chamasse de "Ken da Shopee".
"Cresci vendo 'Barbie' por causa da minha irmã mais nova. Acabei sendo influenciado por ela e pelo universo do desenho. Essa nostalgia e engajamento em torno do filme me fez ter vontade de me trajar de Ken. Todo mundo adora o Ken, por incrível que pareça... Uma ou outra pessoa brincou sobre ser o 'Ken da Shopee', mas é tudo na brincadeira. Tenho recebido elogios".
Este domingo reservaria ainda um concurso de cosplays dos personagens de Cassandra Clare e Holly Black, com a presença das autoras. A estudante de Medicina Natália Kishimoto, 24, levou 5h30 para ficar parecida com a Oriana do livro "O Príncipe Cruel". Ela saiu de Juiz de Fora (MG) somente para participar do concurso e se aproximar da autora norte-americana.
Sou viciada em livro desde que era criança por conta do mundo de fantasia. Conheci a Holly Black em 2011 e sempre gostei do mundo de fadas. A trilogia do 'Príncipe Cruel' une tudo o que sempre gostei. Sou autista e meu hiperfoco é meu mundo de fantasia.
Natália Kishimoto
Já o estudante Pedro Afonso, 17, estudante, morador de Nilópolis, na Baixada Fluminense, escolheu se fantasiar de Magnus Bane por influência da mãe, que trabalha com livros e gosta da autora Cassandra Clare.
"Ela sempre me arrasta para todas as Bienais. O Magnus Bane é da saga "Instrumentos Mortais", a favorita da minha mãe. Também gosto. Vim baseado nas roupas e personalidade dele: unha pintada e todo de roxo. Estamos num hotel desde ontem e vamos embora amanhã".