Ney Matogrosso canta no The Town e não mexe em time que está ganhando

Ney Matogrosso não se reinventou para o The Town. O show que ele levou ao palco The One do festival é praticamente o setlist que apresenta pelo país em sua turnê "Bloco na Rua". E a tradução para essa estratégia é a velha história de não mexer em time que está ganhando.

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Aos 82 anos, está impecável nessa excursão, dedicando o repertório a seus queridos de muitas décadas, como, entre outros Chico Buarque, Raul Seixas, Fagner, Itamar Assumpção e Rita Lee. Estes dois últimos com duas canções no setlist: "Já Sei" e "Já Que Tem Que", de Itamar, e "Jardins da Babilônia" e "Corista de Rock", de Rita.

Quando se fala nos favoritos de Ney, na verdade uma fatia importantíssima da MPB está nesse corte. O show teve hinos como "Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua", de Sérgio Sampaio, "Pavão Mysteriozo", de Ednardo, "Iolanda", de Chico Buarque e Pablo Milanês, e "A Maçã", de Raul Seixas e Paulo Coelho. Em cada canção dessas, Ney traz as interpretações com sua impressão digital, em versões que transmitem carinho e respeito pelos originais, mas sempre mudando algo aqui ou ali.

Ontem, Ney fez uma participação mínima num evento rápido que serviu de "abertura oficial" do The Town, Entre duas sessões grandiosas de fogos, ele subiu ao palco para penas uma canção, "América do Sul". E o motivo foi sentimental para a família Medina, criadora do Rock in Rio e do The Town. Em 1985, na edição inaugural do festival carioca, Ney abriu a apresentação na noite de estreia justamente com essa canção, que foi seu primeiro sucesso solo depois do fim do Secos & Molhados.

Se no sábado ele pareceu um pouco contido e talvez nervoso entre os ruidosos fogos, neste domingo ele cantou tranquilo, alegre, muito comunicativo com a plateia.

Esse Ney descontraído no palco se permitiu até a subversão de um dos maiores hits de sua banda seminal, Secos & Molhados, ao cantar uma versão dançante da politizada "Sangue Latino". Depois, brincou que o show deveria acabar ali, mas retornou e cantou com largo sorriso "Poema", sua canção favorita entre as escritas por Cazuza. Para fechar, apostou em mais uma dose de bom humor ao retomar um de seus sucessos mais populares, "Homem com H".

Recebeu uma saudação consagradora da plateia, logo ele, que, no Rock in Rio de 1985, chegou a ser hostilizado por parte da plateia roqueira, por ser, digamos, "MPB demais". Ney Matogrosso é mesmo uma das vozes definitivas da MPB.

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