Vale a pena? Todas as Flores na Globo é bomba irresistível para desavisados
Sabe quando você experimenta algo que não é exatamente gostoso, mas não consegue parar de comer?! Assim eu definiria a jornada que é acompanhar "Todas as Flores", novela de João Emanuel Carneiro para o Globoplay, que estreia em rede nacional nesta segunda-feira (4).
A obra é um marco para a emissora, a primeira produzida especialmente para o streaming - mesmo que tenha sido resultado de uma série de eventos inesperados. Depois de colecionar muitos feitos com a audiência e repercussão nas redes sociais, agora a Globo quer repetir o sucesso com quem não é assinante da plataforma ou simplesmente não assistiu ainda.
Bom amigo que sou de vocês, venho avisar que entrar nessa enrascada é para os fortes. Aquele noveleiro raiz que segura o rojão e vai até o fim para saber como a história termina. E não me levem a mal! João Emanuel Carneiro é um gênio e, mesmo em "Todas as Flores", conseguiu fazer história.
E eu posso explicar. Com 85 capítulos ao todo, a novela foi dividida em duas fases no streaming. A primeira é sublime e apaixonante, elenco de milhões, boas atuações, trama envolvente e muitas cenas com potencial viral.
É ali que você se apaixona de cara por personagens como Mauritânia (Thalita Carauta), sofre com o drama de Diego (Nicolas Prattes) e fica fascinado com as maldades de Vanessa (Letícia Colin) e Zoé (Regina Casé).
Inclusive, a dupla de mãe e filha para mim já tem lugar consolidado no rol de vilãs carismáticas e icônicas. O trabalho de atuação dispensa comentários, combinado com um texto que vai do puro sarcasmo às ofensas de mil minorias diferentes, é um verdadeiro deleite. Me arrisco a dizer que foi o grande trunfo de salvação na trama.
E não foi missão fácil para essas duas. A segunda fase deveria se chamar "Todas as Ervas Daninhas". A quantidade de furos deixados na história é de chorar. Não vou entregar spoilers, mas chega num ponto que fica impossível referir-se à Maíra (Sophie Charlotte) pelo nome e não outros adjetivos poucos gentis.
Praticamente um MacGyver, a perfumista faz coisas que até Deus duvida. E nem me peça pra falar do sonso do Rafael (Humberto Carrão), o núcleo cômico repleto de estereótipos pavorosos, e o esvaziamento completo no arco de personagens que caíram nas graças do público.
Uma rápida pesquisa por aí e você consegue captar que o desfecho não foi muito bem recebido. Mas na falta do que assistir ou preguiça de procurar algo melhor antes de dormir, a novela também não é má opção. Rende bastante assunto pra reclamar no Twitter e na mesa de bar com os amigos. Só não vale reclamar que eu não avisei.
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