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Defesa não comenta motivo de agressão a Victor Meyniel, mas nega homofobia

A defesa de Yuri de Moura, preso em flagrante após espancar com socos o ator Victor Meyniel, não comenta o motivo do crime cometido na madrugada do último domingo. Na segunda-feira (4), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) determinou, por meio de audiência de custódia, a conversão da prisão para preventiva.

Na sentença, obtida por Splash, o juiz de direito Bruno Rodrigues Pinto afirma que Yuri já foi casado com outro homem, mas que isso não o impede de cometer injúria por homofobia. "Importante registrar que, embora custodiado já tenha sido casado com outro homem e possua interesse em pessoas do mesmo sexo, tais fatos não impedem que ele tenha praticado o delito de lesão contra a vítima e a injuriado por homofobia."

Em contato com Splash, o advogado Lucas Oliveira diz que as agressões não se deram em razão da orientação sexual do Yuri ou do Victor. Ainda afirma que o agressor sempre foi seguro de sua sexualidade e que nunca omitiu ser gay a familiares, amigos, colegas de faculdade e porteiro, portanto, não cometeu injúria, "que ocorre quando a pessoa tem a intenção de ofender a honra de outra."

Segundo a advogada Maíra Fernandes, que representa a vítima, Yuri convidou Victor para seu apartamento após se conhecerem em boate. Ele disse que dividia a casa com uma amiga e que o local estaria vazio porque ela estaria de plantão, no entanto, foi pego de surpresa pela chegada dela. Na sequência, os dois desceram por elevadores diferentes e se encontram na portaria. Neste momento, Victor teria perguntado o que ocasionou a mudança de comportamento de Yuri: 'O que aconteceu, ninguém sabe que você é gay?'. Este teria sido o questionamento que ocasionou as agressões.

A defesa de Yuri confirma que os dois foram juntos a casa do agressor, onde beberam, conversaram e se beijaram, mas nega que o estudante de medicina tenha se transformado com a chegada da amiga que divide o mesmo apartamento, por volta das 7h30. "Em momento nenhum a chegada da outra moradora fez o Yuri se tornar agressivo, até porque Yuri havia informado a ela que estava bebendo em casa com o Victor, tendo solicitado a abertura de um vinho que a ela pertencia, inclusive."

Defesa refuta decisão judicial

Na decisão judicial, a qual Splash teve acesso, o juiz disse haver fortes indícios de que o delito foi cometido por motivo fútil e que Yuri apresenta perigo à vítima pela gravidade da agressão, por isso, manteve a prisão. "A violência contra a vítima foi tanta que o caso obteve grande repercussão e comoção social, principalmente após a divulgação de um vídeo obtido das câmeras de segurança do prédio onde o custodiado reside, o qual revela toda a ação do custodiado contra a vítima (...) Infere-se, portanto, que a extrema violência praticada pelo custodiado contra a vítima se deu, em tese, por questões ligadas à orientação sexual, atitudes que precisam ser impreterivelmente repudiadas."

Além de alegar que não houve ofensa em razão da identidade sexual, a defesa de Yuri, que não comenta o motivo das agressões mostradas em vídeo, quer provar que ele pode aguardar julgamento em liberdade por não oferecer perigo a ordem pública, nem à vítima por ser "primário, sem nenhum antecedente criminal, com residência fixa bem longe da casa e do dia-a-dia do Victor, a véspera de concluir a faculdade de medicina, em internato médico na aeronáutica".

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A defesa de Yuri ainda pontua que em nenhum momento afirmou que a identidade sexual do agressor ou seu casamento passado de dez anos impossibilitaria a prática de homofobia. A fala foi feita para "demonstrar o quão absurdo era afirmar que o Yuri teria 'vergonha' de sua sexualidade homoafetiva... Além disso, a insatisfação quanto a revelação ou não da sexualidade de Yuri era ponto central do caso, foi citado pelo Ministério Público e obviamente pelo Juízo o que obriga também a defesa o fazer."

Yuri pode ser condenado a 15 anos de prisão

Ele é acusado de injúria por preconceito, lesão corporal e falsidade ideológica. A pena de injúria é de 2 a 5 anos e multa. Por falsidade ideológica, delito que teria cometido ao mentir dizendo que era médico da aeronáutica, a pena é de 1 a 5 anos. Já a pena de lesão corporal depende da gravidade: caso seja considerada uma lesão leve, a pena é de 3 meses a 1 ano de detenção. Caso a lesão seja grave, a pena aumenta para entre 1 e 5 anos de reclusão.

Porteiro também foi autuado

Nas imagens das câmeras, é possível ver o porteiro, Gilmar José Agostini, sentado e bebendo o que seria um copo de café, enquanto Yuri desferia uma sequência de socos em Victor. Por isso, foi autuado pela autoridade policial por omissão de socorro.

Ele levou cerca de dois minutos para levantar o ator Victor Meyniel do chão após o fim das agressões do estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre. Splash teve acesso ao vídeo.

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Victor agradece apoio

O ator usou as redes sociais para agradecer as mensagens de apoio recebidas após ser agredido. "Queria agradecer todas as mensagens que tenho recebido de carinho e apoio nesse momento e dizer que está tudo bem na medida do possível, me recuperando física e emocionalmente com uma rede de apoio infinita. Ontem foi um dia de um novo ciclo pra mim e aproveitei para me cercar de pessoas queridas e de muito amor!".

A justiça será feita, nada sairá impune.
Victor Meyniel

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