Terra e Paixão dá aula do que não fazer em casos como o de Petra
Olha, eu aprendi a gostar muito da novela das 21h, mas às vezes acontecem coisas que arrepiam até a alma e dá vontade de jogar a toalha. Os capítulos que desenvolveram o arco sobre o abuso sofrido por Petra (Débora Ozório) na infância são pra chorar… de raiva!
Depois de passar tanto tempo praticamente como uma figurante, a personagem ganhou destaque com a chegada de Hélio (Rafa Vitti) e a revelação que ela foi abusada na infância. Oportunidade de ouro para abordar a temática e fazer uma bela campanha de conscientização na sociedade, certo?
Bom, o gancho para entrar na narrativa já foi um tanto quanto apressado, já que veio depois de uma crise da agrônoma dirigindo. Do nada, todo mundo se preocupou com o bem-estar dela a ponto de Caio (Cauã Reymond) e Luigi (Rainer Cadete) irem interrogar Hélio.
A partir daí, foi uma sequência de equívocos sobre como lidar com esse tipo de situação. Começando pelo fato do engenheiro ter exposto o segredo de Petra sem autorização. Mas a cereja do bolo ficou com a verdadeira inquisição que a jovem sofreu cercada pelos pais, o marido e o irmão.
Com a delicadeza de um touro, Antônio (Tony Ramos) já chegou questionando a filha quem tinha sido o responsável pelo abuso. E é até compreensível o contexto ali de pessoas que não têm desconstrução/conhecimento suficiente sobre como lidar com isso.
Mas poxa vida, certas coisas vão além e passam por um lugar de sensibilidade que dispensa saber qual o 'passo-a-passo'. Para início de conversa, a presença de Caio e Luigi ali era completamente dispensável. E antes de exigir mil respostas, talvez fosse mais importante acolher Petra, fazê-la se sentir amada e protegida para depois contar que o maior segredo dela já era de conhecimento deles todos.
Ao priorizar a narrativa fictícia em que os personagens estão inseridos, "Terra e Paixão" parece até diminuir a gravidade que é esse tipo de crime e o impacto na vida da vítima. Novela das 21h tem uma certa importância que outras não têm, e a história da teledramaturgia confirma isso. Tratar pautas desse tipo com tal superficialidade é praticamente uma autossabotagem da própria evolução que a trama tinha alcançado até aqui.
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