OPINIÃO
Terra e Paixão precisa tratar Tadeu como o assediador que ele é
Lucas Rocha
De UOL em São Paulo
06/09/2023 08h00
Conforme "Terra e Paixão" desenvolve seus personagens, me parece urgente que algumas adaptações sejam feitas para retratar corretamente o que eles representam. Tadeu (Claudio Gabriel), por exemplo, passou da hora de deixar o lado cômico para trás.
A obsessão do presidente da cooperativa para descobrir quem é a dominatrix Rainha Delícia, vulgo Anely (Tata Werneck), ultrapassou um limite que não permite mais ele ser tratado com humor.
Antes de finalmente ficar sabendo quem era a camgirl, Tadeu chegou a atacar Petra (Débora Ozório), acreditando que ela era a bendita modelo. A situação foi contornada e amenizada, mas ali já era bastante problemático.
Se a filha de Antônio (Tony Ramos) fosse a dominatrix, ele então iria abusar dela de qualquer maneira?! A impressão que se tem é que o personagem além de obcecado, não tem qualquer tipo de limite para conseguir o que quer. Sequer mede consequências.
Não à toa, mesmo com alertas de seu gerente de banco, ele continuou fazendo as transferências bancárias para Anely. Sem falar que o pai de Graça (Agatha Moreira) infernizou a vida dos executivos do site pornográfico até descobrir a identidade da dominatrix, algo completamente surreal, diga-se de passagem.
De agora em diante, muito provavelmente ele irá perseguir Anely loucamente. Já nesta terça-feira (5), ele invadiu a casa da personagem. E aqui fica a pergunta: qual a graça? Isso é assédio. É crime.
A irmã de Lucinda (Débora Falabella) mantinha a identidade oculta por um motivo, e agora sem ter para onde correr pode se tornar vítima de chantagens e outras coisas.
Walcyr Carrasco tem uma chance preciosa para abordar a romantização da produção de conteúdo adulto, que se tornou fortemente divulgada por famosos, influencers, etc. Tal estilo de vida pode ter consequências graves para pessoas comuns em situação vulnerável. Para seguir nessa pauta, o autor precisa perceber que ela não tem graça nenhuma.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL