Atração do The Town, inglesa Jesuton foi descoberta por Huck nas ruas do RJ

A primeira edição do The Town marca o retorno da cantora inglesa Jesuton ao Brasil, país que a artista chama de casa — ainda que resida atualmente em Lisboa, capital de Portugal. Ela se apresenta no domingo (10) ao lado da São Paulo Big Band, uma banda formada por 19 instrumentistas, na São Paulo Square.

Será uma homenagem a Erykah Badu e Sade, dois ícones do soul e do jazz. "O conceito da São Paulo Square é homenagear artistas grandes do jazz, divas. Cresci com tantas referências, foi um desafio escolhê-las. Essas duas artistas lutaram tanto e têm tudo a ver com minha trajetória... E eu adoro cantar com muita gente em cima do palco, orque estamos falando sobre vibrações. Quanto mais gente, mais vibração."

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Filha de mãe jamaicana e pai nigeriano, a história de Jesuton com o Brasil começa lá em 2012, ano em que chegou ao Rio de Janeiro pela primeira vez — o lugar que se tornou seu lar por anos. Após deixar um "ótimo" trabalho na Inglaterra, em uma organização que lutava pelos direitos de trabalhadores públicos, ela decidiu aceitar um "chamado interno" e se aventurar no Brasil.

Não escolhi o Brasil, o Brasil me escolheu. Porque realmente eu não tinha base, não tinha familiares, não tinha ido ao Brasil ainda.
Jesuton

Jesuton cantava pelas ruas do centro e da Zona Sul do Rio de Janeiro. Foi assim que viralizou na internet. No vídeo, ela cantava Amy Winehouse. A performance chamou a atenção do apresentador Luciano Huck, que a levou para o Caldeirão do Huck. Era o que Jesuton precisava para despontar.

"Quando eu conheci Luciano, por mais que ele me falasse quem ele era, eu não tinha noção. Fui descobrindo tudo na prática... Mas, naquela época, percebi naquela época que a minha música importa. Que as pessoas querem ouvir o que eu tenho para cantar."

Jesuton no Programa do Jô em 2012
Jesuton no Programa do Jô em 2012 Imagem: Reprodução/Globo

Depois, vieram participações em outros programas da Globo — ela sentou até no sofá do Programa do Jô. Também assinou um contrato com a Som Livre, onde gravou três discos: "Encontros" (2012), "Show Me Your Soul - Ao Vivo" (2014) e o autoral "Home" (2017), o qual serviu para resgatar as vivências daquela menina preta que cresceu em Londres nas décadas de 80 e 90. Fez shows pelo país afora, incluindo em festivais como Rock in Rio, nos anos de 2013 e 2019, Festival de Verão de Salvador, em 2013, e Lollapalooza, em 2018.

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"Viajei bastante na América Latina, mas eu sempre senti que tinha que passar um tempo maior no Brasil... Falei: 'ok, beleza, vamos experimentar'. Larguei um ótimo trabalho em Londres, com a certeza de que essa mensagem essa chamada era autêntica. Tanto que em pouquíssimos meses, o Brasil começou a me retribuir."

Jesuton se mudou do Brasil para Portugal em 2018 ao sentir que precisava "buscar espaço e mudar o entorno para ir mais fundo" e criar novos projetos. Apesar da troca de país, ela sempre deu um jeitinho de visitar o Brasil, principalmente antes da pandemia da covid-19, que fechou aeroportos em março de 2020 durante meses.

"Sou apaixonada pelo Brasil. Quero chegar junto para criar e contribuir também. Porque tem muita gente incrível, mas acho precisa avançar também: os direitos das pessoas indígenas, das pessoas pretas, sabe. Agora é o momento para entender que o Brasil não é nada sem as pessoas que querem colocar nas margens. Meu próximo trabalho está começando realmente a colocar essas exigências e necessidades básicas no plano principal."

Show de Jesuton no Lollapalooza Brasil 2018
Show de Jesuton no Lollapalooza Brasil 2018 Imagem: Mila Maluhy/Divulgação

Próximo passo: um projeto em português

Jesuton lançou recentemente sua primeira música em português, "Florescer", seu "filho de pandemia", época em que viveu no sul de Portugal. A faixa faz parte do EP "Bloom", que ainda traz outros dois poemas autorais. A Splash, ela conta com exclusividade que chegou a hora de soltar mais a voz em português. Empolgada, agora, ela se sente mais confortável por saber "o peso e a leveza das palavras".

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"O português é uma língua incrível, mas uma das mais difíceis do mundo. Então, precisa de um tempo para sentir que a língua também é minha. Deixei esse tempo passar... Nesse tempo, estava querendo me sentir mais confiante sobre a minha relação com a língua e desenvolver o que é, de fato, esse próximo projeto. Sinto que cheguei nesse momento. Vai ter algumas coisas em inglês, mas vai ser meu primeiro projeto que está 100% em português."

Vai ser uma grande novidade para Jesuton, que acha impressionante ter feito "relações profundas" no Brasil mesmo cantando em outro idioma. O novo álbum deve chegar às plataformas digitais em 2024, e ela garante: "Vai ser bem diferente do 'Home'. Isso é bom. Não fujo da diferença, sabe? Eu acho que alimenta bastante coisa."

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