OPINIÃO
Com show apoteótico, Ludmilla merecia ser atração principal do The Town
Ludmilla, 28, abriu os trabalhos do palco Skyline no terceiro dia do The Town e provou que merecia ser headliner do festival, ou seja, ser a última a se apresentar no "irmão do Rock in Rio". Apesar de começar cedo, pontualmente às 16h05, o show reuniu visualmente grande número de fãs à frente do Skyline, palco principal do evento.
Lud não poupou esforços para fazer show de atração principal. Foram R$ 3 milhões de investimento e mais de 150 horas de ensaios. Logo na abertura, a funkeira desceu de um cofre dourado até "pousar" no palco, em seguida, performou ao lado de mais de 30 bailarinos e cantou os principais sucessos ao londo de uma hora.
Outra novidade foi ter assumido o comando das câmeras de transmissão. Em alguns momentos, parecia que você assistia ao show de cima do palco devido aos jogos de câmera. É uma estraégia similar a usada por Rosalía e Beyoncé em suas performances ao redor do mundo.
Ter Lud no meio da tarde diminuiu o impacto do grandioso show pensado pela artista. Os jogos de luzes causariam maior impacto se a apresentação acontecesse após o pôr do sol. Além disso, se o show fosse realizado no horário principal, lá por volta das 23h, poderia reunir maior público. Cerca de 100 mil pessoas compraram o ingresso para o festival, mas nem todo mundo consegue chegar às 4 da tarde, verdade?
O The Town, que já nasceu grandioso, sem dúvidas, segue a lógica do irmão carioca: artistas brasileiros abrem o palco principal, enquanto os gringos são responsáveis por fechar a noite e, consequentemente, ter os melhores horários. Show de Lud mostra que essa regra pode — e deve — ser quebrada quando vale à pena. É uma forma de valorizar, também, os talentos nacionais, em especial, uma artista negra, periférica e que emergiu pelo funk, estilo musical que já foi tão marginalizado.
Ludmilla merecia ser headliner. Ela sabe disso. E o público que tomou a frente do palco Skyline às 4 da tarde também.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL