OPINIÃO
'Fuzuê' acelera o ritmo e pode cair no fundo do poço de vez
Lucas Rocha
De UOL em São Paulo
13/09/2023 17h10
Eu costumo falar que assistir a uma novela do início ao fim é sempre uma montanha-russa de emoções. Eventualmente aparecem algumas que mais parecem um carrossel: puro tédio e rodando no mesmo lugar. Adianto que esse não é o caso de "Fuzuê", mas ela definitivamente não está no ponto mais empolgante de seu percurso também.
E o mais interessante é que a trama de Gustavo Reiz mudou com muita rapidez. Já elogiei a produção por aqui algumas vezes, acho uma novela boa, mas tem alguma coisa que está saindo dos trilhos.
"Fuzuê" tem servido capítulos com tanta informação que mal dá pra pegar o celular e postar algo no antigo Twitter. Você tira o olho da TV e já surgiram mil chaves novas, esconderijo, mapa e mais outras várias cenas confusas de Cata Ouro (Hilton Cobra).
Apesar de já ter me rendido ao enredo da caça ao tesouro e o sumiço de Maria Navalha (Olívia Araújo), tinha alertado sobre os perigos das coisas ficarem confusas demais - ou até infantis. Entendo o autor querer fazer uma trama longe de gatilhos, mas também não precisa complicar a vida de quem só quer assistir a uma novelinha boa enquanto prepara o jantar.
Não à toa, Reiz começou a acelerar a trama, provavelmente uma medida necessária para conter a queda nos números da audiência. Em breve Maria Navalha ressurgirá das cinzas e Cláudio (Douglas Silva) já até encontrou a primeira peça do tesouro.
Eu gosto de imaginar que deixando esses dois pontos para trás sobraria espaço para explorar outros pontos positivos na história. A química irresistível de Francisco (Michel Joelsas) e Soraya (Heslaine Vieira), o drama familiar e amoroso de Bebel (Lilia Cabral) e até mesmo todo o potencial de Luna (Giovana Cordeiro), são algumas das coisas que gostaria de ver ganhar mais tempo de tela.
Meu receio agora é que ao apressar as coisas, "Fuzuê" fique sem muitas cartas na manga. Com isso, vai acabar pesando a mão ainda mais em elementos confusos e lúdicos demais. É nesses momentos que começam a surgir robôs aleatórios que viram piada nas redes sociais. Se eu pudesse dar um conselho, que obviamente ninguém pediu, menos é mais é o caminho.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL