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Morre aos 91 anos o artista colombiano Fernando Botero

Morreu hoje aos 91 anos o artista colombiano Fernando Botero. Pintor, escultor e cartunista, ele estava em sua casa em Mônaco, segundo informam os jornais El País e El Tiempo e a W Radio. De acordo com fontes da imprensa internacional, Botero apresentava problemas de saúde e passou alguns dias internado em um hospital por conta de uma pneumonia, mas pediu para ser transferido e ir para casa nos últimos dias.

Nas redes sociais, o presidente colombiano Gustavo Petro lamentou a morte de Botero e exaltou sua importância para as artes e para o país: "Morreu Fernando Botero, o pintor das nossas tradições e defeitos, o pintor das nossas virtudes. O pintor da nossa violência e paz. Da pomba rejeitada mil vezes e mil vezes colocada em seu trono."

Conhecido por seu próprio estilo de pintura, o Boterismo, Fernando Botero ficou famoso por suas artes que funcionam como críticas sociais, sobretudo a respeito da ganância humana. Imagens de figuras rechonchudas, de pessoas a imagens da natureza, tornaram-se a sua principal característica.

Pintor e escultor nascido em Medellín, na Colômbia, em 1932, Botero foi o segundo de três filhos do vendedor Davi Botero e da costureira Flora Angulo. Perdeu o pai aos quatro anos, e teve no tio uma espécie de figura paterna. Cresceu encantado com o estilo barroco, que via nas igrejas e na arquitetura de sua cidade-natal.

Autodidata, começou a trabalhar como ilustrador em 1948, aos 16 anos. Também trabalhou como cenógrafo por um breve período antes de se mudar para Bogotá pouco tempo depois. Na capital, realizou sua primeira mostra internacional e, logo em seguida, em 1952, foi para Madri, na Espanha, estudar na Academia de San Fernando. Na Europa, também aprendeu a técnica de afrescos, quando passou um tempo em Florença, na Itália, o que influenciou fortemente suas obras a partir de então.

Fernando Botero posa com suas artes em um estúdio em Paris, na França, em 2003
Fernando Botero posa com suas artes em um estúdio em Paris, na França, em 2003 Imagem: Pool COCHARD/GAILLARDE/Gamma-Rapho via Getty Images

Em 1955, voltou para a Colômbia e expôs na Biblioteca Nacional, em Bogotá. Após passar um tempo no México, onde sua obra ganhou um teor social e político, fixou residência em Nova York. A partir dos anos 1970, passou a dividir seu tempo entre Paris, Madri e Medellín. Tornou-se, nos últimos anos, o pintor vivo mais popular e mais vendido do mundo.

Símbolo da arte colombiana, Fernando Botero dá nome ao seu próprio estilo, o Boterismo. Sua obra possui cerca de três mil pinturas e mais de 200 esculturas, assim como desenhos e aquarelas. Inicialmente, ele navegava em um estilo mais expressionista, que aos poucos foi se transformando para que sua própria assinatura fosse criada.

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Fernando Botero com sua icônica versão de Monalisa, pintada em 1978
Fernando Botero com sua icônica versão de Monalisa, pintada em 1978 Imagem: PL Gould/IMAGES/Getty Images

O Boterismo envolve o retrato de figuras mais rechonchudas e com grande volume corporal, por vezes exagerado, algo que navega entre a crítica e o humor. Nas suas obras satíricas, políticos, militares, religiosos, músicos e membros da realeza são retratados dessa forma, denotando uma falta de movimento que simboliza uma vida estática. Por isso, suas obras são vistas como comentários sociais e políticos sobre a ganância humana.

Por diversas vezes, Botero foi questionado e respondeu que não pintava pessoas gordas. Para ele, o exagero no tamanho não tem a intenção de transmitir a realidade, é uma escolha de estilo. Ainda assim, algumas críticas consideram sua obra apelativa ou retrógrada.

Não pinto gordas. Ninguém acredita em mim, mas é verdade. Eu pinto volumes. Quando pinto uma natureza morta também pinto com volume, se pinto um animal ele também será volumoso, se pinto uma paisagem, igual. Sou atraído pelo volume, a sensualidade da forma. Se pinto uma mulher, um homem, um cachorro ou um cavalo, o faço sempre com a ideia do volume, mas não é que eu tenha uma obsessão pelas mulheres gordas.
Fernando Botero, em entrevista ao jornal El Mundo

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