Motorista expõe trauma e medo de dirigir após acidente com Kayky Brito
Diones Coelho da Silva, 41, motorista envolvido no atropelamento do ator Kayky Brito, afirma que está com dificuldades em retornar de vez ao trabalho. Ele explica que há dois dias voltou a circular pelas ruas do Rio de Janeiro, mas não tem a mesma concentração de outrora: "Toda a hora vem à mente a imagem de alguém passando na frente do carro."
Estou muito traumatizado, com medo de alguém atravessar a qualquer hora na frente do carro. Toda hora vem à minha mente. Estou bem receoso de dirigir. Diones Coelho da Silva, em entrevista exclusiva para Splash.
O motorista diz que passa por um tratamento psicológico desde que se envolveu no atropelamento do ator de 34 anos —o quadro de Kayky é estável e, segundo o Hospital Copa D'Or, ele faz reabilitação respiratória e motora.
Questionado sobre deixar de ser motorista de aplicativo, Diones afirma que avalia a mudança de profissão, mas, primeiro, quer resolver todas as pendências do acidente. "Penso, sim, mas ainda não tive um norte, por enquanto vou continuar no app [aplicativos de transporte], mas estou com receio de dirigir. É um trauma."
Quando passamos por uma situação do ponto de vista negativa, guardamos uma memória ruim. Elementos físicos como: horário, local, temperatura, cheiro, são elementos ambientais memorizados e fixados, e usamos o mecanismo do medo intenso, relacionado ao ambiente, como estratégia de autoproteção. Sérgio Gonçalves Henriques, psiquiatra do INEC (Instituto de Neurocirurgia de São Paulo)
Henriques explica que o sentimento de medo intenso, após um trauma muito grande, serve para nos proteger ou alertar que uma situação perigosa. "As memórias traumáticas voltam pelo impacto vivenciado e até pela sensibilidade do paciente. Por conta do trauma, o motorista perdeu a referência do controle, do conforto e da segurança, acha que pode ser surpreendido a qualquer momento por tudo o que ele já passou."
Embora ainda tenha receio de retomar como motorista de aplicativo, Diones conta que o carro avariado já foi guinchado até a concessionária para realização dos reparos —sem prazo para ficar pronto. O motorista afirma que a 99, aplicativo em que faz corridas, disponibilizou um carro alugado para que ele pudesse retornar ao trabalho.
O que aconteceu
Kayky Brito sofreu politraumatismo e traumatismo cranioencefálico após ser atropelado na altura do posto 6 da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, na madrugada de 2 de setembro.
Ele estava em um quiosque na orla acompanhado de Bruno de Luca, quando atravessou a rua para buscar algo em um carro. Na volta, ele foi atropelado por um carro de aplicativo que levava uma passageira e a filha.
O ator foi encaminhado ao Hospital Miguel Couto e, posteriormente, transferido para o Copa D'Or.
O motorista de aplicativo Diones Coelho da Silva já prestou depoimento e, no mesmo dia, se prontificou a fazer o exame para detectar álcool, substância tóxica ou entorpecente no organismo. O resultado foi negativo.
O motorista
Diones da Silva disse à polícia que foi surpreendido pelo ator, que "cruzou a pista repentinamente correndo". As informações constam no boletim de ocorrência.
Splash apurou que Diones relatou aos policiais que dirigia pela faixa esquerda da pista. Ao vislumbrar o ator, ele tentou desviar e jogar o carro para a faixa direita, mas não conseguiu evitar a colisão. O motorista conduzia um veículo Fiat Cronos.
Newsletter
SPLASH TV
Nossos colunistas comentam tudo o que acontece na TV. Aberta e fechada, no ar e nos bastidores. Sem moderação e com muita descontração.
Quero receberPedido de ajuda
Enquanto esteve bloqueado do 99 [aplicativo de transporte], Diones emitiu um pedido de ajuda, já que essa era sua única forma de renda. Em uma vaquinha virtual, ele arrecadou mais de R$ 173 mil — a meta inicial era de R$ 30 mil, conforme constava no site divulgado por ele nas redes sociais.
Em entrevista a Splash, ele agradeceu o apoio que vem recebendo desde o acidente. "Estou muito feliz e grato. Feliz que vou poder consertar o meu carro e feliz que os brasileiros se sensibilizaram com a minha causa. Só de saber que vou conseguir voltar a trabalhar, o que amo fazer, já sou eternamente grato."
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.