Choro, depressão, brigas, ego inflado: o outro lado dos programas de humor
De Splash, em São Paulo
16/09/2023 04h00
O humorista Rafael Cortez, 46, contou recentemente que, apesar das boas experiências, os integrantes do CQC (Band) sofriam constantemente com problemas de saúde.
"Todo mundo que trabalhava como repórter e passou pela primeira fase do programa, entre 2008 e 2011, teve algum tipo de problema. Estafa, depressão, ansiedade", diz o humorista, em conversa com Splash.
O depoimento de Cortez, no entanto, não é um caso isolado. Histórias de bastidores mostram que programas de humor, como CQC (Band), Vai que Cola (Multishow) e Sai de Baixo (Globo), já enfrentaram problemas dos mais variados tipos longe das câmeras.
CQC
Monica Iozzi, 41, contou que teve crises de choro em algumas gravações do humorístico. "Consegui desenvolver uma segurança tão rapidamente que essa parte da personagem caipira insegura foi dando lugar para caipira com sangue nos olhos. A personagem do CQC foi se desenvolvendo. Mas ali [Congresso Nacional] é muito difícil trabalhar. Fazia aquelas matérias difíceis e, algumas vezes, chegava no hotel e ia chorar", disse a atriz, em entrevista a Splash.
Ronald Rios foi demitido da atração em 2014. À época, ele publicou um vídeo no YouTube em que demonstrava revolta com a justificativa dada por um chefe para o desligamento. "Só que teve uma coisa que ele falou, que me fez coçar a cabeça: 'Você vai embora do programa, Ronald, mas você sabe que você é muito inteligente, você tem uma noção muito boa da realidade. Uma noção melhor do que alguns que vão ficar'. Que m*** de elogio é esse, cara? Então, eu tinha que ser mais burro para manter meu emprego?', questionei."
Vai que Cola
O Vai que Cola, que é uma produção da Globo e do Multishow, vive uma crise nos bastidores. A equipe de roteiristas do humorístico divulgou uma carta, recentemente, confirmando o clima ruim fora das câmeras.
De acordo com a Folha de S.Paulo, os atores teriam pedido a demissão do ex-BBB André Gabeh do time de escritores. "A implicância ou perseguição, por parte do elenco, com o autor, não é de hoje", diz trecho do texto publicado pelo jornal.
Os roteiristas avaliam que "atualmente a atmosfera de trabalho é de apreensão e medo", pois os roteiros recebem diversas críticas infundadas e abstratas". De acordo com os profissionais, as críticas "dizem respeito, na maior parte dos casos, aos gostos pessoais e não à técnica".
Essa não é a primeira vez que o humorístico se vê envolvido em uma polêmica. Em 2019, de acordo com o colunista Leo Dias, Samantha Schmütz e Marcus Majella protagonizaram uma briga nos bastidores. Majella teria, inclusive, jogado um objeto na direção de Samantha e quase a acertado.
Já o jornal Extra publicou que a briga teria começado após uma provocação da atriz e que os dois teriam saído no tapa. À época, no entanto, eles negaram qualquer tipo de agressão física.
O humorista Paulo Gustavo, que morreu em 2021, teria se cansado do ritmo do Vai que Cola. Em 2016, de acordo com o site Notícias da TV, o artista teria chegado atrasado em algumas gravações do programa. Além disso, ele teria dito, "em tom de deboche", que não aguentava mais o programa.
À época, a assessoria de imprensa do comediante negou o comportamento. "É amigo de todos os atores do elenco do Vai que Cola, tem uma ótima relação com toda a equipe e não procedem os atrasos e a cara fechada [nas gravações]."
Sai de Baixo
O humorístico também enfrentou problemas nos bastidores. Miguel Falabella foi suspenso pelo excesso de improviso em cena, Claudia Jimenez teve uma saída conturbada da atração, e Tom Cavalcante viveu uma crise com a direção.
Miguel Falabella, 66, foi suspenso do Sai de Baixo (Globo) por um mês, após reclamações da direção pelo excesso de "cacos" que ele colocava nos textos dos episódios. Segundo o redator Cláudio Paiva, em depoimento ao canal Viva, a direção havia pedido diversas vezes para que o ator não exagerar nos improvisos.
A saída de Cláudia Jimenez foi conturbada. Segundo reportagem do Jornal do Brasil, de janeiro de 1997, a atriz foi demitida do programa por "dificuldades de relacionamento". Em entrevista ao mesmo jornal, ela havia criticado o "baixo nível" dos textos da atração e atribuía aos redatores a oscilação nos índices de audiência.
Em maio de 1997, meses após a saída de Cláudia Jimenez, Tom Cavalcante pediu afastamento do programa porque se sentia uma "escada" para os outros integrantes do elenco. Apesar disso, segundo reportagem do site Natelinha, ele decidiu permanecer na atração por mais alguns anos.
Em 1999, porém, Tom saiu do programa após desentendimentos com colegas e com a direção. De acordo com o Notícias da TV, o comediante passou a criticar o texto e a discordar da postura de colegas do elenco. A situação ficou insustentável após uma "crise com a direção do humorístico".