Ana Furtado lembra diagnóstico de câncer aos 44: 'Foi um soco no estômago'
Ana Furtado, 50, lança essa semana o livro "Até Nunca Mais", sobre o período em que teve um câncer de mama.
Ao jornal O Globo, a apresentadora contou que fez um exame de biópsia mesmo contra a orientação dos médicos, e recebeu a notícia de que estava com câncer, em março de 2018. Após o tratamento, Ana alcançou a cura no mesmo ano.
"Foi um soco no estômago. Nunca me imaginei com câncer. Tenho alimentação balanceada, pratico exercícios. Na minha cabeça, seria a última pessoa a ter a doença", disse.
Apoio de Boninho: "Abriu um buraco na minha frente e comecei a cair. Na sequência, liguei para minha médica. Perguntei, angustiada: 'Estou com câncer?'. O Boninho escutou o papo e correu para ver o que estava acontecendo. Tampei o telefone e disse para ele: 'Estou com câncer!'. Aí veio o momento do resgate. Estava caindo. Ele me deu a mão e nunca mais soltou. Meu marido foi fundamental nesse momento".
Ensinamento do câncer: "A gente sempre acha que está muito distante da morte, esconde-a debaixo do tapete e segue a vida. No turbilhão de tarefas, vivemos no piloto automático. Acontece com todo o mundo. Estava nessa: tinha muito trabalho e inúmeras obrigações diárias. Sempre fui muito correta e uma profissional dedicada, a própria boa aluna, digamos assim. Mas essa coisa da perfeição que persegui a vida inteira acabou refletindo bastante na minha saúde. Sempre me cobrei muito e fui muito cobrada, por gerar expectativas. Não percebi o que estava fazendo comigo. Isso tudo foi muito tóxico, construí meu nome, minha carreira, mas acho que, no final das contas, entreguei demasiado, mais do que aguentei. O câncer veio para me ensinar muita coisa. Ele me mostrou que eu precisava parar e respirar."
Saída da Globo: "Nesses cinco anos, ressignifiquei toda minha vida. A minha saída da Globo tem a ver com isso. Estava há 27 anos na emissora, sou muito grata. É uma vida, aprendi tudo ali, a atuar, a apresentar e a entrevistar. Aprendi que a TV era a minha vida e fiz faculdade de Jornalismo. Comecei aos 19 anos, como modelo, e, aos 22, fui designada a apresentar um programa chamado "Ponto a Ponto", no domingo, antes do Faustão. Fiz abertura de uma novela em 1995. O Walter Lacet (diretor) me viu dando entrevista e pediu para eu fazer um teste. Ele apostou numa novata, no caso eu. Desde então, entendi o tamanho do que estava vivendo. Agarrei com todas as minhas forças a oportunidade e não deixei escapá-la. Descobri uma grande paixão".
Mas com todo esse processo de doença e também de ciclo, começou a bater um questionamento: 'O que realmente me faz feliz?' Já tinha feito muita coisa e sou o que sou porque entreguei tudo que podia, e um pouco mais. Estou num momento em que finalmente não preciso provar mais nada para ninguém. E isso é libertador. Ana Furtado
Autoestima: "Por conta do tipo de câncer que tive, não precisei esvaziar a mama. Fiz a cirurgia para retirar o cisto. Também consegui controlar a queda de cabelo por meio da crioterapia, perdi 40%. Tinha grandes falhas, mas não fiquei careca. Numa determinada altura do tratamento, senti pânico vendo meu cabelo indo embora, em tufos. Hoje, talvez tivesse vivenciado de outra forma essa experiência, talvez tivesse cortado o cabelo curto. Apesar de tudo, não tive um impacto na autoestima. "
Menopausa: "Faço bloqueio hormonal há cinco anos, entrei na menopausa forçosamente. Agora, quando terminar a medicação, continuarei nela. Vou te falar, é difícil. A medicação dá efeitos colaterais, como fadiga extrema, dores articulares, baixa da libido, ressecamento na pele, fogachos. Me propus a não me entregar a isso, não deixei que a menopausa me possuísse. Comecei a praticar meditação e passei a fazer terapia. Nunca tinha feito e me ajudou a segurar a onda. Alimentação é fundamental nesse processo. A prática de exercícios físicos, também. E a fé. Essa doença trouxe Deus de volta para minha vida, a fé me ajudou muito. Uma das coisas que farei nessa viagem a Portugal é agradecer à Nossa Senhora de Fátima pela minha cura."
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