Confissões gravadas por Diana chocaram biógrafo: 'Era um mundo secreto'
Em 1992, o jornalista britânico Andrew Morton lançou a bombástica biografia "Diana: Sua Verdadeira História". O livro revelava detalhes íntimos da vida da princesa: seus distúrbios alimentares, problemas de saúde mental e, principalmente, a infidelidade de Charles, que mantinha um relacionamento extraconjugal com Camilla Parker Bowles. Nada disso era sabido pelo público naquele tempo.
Diana negou seu envolvimento com a obra na época. Afinal, ela ainda era casada com Charles e fazia parte da realeza. O casal se separou seis meses após o lançamento.
Após sua morte, porém, foi revelado que Diana ajudou Morton a escrever o livro em uma operação ultrassecreta no Palácio de Kensington, onde a princesa morava. A história até virou tema de um episódio da quinta temporada de "The Crown" (Netflix).
Diana, frustrada com a vida na família real e com seu casamento, topou ajudar Morton a escrever um livro sobre ela com a ajuda de um intermediário. O jornalista se aproximou de James Colthurst, amigo íntimo da princesa. Colthurst visitava o palácio, gravava as respostas de Diana às perguntas de Morton e levava as fitas ao autor. As confidências contidas nas gravações surpreenderam Morton.
Quando eu ouvi aquilo pela primeira vez, Diana falando, fui transportado para outro mundo. E era um mundo mais secreto do que aquele em que eu tinha entrado até então. Andrew Morton
Morton conta que ficou "totalmente chocado" ao ouvir as fitas, sem acreditar no que estava ouvindo. "Eu acreditava no conto de fadas, como foi dito quando eles se casaram na Catedral de St. Paul, 'isso é algo dos contos de fadas'. Claramente não era. E Diana me contou tudo sobre essa mulher, Camilla Parker Bowles, de quem eu nunca havia ouvido falar. Ela me contou da bulimia, de que eu nunca tinha ouvido falar. E falou de gritos de socorro, tentativas de suicídio, tudo isso era novidade para mim. Foi como entrar em um universo paralelo, entrar em um mundo diferente", disse o jornalista em entrevista a Splash.
Enquanto trabalhavam no livro, Morton e Diana ficaram com medo de estarem sendo vigiados. "Eu estava usando telefones públicos, que já nem existem mais, para entrar em contato com o intermediário, para organizar encontros. Nós estávamos preocupados com meu telefone, que fosse grampeado. Diana também estava preocupada. Ela mandou fazer uma busca por escutas na casa dela no Palácio de Kensington. Nada foi encontrado, mas nós pagamos essa conta. Nós pagamos por isso."
O jornalista teve seu escritório invadido, mas nunca descobriu o responsável pelo ataque. "Mas não é uma coincidência curiosa que eu tenha sido procurado por dois membros da imprensa que cobriam a realeza, dois veteranos com bons contatos? Eles disseram: tome cuidado com seus telefones e escritórios. E meu escritório foi invadido. Nada de mais foi roubado. Só foi um pouco estranho. Pode ter sido uma coincidência. Se isso foi organizado pelo serviço secreto, a história fica melhor."
O autor nunca mais encontrou Diana após o lançamento do livro. "A comoção era tanta em todo o mundo que era muito difícil organizar qualquer tipo de encontro. E parecia sensato ficar em segundo plano. Se ela tivesse vivido até hoje, eu teria encontrado com ela, conversado com ela e relembrado o passado. Mas lamentavelmente, ela não está mais entre nós."
"The Crown" representou bem aquele momento, segundo Morton, que trabalhou como consultor na quinta temporada, porém ele indica o que poderia ser diferente. "Eu acho que poderia ter sido mais dramática, porque foi um período muito dramático na minha vida", opinou.
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