Maria Bethânia: 'Se eu me apaixonar, pouco me importa se é homem ou mulher'
De Splash, em São Paulo
01/10/2023 08h29
Maria Bethânia, 77, em entrevista ao jornal O Globo:
Nova geração musical: "Acho bonito o movimento que está acontecendo. A música tem se revelado com força, com novas inspirações e maneiras de apresentação. Vejo esses festivais gigantescos, com artistas de fora e brasileiros, e não devemos absolutamente nada aos famosérrimos do exterior. Acho a Gloria (Groove) espetacular. Ela canta divinamente, tem noção de dramaturgia, de teatro. A Liniker tem uma voz linda e canta com naturalidade".
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Maternidade: "[Já quis ser mãe] quando tinha 18, 19 anos. Sou muito maternal, por incrível que pareça. Mas sou assim com as minhas amizades. Além disso, tenho meus afilhados, sobrinhos, sobrinhos-netos..."
"Pavor" de sair: "Uma cerveja, de vez em quando, cai bem. Uma geladinha, na hora do almoço. Mas não gosto mais de sair. Tenho horror. Ainda mais de noite, tenho pânico [de sair de casa]".
Luto pela perda de amigos: "A morte de Gal me surpreendeu em todos os sentidos. Foi muito cedo, inesperado, e nunca pensei na vida não existindo Gal. Podia não estar com ela, nos falávamos pouquíssimo e não estávamos tão próximas, mas era impossível, e ainda é, pensar que Gal não existe, que Gal morreu. Não é fácil, me dói, me machuca. Do mesmo modo, me machuca muito pensar que Rita Lee morreu. É muito difícil. Não penso muito em morte".
Uso de drogas: "Nunca fui desse negócio de droga. Sou medrosa! A cerveja é uma coisa que você compartilha, não é uma bebida solitária. Uma vodca ou um uísque são muito solitários. Ninguém toma um copo de cerveja sozinho, toma com alguém, né? Conversando..."
Gostar de estar apaixonada: "Eu amo demais! Gosto de estar apaixonada por uma coisa, por uma pessoa, por uma música. Preciso estar apaixonada por algo, pelo meu jardim, pelos meus bichos, pelo que for. A paixão é imprescindível para mim [...] Se eu me apaixonar, pouco me importa se é homem, mulher, cachorro, periquito ou papagaio",
Libido: "A mulher não perde a libido. Pelo menos, que eu saiba. Comigo não tem Papai Noel, não".
Chegada aos 77 anos: "[O que permitiu isso foi] muito trabalho. Eu me entrego ao que faço, ao que canto, ao que gosto. Tenho a sorte de ter nascido de minha mãe e de meu pai. Minha mãe morreu aos 105 anos. Caetano está com 81, fazendo um show de garoto de 18. Lidar com música, com poesia, eleva um pouco. Tira a gente desse chão meio duro de ser vivido. Se tem poema, você dá uma voada. Quando ouve uma canção bonita, dá um respiro diferente".