Conteúdo publicado há 9 meses

Taís Araujo 'teve' que ir a Bahia para 1º beijo: 'No Rio, ninguém queria'

Taís Araujo, 44, em entrevista à ELA, do jornal O Globo:

Mudança em termos de imagem de beleza nos últimos anos: "Tudo [mudou]. Anos atrás, ter uma pessoa como eu era a exceção da exceção. Hoje em dia você liga a TV e é incapaz ver uma campanha, do que for, sobretudo de beleza, sem uma mulher negra de vários tons. Parei de fazer relaxamento no cabelo em 'Da cor do pecado', isso tem 20 anos. Coloquei um aplique para a personagem e quando foram passar o produto no meu cabelo, ele caiu. Então decidi parar".

Se sentir bonita na adolescência: "O que me ajudou muito, numa fase crucial, que é a adolescência, foi ter me tornado modelo. Mesmo que as pessoas me achassem esquisita, por puro preconceito, eu tinha uma chancela, tive essa sorte, e tudo foi mais fácil. Eu era a única adolescente negra nos espaços que frequentava. Uma amiga minha ouvia os meninos falando: 'A Taís é maneira, mas não dá para beijar, né?'"

Escutar esse tipo de comentário, saber que isso existia e comprovadamente não beijar ninguém, porque ninguém queria. Meu primeiro beijo foi na Bahia, em Porto Seguro, com um baiano, aos 14 anos. Tive que ir à Bahia beijar na boca. Taís Araújo

Experiência diferente para a filha, Maria Antônia, de 8 anos: "A Maria, desde cedo, teve a chance de ter muitas referências de mulheres o tempo inteiro, na literatura infantil, com as cantoras, é outra coisa. Ela ama a Iza, tem o cabelo igual ao dela. Maria sabe que é bonita e cheia de possibilidades".

Sobre ser uma referência: "Escuto isso muito, de muitas mulheres da minha idade. Sempre fico emocionada, é realmente um caminho de mão dupla. Cada vez que alguém fala isso pra mim, fortalece meu caminho, minhas escolhas, me dá sossego no coração em falar que fiz coisas úteis pra gente, enquanto sociedade".

Referências: "São muitas, de idades e momentos diferentes, porque quando eu comecei a trabalhar tinha a Zezé Motta, a Ruth Garcia, a Léa Garcia, mas elas são bem mais velhas. E tem uma galera que veio depois e eu era mais próxima, como a Isabel Fillardis. Quando comecei a trabalhar como modelo, Isabel já era top model, ela fez [a novela] 'Renascer', bombou. Então acho que, pela proximidade, e sem muita distância de idade, é a Isabel. Mas existe uma geração, que é a da Maria Ceiça, da Elisa Lucinda, da Iléa Ferraz, de 60 anos, e jogam pouca luz sobre elas. Cadê essas mulheres?"

Relação com Viola Davis: "Estive com a Viola três vezes, ela foi a um jantar na minha casa quando esteve no Brasil. Não diria que ela é minha amiga, mas quando a encontro, é sempre amistoso. Tenho uma admiração e respeito grandes por ela. Em uma das vezes, conversamos muito sobre carreira e sobre filhos e família. Ela é muito foda! Tenho sensação de que Viola olha para tudo o que vive sem se deslumbrar. É muito bonito de ver".

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