Nem amor, nem sexo: no novo Casamento às Cegas, traumas incentivam o match
Nas últimas temporadas do reality show "Casamento às Cegas", as conversas dos participantes na fase das cabines pareciam um compilado das conversas mais chatas de qualquer aplicativo de relacionamento: "Você acha família importante?", "A comunicação é a chave numa relação?", "Qual a importância do sexo na sua vida?" e outras perguntas pouco criativas com respostas sempre iguais se tornaram a base de casais que — surpresa! — em alguns episódios descobriam não ter nada a ver um com o outro.
Agora, na quinta temporada da versão dos Estados Unidos, uma nova pergunta muda a dinâmica: "Qual o seu maior trauma?"
Nesta temporada, o elenco não hesita em compartilhar eventos que marcaram suas vidas: um homem viu a mãe agredindo suas irmãs na infância, outro foi estuprado numa viagem aos 17 anos, uma mulher ouviu da própria mãe que nunca vai encontrar o amor, outra acabou de sair de um relacionamento com um dependente químico e assim por diante.
Não é a primeira vez que alguém compartilha um trauma no programa. Na última temporada brasileira, por exemplo, Bianca confessou ter medo de Jarbas rejeitá-la por sua deficiência. Na anterior, Amanda falou sobre a dificuldade de ser amada sendo uma mulher gorda. Agora, no entanto, os traumas são o enredo da temporada — e também o critério que os participantes usam para encontrar seus pares.
"Parece estranho dizer que eu amo o fato de você ter seus traumas e inseguranças. Mas acho que amo isso porque eu também tenho os meus", resume um dos participantes.
Essa nova dinâmica permite que o público conheça melhor os participantes desde o início. Se antes os problemas conjugais apareciam de surpresa com a convivência na lua de mel e nos apartamentos, agora as sementes da discórdia são plantadas já nas cabines — e o espectador tem o prazer de vê-las brotando ao longo dos episódios.
Uma dessas sementes quase virou uma árvore já no primeiro episódio. Dois participantes estão conversando sobre o que consideram inaceitável numa relação, quando o homem diz que seu limite é desonestidade. A mulher confessa que já traiu um ex-namorado, e diz se arrepender do erro. Não satisfeito, ele inicia o que só pode ser descrito como um interrogatório para convencê-la que trair é errado, como se ela mesma não tivesse acabado de dizer o mesmo.
No fim da conversa, ela desaba a chorar enquanto ele deixa clara a sua mensagem: ela não merece se relacionar com ele, mas ele está disposto a ceder caso ela se humilhe o suficiente. Se isso aconteceu na estreia da temporada, o que mais vem aí?
Os telespectadores mais fiéis do reality sabem: esse é o tipo de conflito que só costuma acontecer no final da temporada. Formar os casais com base em questões muito pessoais e profundas acelerou o processo do programa — e só os próximos episódios dirão se o elenco conseguirá manter a emoção até o final da temporada.