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Nem amor, nem sexo: no novo Casamento às Cegas, traumas incentivam o match

A participante Taylor, da quinta temporada do Casamento às Cegas americano Imagem: Divulgação/Netflix

De Splash, em São Paulo

02/10/2023 04h00

Nas últimas temporadas do reality show "Casamento às Cegas", as conversas dos participantes na fase das cabines pareciam um compilado das conversas mais chatas de qualquer aplicativo de relacionamento: "Você acha família importante?", "A comunicação é a chave numa relação?", "Qual a importância do sexo na sua vida?" e outras perguntas pouco criativas com respostas sempre iguais se tornaram a base de casais que — surpresa! — em alguns episódios descobriam não ter nada a ver um com o outro.

Agora, na quinta temporada da versão dos Estados Unidos, uma nova pergunta muda a dinâmica: "Qual o seu maior trauma?"

O texto a seguir contém spoilers dos quatro primeiros episódios da 5ª temporada de "Casamento às Cegas"! Proceda com cautela. Imagem: Arte UOL

Nesta temporada, o elenco não hesita em compartilhar eventos que marcaram suas vidas: um homem viu a mãe agredindo suas irmãs na infância, outro foi estuprado numa viagem aos 17 anos, uma mulher ouviu da própria mãe que nunca vai encontrar o amor, outra acabou de sair de um relacionamento com um dependente químico e assim por diante.

Não é a primeira vez que alguém compartilha um trauma no programa. Na última temporada brasileira, por exemplo, Bianca confessou ter medo de Jarbas rejeitá-la por sua deficiência. Na anterior, Amanda falou sobre a dificuldade de ser amada sendo uma mulher gorda. Agora, no entanto, os traumas são o enredo da temporada — e também o critério que os participantes usam para encontrar seus pares.

"Parece estranho dizer que eu amo o fato de você ter seus traumas e inseguranças. Mas acho que amo isso porque eu também tenho os meus", resume um dos participantes.

Essa nova dinâmica permite que o público conheça melhor os participantes desde o início. Se antes os problemas conjugais apareciam de surpresa com a convivência na lua de mel e nos apartamentos, agora as sementes da discórdia são plantadas já nas cabines — e o espectador tem o prazer de vê-las brotando ao longo dos episódios.

Uma dessas sementes quase virou uma árvore já no primeiro episódio. Dois participantes estão conversando sobre o que consideram inaceitável numa relação, quando o homem diz que seu limite é desonestidade. A mulher confessa que já traiu um ex-namorado, e diz se arrepender do erro. Não satisfeito, ele inicia o que só pode ser descrito como um interrogatório para convencê-la que trair é errado, como se ela mesma não tivesse acabado de dizer o mesmo.

No fim da conversa, ela desaba a chorar enquanto ele deixa clara a sua mensagem: ela não merece se relacionar com ele, mas ele está disposto a ceder caso ela se humilhe o suficiente. Se isso aconteceu na estreia da temporada, o que mais vem aí?

Os telespectadores mais fiéis do reality sabem: esse é o tipo de conflito que só costuma acontecer no final da temporada. Formar os casais com base em questões muito pessoais e profundas acelerou o processo do programa — e só os próximos episódios dirão se o elenco conseguirá manter a emoção até o final da temporada.

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