Mulher detona governador de SP por greve ao vivo na TV: 'Sem vergonha'
De Splash, em São Paulo
03/10/2023 19h15
O Brasil Urgente (Band) desta terça-feira (3) trouxe desabafos e xingamentos da população de São Paulo contra o governador Tarcísio de Freitas em virtude da greve e problemas no transporte público.
O que aconteceu?
O programa de José Luiz Datena exibiu a revolta da população paulista com o dia de caos causado pela greve contra a privatização de Metrô, CPTM e Sabesp e falha do sistema de transporte coletivo da Linha 9 - Esmeralda.
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Uma cidadã culpou o governador de São Paulo pela falta de zelo pela população para não sofrer com a manifestação. Preocupada em como chegaria em casa, ela não conseguiu segurar a raiva e chamou o governante de "cachorro descarado" e "sem vergonha".
"É complicado. É total falta de respeito do governador. Do governador! É sua culpa, governador, que a gente está passando isso aqui. Você venha para cá, fique aqui no meio da gente para ver como é fácil trabalhar desse jeito, está bom? A gente não é cachorro. A gente é cidadão! Você tem que respeitar as pessoas, está bom? Você tem que respeitar o cidadão, porque a gente paga imposto, a gente trabalha. Eu sou honesta! Eu trabalho! Eu tenho problema de saúde e trabalho! Você tem que ter respeito pela gente, está bom? A gente votou em você! Para mim, você não passa de um cachorro descarado! Sem vergonha, só tirando o nosso dinheiro! É isso o que você é para mim! Para mim, você não passa de um lixo!", protestou uma cidadã, com lágrimas nos olhos.
Em outro ponto da cidade, Dona Fátima relatou sua revolta com a dificuldade para voltar para sua casa após dia intenso de trabalho. Sem papas na língua, ela cobrou humanidade e chamou Tarcisio de "m****".
"Eu tô revoltada porque a gente sai de casa cedo anunciando que tava normal a Linha 9. Agora a tarde pra gente voltar, eu levo três horas para chegar do meu serviço. Você acha que horas eu vou chegar em casa agora?", disse ela.
É uma falta de humanidade, uma falta de respeito que esses governantes têm pelo pobre. Isso aqui não é culpa de sindicato, não. São os governantes que não valem merda, não valem nada!"
Dona Fátima
Para desviar o foco dos xingamentos, o repórter Lucas Martins saiu andando em meio aos populares para colher outros depoimentos. "Dona Fátima está revoltada, Datena. É assim que está o povo tentando voltar pra casa", narrou ele.
Qual é o motivo da greve?
Estações de quatro linhas do Metrô de São Paulo e da maioria das linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) amanheceram fechadas nesta terça-feira (3). A paralisação dos servidores é parte de uma greve conjunta com a Sabesp em oposição ao plano de privatizações do governo do estado de São Paulo.
Reivindicações
Os sindicatos argumentam que as desestatizações podem resultar na deterioração da qualidade dos serviços, citando como exemplos as Linhas 8 e 9 da CPTM, que teriam enfrentado mais falhas no primeiro ano de gestão privada.
O Sindicato dos Metroviários de São Paulo defende que a população seja mais envolvida no processo de privatização. Narciso Soares, vice-presidente do sindicato, afirmou que, embora haja audiências públicas, a decisão final é tomada pelo governador e "grandes empresários".
Líder sindical propôs a realização de um plebiscito para que a população possa se manifestar sobre a venda da Sabesp. Os servidores em greve buscam que o governo promova uma consulta popular sobre o tema, uma vez que uma pesquisa do Datafolha realizada em abril indicou que a maioria (53%) da população de São Paulo é contrária à privatização da companhia de saneamento.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), classificou a greve como abusiva, ilegal e politicamente motivada. Em uma coletiva, ele criticou a paralisação e afirmou que o governo continuará estudando as privatizações no Metrô e na CPTM, destacando que a privatização da Sabesp está em estágio mais avançado, com consultas às prefeituras e ao Tribunal de Contas do Município.
Esta é a segunda greve ocorrida no Metrô e na CPTM em 2023, sendo a primeira em março, quando os metroviários demandavam reajustes salariais e melhores condições de trabalho.
Nossa luta tem a ver com defender os trabalhadores que utilizam o transporte público e o saneamento básico. A privatização, como têm demonstrado as linhas 8 e 9, só tem trazido pioras aos trabalhadores, que passam sufoco todo dia.
Narciso Soares, do Sindicato dos Metroviários (SP)
Plano de privatizações de Tarcísio
O plano de privatizações de Tarcísio inclui diversas áreas, como o Metrô, a Sabesp e o trem que ligará a capital paulista a Campinas. O Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) do estado de São Paulo conta com 17 projetos de privatização e Parcerias Público-Privadas (PPPs). O leilão para a construção do trem e a concessão da Linha 7-Rubi da CPTM já estão agendados para fevereiro de 2024.
O governo contratou um estudo no valor de R$ 62 milhões para avaliar as estratégias de participação do setor privado na expansão da capacidade de investimento no transporte público paulista.
O modelo de privatização da Sabesp já foi definido, com a intenção de realizar um "follow-on", onde o estado venderá ações da empresa e deixará de ser o controlador. Atualmente, o governo paulista possui 50,3% de participação na Sabesp. A escolha desse formato foi questionada pela oposição perante a Justiça.
O governo argumenta que a consulta popular faz parte do processo de privatização, mas ressalta que existe um momento adequado para contribuições e que a discordância não deve resultar em paralisação. Camila Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, alega que não há previsão de consulta à população sobre o leilão da Linha 7 da CPTM.
Tarcísio reiterou que não pretende rever as concessões, mesmo diante de falhas. Em fevereiro, o governador de São Paulo criticou o Ministério Público estadual por solicitar o término do contrato de concessão das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, afirmando que sua prioridade é o bem-estar dos usuários.
Infelizmente aquilo que a gente esperava está se concretizando. Temos aí uma greve de Metrô, CPTM, uma greve ilegal, uma greve abusiva, uma greve claramente política, uma greve que tem como objetivo a defesa de um interesse muito corporativo.
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo