Criador do Tetris sobre sucesso do jogo 40 anos depois: 'Não há violência'
André Zuliani
Colaboração para Splash, em São Paulo
14/10/2023 04h00
O russo Alexey Pajitnov, criador do Tetris, foi um dos grandes destaques da Brasil Game Show 2023 (BGS), maior feira de games da América Latina que acontece até domingo (15) no Expo Center Norte, na zona norte de São Paulo.
Convidado especial para receber o Lifetime Achievement Award, maior premiação concedida pelo evento, o desenvolvedor reflete sobre o que faz sua obra-prima ainda ser tão aclamada 40 anos após a sua criação.
Ele é um jogo muito construtivo e espirituoso. Você não sente que está destruindo alguma coisa, como em jogos de tiro. Não há violência em nosso jogo. Você tem apenas a ilusão de que está construindo alguma coisa. Alexey Pajitnov para Splash
Apaixonado por quebra-cabeças e jogos de tabuleiro desde a infância, Pajitnov idealizou o Tetris em 1984, logo após terminar seu mestrado em matemática aplicada no Instituto de Aviação de Moscou, na antiga União Soviética.
O que começou como uma diversão entre colegas resultou na criação de um dos maiores jogos do mundo, quando o sucesso do Tetris atravessou o oceano e tornou-se extremamente popular nos Estados Unidos.
Segundo o desenvolvedor, o legado extenso do Tetris tem a ver com o gosto do público feminino. "Nos meus primeiros anos na indústria de jogos, o gráfico demográfico indicava que 95% dos consumidores do Tetris eram homens, enquanto 5% eram mulheres. Hoje, nós temos 55% de mulheres e 45% de homens. Eu diria que é uma grande conquista."
Pajitnov reforça que Tetris faz sucesso mesmo não sendo um jogo que agrade todos os públicos. "Nós temos uma marca muito forte, mesmo que não seja do gosto de todos. Não é um jogo para pessoas que consomem outras culturas, como anime. É muito abstrato."
Novo Tetris?
O desenvolvedor mostrou admiração por jogos mais recentes, os quais ele considera herdeiros do legado do Tetris. Para Pajitnov, dois títulos populares da atualidade conseguiram captar a simplicidade e a genialidade que sua obra mostrou há 40 anos. "Se pensarmos no conceito de quebra-cabeças, Bejeweled e Candy Crush estão nessa linha de jogos que são muito atrativos. Ambos foram grandes eventos e inovadores no que diz respeito a jogos de quebra-cabeças."
Jogos que fazem o usuário pensar e usar a inteligência continuam no gosto do russo. Para Splash, Pajitnov afirma que ainda se diverte com tabuleiros e quebra-cabeças em seu tempo livre. E Tetris?
"Tetris tem um grande papel na cultura moderna e é importante que seja um jogo inteligente, que requer concentração, habilidade e foco do jogador. Eu ainda jogo às vezes, mas não sempre. Não tanto quanto eu jogava. Eu volto quando é preciso, como quando estamos testando uma versão para um novo console e manter a marca."
Alexey Pajitnov