Lauana Prado sobre referência feminina e LGBT: 'Sertanejo é conservador'
Um dos principais nomes femininos do sertanejo, Lauana Prado, 34, lançou recentemente o álbum "Raíz Goiânia", projeto audiovisual que homenageia o gênero musical, com 25 regravações. Em algumas delas, a artista faz uma "releitura sertaneja" de clássicos de Cássia Eller, Alcione, Caetano Veloso e Tetê Espíndola.
A música é o que a gente tem de mais poderoso, de mais incrível. É o que toca e conecta as pessoas, independente de qualquer coisa. Lauana Prado
Indicada ao Grammy Latino 2023, a cantora diz acreditar na música como plataforma para conectar as pessoas e, claro, ajudar a quebrar tabus, abrindo caminhos às mulheres e pessoas da comunidade LGBTQIA+ —a artista namora a influenciadora digital Veronica Schulz desde 2020.
Embora esteja inserida em um gênero musical considerado mais conservador, Lauana sempre tratou de forma natural a sua sexualidade. "Comecei a entender da minha sexualidade durante o relacionamento, a Verônica e eu. Entendi que não tinha por que criar uma resistência, um discurso rebelde ou que trouxesse uma relação de confronto com a realidade do sertanejo."
Ainda existe muita resistência, [o sertanejo] é um mercado conservador em muitas áreas, mas acredito que a música é o grande ponto de reverência e de possibilidade de ampliar o nosso espaço de respeito. Costumo trazer para esse lugar mais leve, isso ajuda muito a diminuir esses ruídos de opiniões. É o caminho que a gente tem que trilhar para um futuro de igualdade, tanto no que diz respeito à comunidade, quanto à presença da mulher. Lauana Prado
Ela diz acreditar na filosofia de que em 20 anos não será pauta falar sobre a sexualidade das pessoas, o papo vai ser outro. "Isso ser uma pauta ainda é algo meio retrógrado, mas entendo que existem processos. Acredito que faz parte da minha missão, não só como artista, mas como pessoa, fazer a diferença nesse mercado e mostrar que a gente está aqui vivendo uma relação pessoal como qualquer outra e buscando ter liberdade de ser quem a gente é, independentemente de qualquer coisa."
"Raiz Goiânia"
O "Raiz Goiânia" é um mergulho na história da música sertaneja raiz e na autenticidade artística de Lauana. Para dar voz ao repertório que passa por faixas, como "Vontade Dividida", "Que Dá Vontade Dá" e "Frio da Solidão", a artista recebe as participações de Milionário, Guilherme e Santiago e da dupla Fred e Fabrício. "É uma maneira de retratar tudo que eu acumulei de repertório ao longo da minha vida, cantando na noite, em bares, em casas de show, em banda baile."
O "Raíz Goiânia" dá continuidade ao álbum lançado em 2022, o "Raíz", gravado em São Paulo, que concorre ao Grammy Latino 2023, ao lado de produções de Jorge & Mateus, Daniel, Chitãozinho & Xororó e Marília Mendonça — referência para Lauana.
O primeiro foi gravado em São Paulo, eu tive a oportunidade de trazer alguns pot-pourris [várias músicas de uma vez] de forma experimental, a gente não sabia exatamente como isso ia ser consumido, mas o resultado foi absurdo, o Brasil inteiro abraçou de maneira muito real todo o projeto.
Fazer covers está no DNA de Lauana, principalmente, antes de estourar com seu primeiro sucesso, "Cobaia", em 2018. "Faço covers, desde quando era uma artista anônima. Tinha um canal no YouTube no qual já cantava essas músicas. [Agora] É uma maneira de envelopar isso de maneira diferente, trazer isso com a minha concepção. Rotulei como "Raíz" justamente para de fato fazer essa associação com a música sertaneja clássica, com a cultura sertaneja raiz e com o interior do Brasil que tem essa vivência."
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.