'Está fazendo falta': como Marco Nanini viu o fim de 'A Grande Família'?
Narrando o cotidiano de uma família do subúrbio do Rio de Janeiro, "A Grande Família" fez sucesso entre 2001 e 2014. Fãs ficaram órfãos após a Globo decidir encerrar a produção do humorístico —atualmente, a atração está disponível no catálogo do Globoplay e é reprisada pelo Canal Viva.
Marco Nanini, 75, era o responsável por dar vida ao patriarca da família, Lineu Silva. Casado com Dona Nenê (Marieta Severo), criaram os filhos e viram a família crescer. Em conversa exclusiva com Splash, o ator diz acreditar que foi uma decisão sábia acabar com o projeto enquanto ele ainda dava boa audiência e era relevante.
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Foram 14 anos de 'A Grande Família'. A equipe já tinha envelhecido. Marieta e eu viramos avós. Agora, a gente seria o quê: tataravô, tetravô? Não daria muito certo isso. A gente terminou no auge. É bom terminar no auge, sem ter uma curva decadente, porque você fica com uma lembrança boa, com um espírito mais animado, mais gostoso. Uma saudade boa. Não só pela série, mas pelo convívio com os colegas.
"A Grande Família" e "Tapas e Beijos" (2011-2015) foram os últimos seriados de humor a ficar na grade da Globo durante todo o ano. "Com roteiros bons e direção aprimorada. Histórias boas para o público. Está fazendo falta", afirma Nanini.
Streaming e teatro
Nanini acaba de lançar a série "João sem Deus - A Queda de Abadiânia" e se prepara para estrear "Traidor", uma peça produzida por Fernando Libonati, seu companheiro de vida há mais de 35 anos, ainda neste ano. Apesar de lembrar com carinho de "A Grande Família", Nanini diz gostar de olhar para o futuro.
Vamos estrear em São Paulo, depois no Rio, em Recife e em outras cidades. Gosto sempre dessa novidade, de estar sempre presente, experimentando outras coisas, convivendo com artistas diversos. Isso tudo é o que me dá animação, me dá alegria, para não repetir as coisas.
Ele espera que a peça rode o país e fique em cartaz por um bom tempo. A expectativa de longevidade remonta a peça "O Mistério de Irma Vap", na qual Nanini contracenou com Ney Latorraca por 11 anos, e ao seriado "A Grande Família", que esteve na TV por quase 14.
"Viajar por esse país todo não é brincadeira. É uma produção complicada, a situação agora é de uma economia mais difícil. Nós temos patrocínio do Sesc, felizmente, começamos no Sesc Vila Mariana. Vamos visitar algumas cidades do Brasil, conforme a gente conseguir lotar os teatros."
No papo com Splash, Nanini ainda lamenta a aprovação de um projeto de lei na Câmara dos Deputados que proíbe o casamento gay no Brasil. Na última semana, 12 deputados votaram a favor e cinco contra o texto do relator, deputado Pastor Eurico (PL-PE). No entender dele, a união de duas pessoas do mesmo sexo não constitui uma família.
É nojento, detestável. Qualquer coisa que proíba uma pessoa por preconceito, não é possível, isso é uma coisa inadequada, fascista, desagradável. As pessoas podem viver do jeito que elas quiserem. Não se matando ou roubando, podem viver do jeito que quiserem. Se quiser amar quem quiser, pode amar. Qual é o problema? Fico assustado quando alimentam essa coisa conservadora da sociedade.