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Charles teve infância triste com 'bullying' do pai e surras, diz biógrafo

De Splash, em São Paulo

22/10/2023 04h00

O rei Charles 3º, 74, teve uma infância triste e não tinha uma boa relação com os pais, principalmente o príncipe Philip. É o que conta Christopher Andersen, autor da biografia "O Rei" (Editora BestSeller), que navega por toda a vida do monarca. Em entrevista para Splash, o jornalista dá detalhes dos primeiros anos da vida de Charles.

O príncipe teve uma série de emergências médicas na infância, que teriam sido ignoradas pela rainha e por Philip. "Ele quebrou o tornozelo caindo das escadas no Palácio de Buckingham. Passou por uma tonsilectomia, que nos anos 50 era uma operação perigosa nas amígdalas. Teve sarampo, e foi sério. Ele até passou por uma apendicectomia de emergência, fez cirurgias muito perigosas. E seus pais nunca sequer visitaram-no no hospital. Eles estavam a quarteirões de distância, no Palácio."

Charles sofreu na época em que estudou no internato Gordonstoun, na Escócia. Lá, a rotina incluía uma corrida matinal sem camisa em qualquer condição climática seguida de um chuveiro gelado. As janelas dos quartos também ficavam abertas a noite toda, independente da estação. Muitas vezes, Charles, que dormia perto da janela, acordava coberto de neve ou molhado de chuva. Esse período foi retratado em parte no episódio "Paterfamilias", de "The Crown" (Netflix).

O príncipe rapidamente virou alvo dos colegas e implorava para mudar de escola. Ele era perseguido pelos colegas nos corredores e apanhava à noite porque roncava. Charles detestava dormir, porque sempre era atingido com sapatos, travesseiros e socos.

Philip, que também estudou em Gordonstoun, acreditava que o colégio seria bom para Charles, tornando o futuro rei mais "assertivo" e menos "mole". A rainha deixava nas mãos de Philip as questões relacionadas à educação de Charles.

As pessoas no meu dormitório são nojentas. Meu Deus, eles são horríveis. Não vejo como alguém poderia ser tão desagradável. Charles, em uma carta para a família

O pai agia como um "valentão" com Charles, segundo o autor. "Ele era horrível para o próprio filho. Humilhava Charles na frente das outras pessoas. Até quando Charles já era adulto, ele fazia Charles chorar com comentários maldosos na frente de outras pessoas", diz Andersen. Várias biografias do rei afirmam que ele se sentia intimidado pelo pai, que era extremamente crítico e costumava menosprezá-lo.

A rainha, por sua vez, era "distante e fria". "Toda a dinâmica de Diana e Camilla que surgiu complicou as coisas também. Então, a rainha via Charles em alguns momentos como uma grande dor de cabeça, porque ele insistia em ter Camilla e Diana também. E ele não podia fazer isso."

Com a relação conturbada com os pais, outras pessoas cumpriram esses papéis na vida de Charles: a rainha Mãe, mãe de Elizabeth 2ª, a babá Mabel Anderson (que, até pouco tempo atrás, ainda era responsável por remendar o ursinho de pelúcia do monarca) e seu tio-avô, Lord Mountbatten, tio de Philip.

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