Como contos de fantasmas e preconceito criaram novo filme de terror?

"Não Abra!" é a nova promessa entre os filmes de terror e, já em exibição nos cinemas brasileiros, traz uma pequena subversão no que estamos acostumados no gênero. Este é o primeiro longa-metragem do indiano Bishal Dutta e mistura monstros que surgiram de histórias contadas em sua família, com os preconceitos sofridos enquanto crescia nos Estados Unidos.

Muitas das inspirações vieram de histórias de espíritos que ouvi na minha infância, especialmente contadas pelo meu avô, que amava contar essas histórias. E ele me contou uma história sobre como, supostamente, quando era jovem, ele encontrou algo em uma caixa de maçã. Quando abriu, algo horrível saiu dela.
Bishal Dutta, em entrevista a Splash

"Comecei a pensar, o que poderia ter sido que meu avô tenha experimentado? O que ele encontrou? Foi desse lugar que o filme veio", conta.

Nascido na Índia, Dutta mudou bastante de países quando mais novo. Uma vez nos Estados Unidos, se sentia "preso entre dois mundos". "Esse conflito que eu vivia foi um impulso para eu criar um filme de terror."

"Não abra!" conta a história Sam, uma adolescente de origem indiana que vive com sua família conservadora no subúrbio dos Estados Unidos. A jovem tenta a todo custo negar sua cultura para, assim, ser aceita entre os amigos americanos preconceituosos com indianos. No entanto, Tamira, uma amiga que também veio de Índia, encontra um jarro misterioso que, ao ser quebrado, libera uma força demoníaca antiga. Para lutar contra ela, Sam precisa voltar a seus ancestrais e desvendar os segredos de sua família.

Bishal Dutta é o diretor de 'Não Abra!'
Bishal Dutta é o diretor de 'Não Abra!' Imagem: Reprodução/ IMDB

"Eu quis pegar coisas específicas [que sofria quando adolescente], porque eu não queria fazer uma declaração em nome dos americano-indianos. É uma comunidade tão diversa e rica, que senti que podia fazer com esse filme foi ser honesto com a minha experiência, a experiência da minha família, dos meus amigos, e tirar esses momentos muito reais."

O diretor exemplifica uma situação que ele passou na sua vida para ser aceito entre americanos e retratada em "Não Abra!". "Há um momento, no início, em que Sam sai de casa e cheira o seu vestido para ver se não estava cheirando a comida indiana."

Para ele, momentos como este poderiam auxiliar na imersão do público a como a adolescente e, consequentemente, outros estrangeiros, podem se sentir. "Esses tipos de comportamentos momentos existem no filme para que o público se sinta mais imerso. Não quero explicar nada, apenas estou o colocando no mundo do personagem."

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