Leo Lins diz que ganhou mais público após processos: 'Seguir em frente'
Leo Lins, 41, afirmou que aumentou o número de pessoas que passaram a frequentar os seus shows após ter sido alvo de processos devido o conteúdo pejorativo e ofensivo de suas piadas contra minorias da sociedade.
O humorista abordou o assunto em entrevista ao podcast Fala, Ordinário. Ao discorrer sobre o uso da lei para coibir aquilo que é considerado ilegal, Lins disse "ser péssimo usar a lei como régua moral" para o que pode ou não em sociedade, e citou como exemplo o fato de que o comércio de escravos era permitido pela Justiça.
Curioso quando alguém fala 'o limite do humor é a lei'. Cara, a lei em seu sentido original foi completamente deturpada, é o conjunto de regras criadas de acordo com o bel-prazer de um determinado país, que vai atender seus interesses pessoais, tanto que cada país tem sua lei. Acho pobre e até ignorante utilizar a lei como ferramenta de baliza moral. A lei, alguns séculos atrás, permitia a venda de negros. O homem é falho, e a lei é sempre feita pelo homem, então ela vai ser falha. Utilizar isso como régua moral, é péssimo.
Para Lins, a mudança de comportamento deve ser imposta não pelas determinações do que diz a lei, mas da própria sociedade. Ele exemplifica seu raciocínio ao dizer que a punição em casos como o dele deveria ser perder público e ter a carreira acabada. Entretanto, o comediante ressaltou que, com ele, ocorreu o oposto. "Tem que acontecer uma mudança na sociedade. 'Ah, essa piada ofende'. Ok, o que vai acontecer é o cara ficar sem público e a carreira dele acaba, esse é o controle. Não é o que está acontecendo comigo, pelo contrário, o público está aumentando. Então, isso para mim é um sinal para eu seguir em frente."
O que aconteceu:
Em maio, a Justiça de São Paulo mandou as plataformas digitais removerem o show "Perturbador" de Léo Lins de seus catálogos devido o conteúdo "depreciativo ou humilhante a qualquer categoria considerada minoria ou vulnerável".
A decisão foi criticada pelo também humorista Fábio Porchat, que classificou o episódio como "uma vergonha". Posteriormente, o apresentador disse que sua posição havia sido "irresponsável" sobre um "assunto complexo".
Em setembro, Lins se tornou réu em uma ação movida pelo Ministério Público de São Paulo, acusado de "promover ódio e enredos discriminatórios, injuriosos e humilhantes, notadamente contra negros, pessoas com deficiência e nordestinos". Além disso, ele teve R$ 300 mil bloqueados em suas contas bancárias para o pagamento de multas.
Ele comparou o Ministério Público ao Estado Islâmico. "Tenho certeza [de] que as pessoas envolvidas no meu processo creem agir em nome do bem. [...] O Estado Islâmico, por exemplo, comete atrocidades em nome do bem. [...] Não estou dizendo que o MP é o EI. A ideia é mostrar que em nome do bem, erros podem ser cometidos."
Ministério Público comentou caso. "Delitos de ódio praticados pelo humorista tornaram-se alvos de uma força-tarefa do MP-SP por intermédio do CyberGaeco e da Promotoria de Direitos Humanos. Segundo as investigações, o acusado desafia autoridades de vários Estados em seus shows e nas redes sociais. As autoridades atuaram no sentido de impor multas caso o humorista seguisse divulgando conteúdos capazes de humilhar, constranger e injuriar minorias".
Polêmicas
Lins é conhecido pelas piadas polêmicas em seus shows. Só no ano passado, o humorista foi condenado a pagar duas indenizações por piadas consideradas ofensivas e teve o show "Perturbador", em que ironiza temas como abuso sexual, zoofilia, racismo e pedofilia, removido por ordem da Justiça.
Veja algumas das polêmicas:
Piada com DJ Ivis: Em 2021, o comediante disse em um show que colocou DJ Ivis (acusado de agressão pela ex-mulher) para tocar em seu reencontro com a ex-namorada, Aline Mineiro. Ele também disse que queria "encontrar ela, conversar, olhar olho no olho, dar um soco na costela".
Transfobia: Leo Lins foi condenado em 2021 a pagar uma indenização de R$ 15 mil à cabeleireira Whitney Martins de Oliveira após fazer piadas de teor transfóbico com seu nome e expor o nome da mulher no vídeo.
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Quero receberChapecoense: em show de stand-up postado em seu canal no YouTube em 2018, Leo Lins faz piada com a queda do avião da Chapecoense, que matou 71 pessoas em 2016. Ele comparou a tragédia ao assassinato do jogador Daniel, ex-São Paulo:
Pelo menos ele morreu depois de comer coisa boa. Não foi como os jogadores da Chapecoense, que era comida de avião. Leo Lins
Em outro vídeo, publicado em 2019 pelo canal Castro Brothers, o humorista diz que pão que cai no chão é "pão na Chape".
Gordofobia: Leo Lins promoveu um show com uma imagem da modelo plus size Bia Gremion e seu namorado, Lorenzo, um homem trans — mais uma vez, sem autorização. Na foto, os dois aparecem de lingerie: "Chamei sua atenção? Que bom", postou o comediante.
Tsunami: Lins fez uma piada com o Japão em 2011, quando o país passou por terremoto, tsunami e acidente nuclear. Em 2013, quando tentava conseguir visto para entrar no Japão, brasileiros habitantes fizeram um abaixo-assinado para que ele fosse proibido de entrar no país. Ele acabou perdendo o visto. As autoridades, no entanto, negaram que a decisão teve relação com o vídeo, e alegaram se tratar de um problema de documentação.
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