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'Mussum, o Filmis' amplia o 'boom' dos filmes biográficos no Brasil

Com 750 salas na primeira semana, 'Mussum, o Filmis' estrelado por Ailton Graça, arrecadou cerca de R$ 2 milhões em seu primeiro fim de semana de estreia e tem conquistado o público que quer saber mais sobre a história do humorista. Thiago Stivaletti e Flavia Guerra comentam no Plano Geral o sucesso, que reforça a onda de filmes e séries biográficos no Brasil, como "Nosso Sonho", "Meu Nome é Gal" e "As Aventuras de José e Durval".

Mussum é interpretado pelo garoto Thawan Lucas Bandeira, pelo ator Yuri Marçal e, por fim, na fase adulta, por Ailton Graça. Ao contar a história não só do humorista, mas também de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o longa aproxima do grande público um personagem inspirador.

Dirigido por Silvio Guindane, "Mussum" traz uma narrativa que começa na infância pobre do menino Carlinhos, passa pela carreira militar, tão sonhada por sua mãe, Dona Malvina, a relação com a Mangueira, a paixão pelo samba e o sucesso com os Originais do Samba, além de bastidores de "Os Trapalhões", que o tornou famoso em todo o Brasil e referência para gerações.

Ailton Graça, que brilha no papel de Mussum, fala sobre o filme e a importância de se ter o direito de escolha, tema crucial na trama escrita por Paulo Cursino

Ailton observa que "Mussum" foi "construído com a missão ancestral de contar a história desse cara que merecia o filme". "Existem grandes personagens que não tem visibilidade para ter sua história contada. É importante que a gente saiba quem é Luiz Gama, dona Ruth de Souza, Léa Garcia, que nos deixou neste festival, que era a ternura em pessoa, o afeto em pessoa. Mas é importante contar histórias também de personagens que, de alguma maneira, ficam invisibilizados dentro da construção do cinema nacional", declarou o ator, que há dez anos recebeu o convite do produtor Paulo Santucci para viver o personagem.

Quem é esse cara? Quem é o Antônio Carlos? Um brasileiro que ganhou, a partir da construção, do sacrifício de uma mãe, o direito e o poder de escolha, que muita gente ainda não tem. Ailton Graça

Mostra de São Paulo 2023

A Mostra de São Paulo 2023 foi um sucesso de público e crítica, e o Plano Geral também comenta os vencedores, como o belga "Quando Derreter", que levou o prêmio principal do júri, além do brasileiro "Samuel e a Luz", de Vinícius Girnys, grande premiado segundo o júri entre os filmes documentais. E fizemos um balanço de tudo o que rolou nas duas semanas mais cinematográficas do ano na cidade.

"Quando Derreter", da cineasta belga Veerle Baetens, conta a história de uma jovem, Eva, que, a nos após um verão sufocante em que tudo saiu do controle, retorna à pequena localidade onde cresceu, carregando um bloco de gelo no porta-malas do carro. No auge do inverno, ela decide confrontar o passado e enfrentar seus algozes.

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Já o baiano "Saudade Fez Morada Aqui Dentro", de Haroldo Borges, levou dois prêmios complementares: Prêmio Netflix, que garantiu sua exibição mundial na plataforma de streaming, e Prêmio Paradiso, de apoio à distribuição em salas de cinema.

O filme de encerramento da Mostra SP 2023 foi o aguardado "Ferrari", novo longa de Michael Mann, que traz Gabriel Leone no papel do piloto espanhol Alfons de Portago. Presente à cerimônia, Leone comentou que foi a primeira sessão do longa na América Latina e que está ansioso para a estreia, em 8 de fevereiro.

"Ferrari" conta a história de Enzo Ferrari (Adam Driver), criador da escuderia e da fábrica de carros mais admirada do mundo, em sua dicotomia entre a vida nas pistas e sua paixão por corridas e os dramas e tragédias de sua vida pessoal, principalmente a crise do casamento com Laura (Penélope Cruz), com quem ele dividiu a vida e criou a própria Ferrari.

De volta às estreias em circuito, o engenhoso "Dinheiro Fácil", é mais uma fábula do capitalismo a chegar aos cinemas, com Paul Dano vivendo o geek que fez os grandes investidores perderem muito dinheiro na Bolsa americana.

"O filme é basicamente esta briga de como os peixe pequenos, os sardinhas, do dumb mony, conseguiu comprar e vencer uma briga com os peixes grandes do mercado financeiro, a ala do "smart mone" Flavia Guerra

"Hollywood tem investido muito nos filmes de mercado sobre como funciona o capitalismo, como "A Grande Aposta", e agora chega este com o Paul Dano, que a gente admira de longa data, como "Sangue Negro", fazendo um cara que seria um looser que consegue arregimentar um bando de outros loosers, peixe pequeno mesmo, que não tem muito dinheiro para comprar ações, mas que se conseguir segurar e não vender uma ação, esta ação pode ser valorizada", explica Thiago.

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"Pessoas que não têm muito dinheiro para resistir firmemente e ver a ação disparar e ainda assim não vender porque se quer manter a ação lá em cima. Paul Dano é sensacional porque ele segura a tensão de um país inteiro. Ele acaba sendo algo muito contemporâneo, um líder ideológico de uma galera que está com ele, mas sentados atrás da tela do computador. E a coisa dá certo", conclui Thiago.

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