'Coach do Campari' será julgado por suposta ameaça a atriz; relembre caso
O julgamento do influenciador Thiago Schutz, também conhecido como "Coach do Campari", está marcado para a tarde de hoje. Ele é réu em uma ação criminal por ameaça contra a atriz e comediante Livia La Gatto e a cantora e influenciadora Bruna Volpi.
A audiência está marcada para começar às 16h30 e poderá ser realizada por videoconferência. Ou seja, as partes não vão precisar comparecer presencialmente ao Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.
Em março, o Ministério Público de São Paulo denunciou Schutz por ameaça contra duas mulheres. À época, por meio de nota, a promotora Juliana Carosini disse que "não bastasse, ele também efetuou uma postagem em suas redes sociais, a fim de que seus seguidores fizessem o mesmo, causando dano emocional e psicológico às vítimas, para controlar suas ações".
Equipe de Thiago comentou caso em comunicado enviado a Splash. "O processo tramita em uma Vara comum, sendo que, na verdade, ao nosso ver, deveria tramitar no Juizado Especial Criminal - JECrim", diz o texto.
Oportuno ressaltar que 'tanto a defesa de Thiago, quanto o réu, deixam claro que são totalmente contra qualquer tipo de violência, seja ela contra a mulher ou contra qualquer outra pessoa', sendo muito importante frisar que o réu tem o direito de se defender.
Equipe de Thiago Schutz
Splash buscou contato com Lívia La Gatto e Bruna Volpi, mas não obteve retorno. O espaço permanece disponível caso as artistas queiram se manifestar sobre a ação.
O que aconteceu?
Thiago Schutz foi denunciado por ameaça. Ele enviou uma mensagem para Livia La Gatto e Bruna Volpi exigindo que ambas tirassem os vídeos em que falavam dele nas redes sociais. Caso contrário, segundo ele, seria "processo ou bala".
O MP-SP apresentou a denúncia à Justiça no dia 16 de março. Dias depois, a juíza Sônia Nazaré Fernandes Fraga, da 24ª Vara Criminal do Foro Central, aceitou o pedido e o tornou réu.
Em fevereiro, por meio de vídeo nas redes sociais, Schutz disse que fala muito palavrão e que sua mensagem foi mal interpretada. Que "bala" não foi usada no sentido literal, e sim, no sentido de resolver a questão. "É a forma que eu me comunico, tá? Não tenho vergonha de falar dessa forma", disse.
O advogado Iberê Bandeira de Melo, que representa Livia e Bruna, acredita que esse é um passo importante no processo. "O crime de violência psicológica é novo no Código Penal e um processo contra esse tipo de ataque cria um precedente importante contra impunidade por ações nas redes sociais", comentou, à época, em entrevista a Universa.
Em conversa recente com Tati Bernardi, no videocast Desculpa Alguma Coisa, Livia falou da perseguição que sofreu dos integrantes de um movimento chamado "red pill" depois que denunciou Schutz. "Eles mandam emojis da pílula vermelha e de Campari. Mandam isso para mostrar que são de um movimento mesmo. Ao mesmo tempo que é muito infantil e doentio, é muito perigoso", contou.
Quem é Thiago Schutz?
Autodenominado escritor, palestrante e apresentador, o coach ganhou notoriedade por discursos machistas e chega a cobrar até R$ 2.500 por uma consultoria.
Schutz faz parte dos aconselhadores "red pill", grupo de homens misóginos que deturpam o conceito do filme Matrix (1999). Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores no governo Jair Bolsonaro (PL), se define como um "redpillado".
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Hoje, pílulas vermelhas e azuis, da trilogia Matrix, fazem parte do vocabulário da direita e da extrema-direita em todo o mundo. "Red pill" é termo onipresente em grupos masculinistas.
No filme, o protagonista Neo (vivido por Keanu Reeves) ganha duas pílulas e tem de escolher qual tomar: a azul, que lhe permite seguir vivendo em um mundo de ilusões; ou a vermelha, para adquirir consciência sobre a realidade que o cerca.
No vocabulário masculinista, os "red pills" seriam homens que se opõem ao "sistema que favorece as mulheres", por terem alcançado um conhecimento privilegiado sobre isso. Já os "blue pills" continuariam vivendo em ilusão e, portanto, seriam usados pelas mulheres.
Há ainda uma categoria que não existe no filme: os "black pills", homens que concordam com red pills e acham que já não podem mudar nada no "sistema", assumindo uma postura mais niilista.
Entre pílulas de várias cores, um detalhe irônico: as duas diretoras de "Matrix", as irmãs Wachowski, são mulheres trans. Uma delas, Lilly, chegou a confrontar figuras públicas como Ivanka Trump, Elon Musk e até Abraham Weintraub pelo uso do termo "red pill" em apologia à extrema-direita.
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