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Justiça reconhece ameaça a atriz, mas suspende ação contra coach do Campari

A Justiça de São Paulo suspendeu o processo contra Thiago Schutz, conhecido como "coach do Campari", por crimes de ameaça e violência psicológica contra a atriz Livia La Gatto e a cantora Bruna Volpi. O Ministério Público reconheceu que atriz foi ameaçada, mas sugeriu a suspensão em julgamento realizado hoje.

A informação foi confirmada pelos advogados de Thiago Schutz e Livia La Gatto em conversas com Splash. Iberê Bandeira de Mello, advogado que representa a atriz no caso, afirmou que irá recorrer após decisão.

Suspensão do processo foi concedida conforme prevê o artigo 89 do Juizado Especial Criminal — JECRIM. "O Ministério Público sugeriu a suspensão, pois entendeu que isso era o suficiente, ainda como punição e lição, para ele não cometer mais crimes", analisou Iberê.

Ação pode ser reaberta caso o influencer cometa um novo crime nos próximos 24 meses. Caso contrário, o processo é automaticamente extinto ao final do período.

Ministério Público sugeriu punição irrisória, segundo a defesa de Livia. "O processo está suspenso mediante duas condições: ele não pode se ausentar de sua comarca sem autorização judicial e precisa comparecer em vara para assinatura de ata a cada bimestre durante dois anos", explicou Iberê Bandeira de Mello. A informação foi confirmada pela defesa de Thiago Schutz.

Defesa de coach do Campari se manifestou oficialmente sobre decisão. "Thiago foi acusado injustamente por Lívia La Gatto e Bruna Volpi dos crimes de ameaça e violência psicológica. Conforme esperado pela defesa do influenciador, tanto Ministério Público quanto juízo agiram brilhantemente de forma legalista. [...] A defesa informa que o processo ainda segue em segredo de Justiça".

Advogado de Livia La Gatto comentou recurso. "Ela quer uma punição que faça o influenciador sair da posição de agressor de mulheres. Chamamos de 'desincentivo'. É o que ele precisa para parar de cometer crimes. Ele faz o mesmo com mulheres em geral, basta ver as páginas dele", afirmou Iberê.

Tribunal de Justiça de São Paulo enviou posicionamento a Splash. "No início da audiência de hoje (9/11), o Ministério Público, titular da ação, ofereceu ao réu a suspensão condicional do processo (Lei 9.099/95). Sendo assim, ele terá que cumprir as seguintes obrigações: comparecimento bimestral em cartório para assinar o termo do acordo; proibição de ausentar-se da comarca onde reside sem autorização do juízo e informar eventual mudança de endereço. O cumprimento é pelo prazo de dois anos. Com isso, as vítimas e testemunhas não chegaram a ser ouvidas. Se o réu tiver cumprido integralmente as condições ao final do prazo de dois anos, haverá extinção da punibilidade. Porém, se ele descumprir alguma das condições impostas, é revogada a suspensão e o processo segue seu curso normal", diz a nota.

Splash entrou em contato com o Ministério Público. A reportagem será atualizada caso o órgão se manifeste sobre o caso.

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O que aconteceu?

Thiago Schutz foi denunciado por ameaça. Ele enviou uma mensagem para Livia La Gatto e Bruna Volpi exigindo que ambas tirassem os vídeos em que falavam dele nas redes sociais. Caso contrário, segundo ele, seria "processo ou bala".

O MP-SP apresentou a denúncia à Justiça no dia 16 de março. Dias depois, a juíza Sônia Nazaré Fernandes Fraga, da 24ª Vara Criminal do Foro Central, aceitou o pedido e o tornou réu.

Em fevereiro, por meio de vídeo nas redes sociais, Schutz disse que fala muito palavrão e que sua mensagem foi mal interpretada. Que "bala" não foi usada no sentido literal, e sim, no sentido de resolver a questão. "É a forma que eu me comunico, tá? Não tenho vergonha de falar dessa forma", disse.

O advogado Iberê Bandeira de Melo, que representa Livia e Bruna, acredita que esse é um passo importante no processo. "O crime de violência psicológica é novo no Código Penal e um processo contra esse tipo de ataque cria um precedente importante contra impunidade por ações nas redes sociais", comentou, à época, em entrevista a Universa.

Em conversa recente com Tati Bernardi, no videocast Desculpa Alguma Coisa, Livia falou da perseguição que sofreu dos integrantes de um movimento chamado "red pill" depois que denunciou Schutz. "Eles mandam emojis da pílula vermelha e de Campari. Mandam isso para mostrar que são de um movimento mesmo. Ao mesmo tempo que é muito infantil e doentio, é muito perigoso", contou.

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Quem é Thiago Schutz?

Autodenominado escritor, palestrante e apresentador, o coach ganhou notoriedade por discursos machistas e chega a cobrar até R$ 2.500 por uma consultoria.

Schutz faz parte dos aconselhadores "red pill", grupo de homens misóginos que deturpam o conceito do filme Matrix (1999). Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores no governo Jair Bolsonaro (PL), se define como um "redpillado".

O que são os 'redpillados'?

Hoje, pílulas vermelhas e azuis, da trilogia Matrix, fazem parte do vocabulário da direita e da extrema-direita em todo o mundo. "Red pill" é termo onipresente em grupos masculinistas.

No filme, o protagonista Neo (vivido por Keanu Reeves) ganha duas pílulas e tem de escolher qual tomar: a azul, que lhe permite seguir vivendo em um mundo de ilusões; ou a vermelha, para adquirir consciência sobre a realidade que o cerca.

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No vocabulário masculinista, os "red pills" seriam homens que se opõem ao "sistema que favorece as mulheres", por terem alcançado um conhecimento privilegiado sobre isso. Já os "blue pills" continuariam vivendo em ilusão e, portanto, seriam usados pelas mulheres.

Há ainda uma categoria que não existe no filme: os "black pills", homens que concordam com red pills e acham que já não podem mudar nada no "sistema", assumindo uma postura mais niilista.

Entre pílulas de várias cores, um detalhe irônico: as duas diretoras de "Matrix", as irmãs Wachowski, são mulheres trans. Uma delas, Lilly, chegou a confrontar figuras públicas como Ivanka Trump, Elon Musk e até Abraham Weintraub pelo uso do termo "red pill" em apologia à extrema-direita.

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