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'Sou puta raiz': golpes, agressão e outras histórias de Bruna Surfistinha

Bruna Surfistinha falou sobre agressão, golpes e outros problemas vividos na carreira de prostituta Imagem: Vinicius Costa

De Splash, em São Paulo

13/11/2023 04h00

Raquel Pacheco completou 39 anos em outubro deste ano. Conhecida em todo o país como Bruna Surfistinha, ela foi uma das primeiras garotas de programa que mostraram a rotina da prostituição no Brasil. A ex-acompanhante, hoje mãe das gêmeas Maria e Elis, 2, falou sobre a profissão em conversa com Splash.

História da ex-prostituta se tornou ainda mais famosa após o lançamento de "Bruna Surfistinha" (2011), filme protagonizado por Deborah Secco. "Nós temos uma certa amizade. Não nos falamos todos os dias, mas há uma frequência. Temos muita gratidão, uma pela outra", afirmou Raquel.

Além de retomar carreira como DJ, Raquel tem projetos envolvendo podcast e apresentação de stand-up. "Às vezes é uma loucura, mas eu consigo conciliar a maternidade com os meus trabalhos. Também cuido da minha loja virtual de produtos eróticos".

Agressão, golpes e outras histórias

Qual foi dia mais perigoso da carreira de Bruna Surfistinha? "Certa vez, um cliente estava misturando drogas com bebida no flat. Ele ficou muito alterado, e não me deixou ir embora quando o programa estava terminando. Também não queria pagar a mais para eu continuar".

"Ele me puxou para a cama, foi praticamente uma agressão. Mesmo nervosa e com medo, decidi fingir que estava tudo bem. Fiz com que ele se acalmasse e pegasse no sono. Só depois disso consegui fugir", seguiu.

Saí com outros clientes grosseiros. Mas eles praticavam agressões verbais, não físicas.
Raquel Pacheco, conhecida como Bruna Surfistinha

Golpe aplicado por cliente. "Uma vez, voltou o cheque de uma pernoite no motel. Eu tinha cobrado R$ 800, era bastante na época. Uma perda grande quando descobri que o cheque não tinha fundo, jamais consegui recuperar. Um grande prejuízo".

Furto em casa noturna. "Antes de eu trabalhar usando conta bancária, juntava dinheiro em um armário individual disponível em uma casa de entretenimento adulto. Juntei um 'bolinho' de dinheiro por duas semanas, e ele simplesmente sumiu. Precisei recomeçar do zero na época".

O cliente "padeirinho". "Ele chegava sempre agarrado em um saco de pão. Morava no mesmo bairro que a gente e dizia para a esposa que iria na padaria comprar um pão. Ele era super rápido com as meninas, nem tirava a roupa. Demorava 15 minutos no máximo, e voltava para casa com o pão".

Clientes famosos. "Não tive tantos devido à exposição. Isso afastou muitos homens, eles tinham medo. Era mais comum sair com jogadores de futebol. Nunca rolou com políticos. Aconteceu com um ator, mas não era um dos mais conhecidos. [...] Certa vez, um jogador de futebol do Palmeiras ficou incomodado porque não o reconheci".

Como Bruna Surfistinha vê prostituição hoje?

Raquel Pacheco deixou a prostituição em 2005. Ela comunicou a decisão na última página do livro "O Doce Veneno do Escorpião — O Diário de uma Garota de Programa", obra em que conta sua história.

A prostituição evoluiu? "O conteúdo digital ajudou muitas garotas de programa durante a pandemia. Como tenho participado de muitos eventos com acompanhantes, falamos sobre o tema. Algumas meninas divulgam o trabalho de acompanhante, mas preferem ganhar dinheiro com as plataformas de conteúdo adulto", avaliou.

Bruna Surfistinha gosta do OnlyFans? "Eu não conseguiria me adaptar. Hoje em dia é muito mais comum a exposição da imagem, eu não sei se eu gostaria. Também nunca fui muito disciplinada com as novas ferramentas", comentou.

Estou sempre dizendo que sou puta raiz. Sou da época em que a internet era mato, não tinha tecnologia.
Raquel Pacheco, conhecida como Bruna Surfistinha

Porém, Raquel reconhece que tecnologia facilita trabalho das prostitutas. "Muitos cheques que recebi voltaram. [...] Hoje, os clientes não se preocupam com a forma de pagamento. O Pix cai na hora".

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