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'Eu gosto da energia do caos', diz Ebony após lançar rap polêmico

Ebony fez barulho com o lançamento de "Espero Que Entendam", o hit que causou polêmica na cena do rap nacional.

"Eu já penso em fazer essa diss para os maiores homens da cena há muito tempo. Até porque é uma 'ref' que sempre acontece antes de uma revolução no rap feminino. A Roxanne Shante fez na década dela. A Lil Kim fez na década dela. A Nicki Minaj fez na década dela. Eu senti que era mais uma questão de escolher se eu seria a primeira a fazer ou não, e eu decidi ser", explica a rapper, a Splash.

Apesar de a polêmica girar em torno das reações dos rappers à faixa, Ebony ressalta que a música não é sobre eles. Ela explicou que sua meta era criar o questionamento sobre o lugar que as mulheres ocupam no rap:

O meu propósito sempre vai ser fazer as pessoas questionarem coisas. Mesmo que depois de questionar elas não concordem, pelo menos elas vão ter questionado. Eu vou saber que aquilo é uma opinião genuína, e não uma opinião que outro alguém disse. Eu adoro pessoas autênticas. Eu adoro pessoas originais. Pessoas que pensam fora da caixa. Não tem muito o que dizer, eu gosto da energia do caos. Ebony

Questionada se sentiu desrespeito nas reações amigáveis dos homens da cena, Ebony cita estratégia: "Eu acho que, quando a gente tem uma carreira, quando a gente quer chegar em lugares e fazer coisas, envolve muita estratégia, né? Tanto da minha parte quanto da deles. Eu acho que essas são as coisas que acontecem que não cabe ao público saber. Eu sou empresária, acima de qualquer coisa. Eles também. E é isso que as pessoas precisam ter em mente."

Ebony afirma que a música não é sobre os rappers citados, e que não é uma rapper de diss
Ebony afirma que a música não é sobre os rappers citados, e que não é uma rapper de diss Imagem: @felipegomes

Achou muito misterioso? Conversamos também com uma especialista no ramo. Mesmo sem saber o posicionamento oficial de Ebony, Dani Rodrigues, empresária do rapper Rashid e diretora da produtora Foco na Missão, argumentou: "Eu acho que nem ela está esperando uma resposta em diss. Porque não faz sentido os caras fazerem um rap, uma diss, para defender que só o rap feito por homem importa, sabe? 'Continua ouvindo só a gente?' Não tem cabimento".

"Mas eu entendo e concordo que esses tapinhas nas costas são tão desnecessários quanto. Porque coloca a mulher nesse lugar de café com leite. Acho que a luta em todas as áreas é para que a gente seja vista em pé de igualdade, não tem que ser uma caixinha separada", completa Dani.

Poucos anos atrás, eu era muito desrespeitada em produção de campo. Os contratantes se cresciam muito para cima de mim porque eu era uma mulher. Eu contratei um assistente de produção para estar comigo o tempo todo e tratar com os contratantes, com os produtores, nos eventos. Com o tempo, eu fui aprendendo a me impor, a mudar a minha postura. Dani Rodrigues, empresária

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Na entrevista e em suas redes sociais, Ebony afirma: ela não compete com mulheres. "Ficam comparando uma com a outra. Mesmo sendo pessoas totalmente diferentes, vindo de lugares diferentes, tendo propostas diferentes. Parece que as pessoas só conseguem ver: 'ah, ela é preta e ela faz rap. Então elas são iguais'".

E por falar em estratégia, Ebony não pretende lançar a música nas plataformas digitais. "Eu não tenho pretensões de colocar, pelo menos por agora. Porque não faz parte da minha arte, né? O meu álbum, as minhas músicas que eu fiz pra mim e pros meus fãs já estão lá. Ouçam. Essa é só um freestyle. Eu sou rapper, eu faço freestyle, entendeu? Nem tudo é só sobre números."

Apesar do sucesso de "Espero Que Entendam", Ebony não quer que esse som defina seus próximos passos. "Essa música não define quem eu quero ser pra sempre. Não achem que eu sou uma rapper de diss. Na verdade, eu quero muito mesclar o meu trabalho com o pop. Eu quero dançar, eu quero fazer visuais incríveis", afirma a artista.

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