'Assédio impactante': reservada, como Marjorie lidou com fama em Malhação?
Protagonista da série "Fim", Marjorie Estiano coleciona sucessos no Globoplay e na TV aberta, como "Sob Pressão" e "Justiça". Mas há uma produção mais antiga que não sai da cabeça e do coração dos fãs: "Malhação", responsável por lançar Marjorie como atriz e cantora em 2004. Quase 20 anos depois, quem não se lembra da Vagabanda?
Eu fico muito feliz. Quase 20 anos depois, as pessoas ainda se lembram de mim como cantora. É muito frequente as pessoas me abordarem perguntando quando eu vou voltar a cantar. Marjorie Estiano
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Em "Malhação", Marjorie viveu Natasha, a vocalista da Vagabanda que era apaixonada pelo mocinho, Gustavo (Guilherme Berenger). Surfando na ficção, a emissora lançou discos físicos que foram um sucesso.
Em 2014, ela lançou seu último disco, "8", elogiado pela crítica. Desde então, focou na carreira de atriz. Em "Fim", disponível no Globoplay, os fãs matam a saudade com uma palhinha da personagem Ruth em uma roda de amigos.
Marjorie conheceu a fama ao viver a Natasha e cantar as músicas da Vagabanda. A personagem era bem diferente da Marjorie reservada dos 20 anos — algo que não mudou muito até então. Ela estava recém-chegada no Rio de Janeiro e vivia havia pouco tempo fora da casa dos pais e sem o auxílio financeiro deles.
"Para mim, o assédio foi muito impactante. Eram adolescentes, muito intensos, eles buscam um lugar de identificação que tinha como interface a Natasha, uma personagem que não era eu, o repertório que a Natasha cantava não era meu. Eu vivia um pouco uma esquizofrenia artística, eu ainda não tinha uma identidade musical. Tinha o que eu gostava de ouvir, mas eu não tinha uma proposta. Era bem complexo."
Ainda era, digamos, uma adolescente, embora eu já tivesse 20. Esse amadurecimento aí veio num soco, mas me trouxe essa e ainda me traz lembranças boas até hoje, quando alguma pessoa me aborda falando o quanto aquilo fez parte da vida dela e que ela adorava sair da escola e ir assistir, que tem todos os discos. Mesmo não sendo um repertório meu, eu sendo porta-voz, me faz hoje uma pessoa muito realizada. Marjorie Estiano
"Fim"
A série que chegou ao catálogo do Globoplay no mês passado é baseada no best-seller homônimo de Fernanda Torres. Trata de momentos que vivemos ao longo de nossa trajetória, em especial, da morte. Assim como no livro lançado em 2013, Fernanda narra a vida e a morte de cinco amigos — Ciro (Fabio Assunção), Álvaro (Thelmo Fernandes), Neto (David Junior), Silvio (Bruno Mazzeo) e Ribeiro (Emilio Dantas), além de suas esposas — entre elas, Ruth, a esposa de Ciro, vivida por Marjorie.
"Fim" narra os altos e baixos de uma geração que nasceu em meados do século 20, cresceu influenciada pela Bossa Nova, fez planos de se casar e formar família, mas acabou atropelada pela revolução de costumes, pelo divórcio e pelas liberdades futuras. "É uma geração careta de Copacabana", diz Fernanda Torres para Splash.
"Para mim, foi um dos aspectos mais interessantes, porque é mais ou menos a geração da minha mãe. Me interessava viver um pouco o contexto sociocultural que a minha mãe viveu. É claro que minha mãe não tá retratada em nenhuma dessas personagens fielmente, mas poder viver onde o papel da mulher era tão limitado. Ainda tava surgindo a revolução de costumes. Ruth não pertencia exatamente a essa revolução, talvez ela até gostasse. Ela pertencia mesmo a esse lugar de perspectiva voltada ao casamento... Muita coisa mudou. Ainda bem."
A obra mostra os contrastes da vida dos personagens durante quatro décadas — e precisou de muita ralação da equipe de maquiagem. Uma cena em que Marjorie aparece grávida na praia, por exemplo, exigiu seis horas seguidas de trabalho apenas para maquiar. "É complexo. Para fazer a composição desse envelhecimento, eu trabalhei com o subjetivo: o que aconteceu na vida dela que reflete no corpo. Se ela dorme o dia inteiro, o corpo fica mais pesado ou lento?"
"A edição é fundamental dentro dessa história toda. Ajuda a dar a dinâmica de passado, futuro e presente. É um arco muito longo. Tem esse impacto de a gente ver o reflexo das escolhas que você fez em determinado momento da sua vida diretamente. Na vida [real], obviamente, a gente não percebe o impacto das nossas decisões tão diretamente. Ter a oportunidade de ver uma vida editada até o fim é muito interessante."
A série "Fim" concorre ao Splash Awards na categoria melhor série nacional. Confira todos os indicados e vote!
Veja o trailer da série do Globoplay: