'A bilionária': briga por fortuna colossal teve mordomo e gravação secreta
Colaboração para Splash*
20/11/2023 04h00
Um dos maiores escândalos judiciais da França foi contado na minissérie documental "A Bilionária, o Mordomo e o Namorado", lançada neste mês na Netflix.
Liliane Bettencourt (1922-2017), herdeira do Grupo L'Oréal que ocupou o posto de mulher mais rica do mundo com fortuna de US$ 40 bilhões, protagonizou uma disputa judicial com a única filha, Françoise Bettencourt Meyer, entre 2007 e 2013.
A briga pela fortuna da família tomou conta das manchetes da época e, agora, deu origem à produção da plataforma de streaming. Conheça a história retratada na série da Netflix.
Gravação secreta, mordomo e até presidente envolvido
Françoise começou a briga familiar em 2007. Ela processou o fotógrafo de celebridades François-Marie Banier por abuso de incapaz, alegando que ele havia enganado sua mãe e levado quase US$ 1 bilhão ao longo de duas décadas. Também na Justiça, ela alegou que a mãe não estava em plena saúde mental, o que poderia prejudicar a administração da fortuna da família.
Denúncias sombrias e envolvimento de ex-presidente. Conhecido como caso Banier, o escândalo político-financeiro-familiar trouxe à tona denúncias sombrias sobre a família —incluindo um possível envolvimento de Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França, acusado na época de ter recebido propina de Bettencourt.
Mordomo gravou secretamente Liliane. Gravações escondidas feitas por um antigo mordomo levaram a investigações sobre possíveis violações de financiamento de campanha. Tudo isso relacionado à eleição de Sarkozy como presidente francês em 2007. Na época, a bilionária negou as acusações e as autoridades locais retiraram as queixas contra o político em 2013.
As decisões da Justiça. Ao final do processo movido por Françoise, Banier foi acusado de "abuso de situação de fraqueza" e condenado a três anos de prisão —que foram cumpridos em liberdade. Já a guarda de interesses de Liliane foi atribuída à filha e dois netos.
Quem foi Liliane?
Nascida em Paris no dia 21 de outubro de 1922, ela era filha do industrial Eugène Schueller, que criou uma pequena empresa de tintura capilar que deu origem ao império dos cosméticos que se tornou a L'Oréal.
Começou nos negócios da família como aprendiz aos 15 anos. Segundo o jornal O Globo, ela perdeu a mãe aos cinco anos de idade, foi criada por freiras dominicanas e já descreveu sua infância como dominada por um pai severo e "workaholic".
Herdou a participação de 32,99% das ações do grupo do pai, que morreu em 1957.
Em 1950, casou-se com o político francês André Bettencourt. Os dois tiveram apenas uma filha, Françoise. Enquanto o marido de Liliane seguiu na carreira política e chegou a ser ministro entre 1966 e 1973, ela se dedicava, como principal acionista, à estratégia da empresa que a tornou bilionária.
Morreu em 2017, aos 94 anos. Vítima de Alzheimer e posta sob tutela, ela estava afastada da vida pública desde 2012, ano em que deixou o conselho administrativo da L'Oréal e qualquer papel de liderança dentro do grupo.
Quem é Françoise?
Nascida em 10 de julho de 1953, Françoise Bettencourt Meyers é casada com Jean-Pierre Meyers e é mãe de Jean-Victor Meyers e Nicolas Meyer.
Neta do fundador da L'Oréal, ela tornou-se diretora da empresa em 1997. Além disso, Françoise foi nomeada presidente da holding da família, Téthys, em 2012. Naquele mesmo ano, tornou-se membro do comitê de estratégia e desenvolvimento sustentável da marca.
Nunca se interessou pela vida de alta sociedade de seus pais. Em vez do glamour, a herdeira escreveu livros sobre mitologia grega e relações judaico-cristãs. Seu livro mais recente foi publicado em 2008 com o título "Regard sur la Bible" (Um Olhar sobre a Bíblia).
Além das ações da L'Oréal, Françoise também tem participação na Nestlé e outros bens. A maior parte da fortuna vem da empresa da família. Ela possui cerca de 33% do capital social, participação herdada da mãe.
É também fundadora e presidente da instituição de caridade The Bettencourt-Schueller Foundation, criada em 1987, e presidente honorária da Fondation Pour L'audition, que apoia pesquisa e inovação para pessoas com deficiência auditiva.
Françoise herdou ainda dezenas de bilhões de dólares e bens valiosos, como uma mansão em Neuilly-sur-Seine, rica região a oeste de Paris, e a casa de férias no promontório de Arcouest, oeste da França.
Já apareceu três vezes no topo da lista das mulheres mais ricas do mundo, segundo a revista Forbes. Em 2023, o patrimônio líquido da francesa foi avaliado em US$ 80,5 bilhões (R$ 392 bilhões). No ranking geral da publicação, ela ocupa o 11º lugar entre os mais ricos.
*Com EFE e reportagem publicada em 05/04/2023