Taylor: entre caos e emoção, shows no Rio tiveram mortes, calor e decepção

Taylor Swift desembarcou no Rio para a primeira série de shows no Brasil desde 2015. Com a maior turnê do mundo na atualidade, a The Eras Tour, a expectativa era alta, mas entre a emoção dos fãs houve muito caos e tragédias que ficarão marcados na passagem da loirinha pela capital carioca e seus três shows.

O clima era de tanta ansiedade que até o Cristo Redentor foi iluminado em homenagem à cantora na noite de quinta-feira (16). Mas tudo mudou a partir do primeiro dia de show, na sexta-feira (17).

Calor e primeira morte

Ana Clara Benevides
Ana Clara Benevides Imagem: Reprodução/Redes Sociais

A sensação térmica bateu a casa dos 50 graus, e muitas pessoas passaram mal nas enormes filas. A estudante de psicologia Ana Clara Benevides, de 23 anos, morreu durante o show da cantora.

Ao "Fantástico", a mãe da jovem, Adriana, contou que a filha confidenciou que "se eu não conseguir ir nesse show, eu morro". A delegada do caso afirmou que o laudo preliminar indica hemorragia pulmonar, mas novos exames continuam com resultados pendentes.

No Instagram, a cantora lamentou o fato e escreveu:

Não acredito que estou escrevendo essas palavras, mas é com o coração partido que digo que perdemos um fã no começo desta noite, antes do meu show. Eu nem posso dizer o quão devastada estou por isso
Taylor Swift

A tragédia parecia anunciada. Na terça-feira (14), quando os termômetros na cidade já marcavam 40 graus, Splash presenciou fãs passando mal de calor enquanto aguardavam na fila para a retirada dos kits VIP dos shows no Engenhão. Houve ainda confusão na fila devido à falta de organização: a fila prioritária não foi respeitada, e no início dos atendimentos uma máquina apenas funcionava para a leitura do código necessária para pegar o kit.

Apesar disso, somente após a morte de Ana Clara autoridades resolveram agir. Prefeito da cidade, Eduardo Paes formalizou novas exigências à produção de Taylor Swift para a realização da segunda noite de shows. Entre as medidas estavam antecipar a entrada em uma hora, ocupar o anel de circulação para tirar o público do sol, novos pontos de distribuição de água, aumento do número de brigadistas e de ambulâncias.

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O ministro da Justiça, Flávio Dino, também se manifestou e determinou uma investigação pela falta de água no show após os episódios de desmaios e até uma morte no evento. E ainda declarou que iria acionar o Sistema Nacional do Consumidor para apurar quem são os responsáveis pelos episódios ocorridos.

Fãs de Taylor Swift recebem ajuda para suportar calor de quase 40ºC no Rio
Fãs de Taylor Swift recebem ajuda para suportar calor de quase 40ºC no Rio Imagem: Luiza Souto/Splash

Quanto à produtora do evento, a T4F, só com toda essa tragédia deixou o público entrar com garrafas d`água.

Houve ainda mobilização de moradores da região: além de diversos caminhões-pipa e carros de bombeiros colocados para refrescar quem estava na fila, lojistas improvisaram mangueiras e chuveiros para molhar quem passava na tentativa de amenizar o calor. Dentro do estádio ainda foram colocados 15 ventiladores virados para o público.

Ainda assim, foram realizados cerca de 60 atendimentos ao público presente na parte externa do estádio. As vítimas, em sua maioria, tiveram mal súbito e foram liberadas no local. Os casos mais graves foram encaminhados aos hospitais, segundo o Corpo de Bombeiros.

Cancelamento

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Fãs ainda relataram que voltaram para casa no sábado com queimaduras nas pernas ao caírem em uma estrutura metálica que estava na frente do palco.

Apesar de todas essas medidas, faltando cerca de uma hora para o show começar, a artista anunciou em sua conta no Instagram que adiou o show após a morte de uma fã e a onda de calor na cidade. A nova data foi marcada para segunda (20).

Os fãs que estavam no estádio choraram e vaiaram ao saberem da notícia. Acertada ou não, a decisão prejudicou aqueles que não poderão comparecer na apresentação por diversos motivos — entre eles falta de dinheiro, hospedagem e dificuldades em remarcar passagens de volta para suas cidades.

Fã é vítima de latrocínio

Fora os perrengues enfrentados por causa do calor, muitos fãs ainda tomaram golpe. Quem não conseguiu garantir seus ingressos, foi enganado por criminosos vendendo falsos ingressos a preços inflados. Splash entrou em grupos de venda de ingressos para a turnê da Swift e detectou dezenas de usuários reclamando de golpistas — alguns conseguiram perceber a tempo se tratar de uma fraude, enquanto outros saíram no prejuízo.

Além dos golpes pela internet, criminosos tentaram agir no entorno do Engenhão, embora o policiamento tenha sido reforçado após arrastões durante o show da banda mexicana Rebelde. Com medo da segurança, parentes de fãs deram até plantão no Engenhão para esperar por aqueles que entraram.

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Distante dali, na madrugada de domingo, o estudante sul-mato-grossense Gabriel Mongenot Santana Milhomem Santos foi morto a facadas ao ser assaltado por três homens na praia de Copacabana, na zona sul. Ele estava na cidade para assistir ao show que fora cancelado.

Segundo nota da polícia civil, "em menos de 24 horas, todos os acusados do crime foram identificados e presos". Um deles, Jonathan Batista Barbosa, havia sido preso na sexta-feira após roubar 80 barras de chocolate e foi solto 12 horas antes de cometer o crime.

Mesmo após essas duas tragédias, Taylor Swift não mencionou os dois fãs mortos no seu segundo show, na noite deste domingo, quando a temperatura estava mais amena e até choveu. Na mesma apresentação, ela tirou os efeitos de labaredas no hit "Bad Blood", para evitar novo aumento de temperatura.

Frustração e mais R$ no último show

Tomázia Rocha Silva, 40, e a filha Bárbara, que fez 15 anos
Tomázia Rocha Silva, 40, e a filha Bárbara, que fez 15 anos Imagem: Arquivo Pessoal
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"Hoje a Taylor vem e ai dela inventar algo para cancelar esse show", disseram logo na entrada do Engenhão. Taylor cantou na segunda-feira para ocupar o espaço de sábado, mas muita gente teve que rebolar para ficar mais tempo no Rio enquanto outros ficaram frustrados.

A professora Jane Cristina Santana, 49 anos, veio de Prudentópolis, no Paraná, com a filha Fernanda, 22, após cancelar os ingressos que havia comprado para São Paulo por conta de um imprevisto.

Inicialmente gastou cerca de R$ 8 mil com passagens e hospedagem, além dos passaportes para a área VIP. Com o adiamento do show, desembolsou cerca de R$ 2,5 mil com taxas extras de estadia, mas diz que valeu a pena.

Já a mineira de Belo Horizonte Tomázia Rocha Silva, 40, se diz psicologicamente abalada, porque precisou voltar para casa sem poder realizar o sonho da filha, Bárbara, que fez 15 anos em junho e ganhou o ingresso de presente. Mas acredita que todo o transtorno foi causado pela produção do evento.

Despedida esvaziada

Visão do público no show do dia 20 de novembro de Taylor Swift
Visão do público no show do dia 20 de novembro de Taylor Swift Imagem: Luiza Souto/ UOL
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O show de despedida de Taylor Swift no Rio teve menos público do que os anteriores. Splash esteve presente nas três apresentações da cantora que aconteceram no Engenhão, sendo possível observar "buracos" na pista premium da terceira performance na capital carioca.

Se nos dois shows anteriores, do dia 17 e do dia 19, não havia espaço para se locomover no setor, nesta segunda-feira era possível identificar locais sem aglomerações. Nas imagens, é possível até mesmo ver pessoas sentadas no chão.

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