'Minha vida é um milagre': Como está Leandro Lopes, 1º vencedor do Ídolos?
Você já cantou a canção "Deixo minha Voz me Levar" há quase duas décadas. A música explodiu na voz Leandro Lopes, na época com 22 anos, após vencer a primeira edição do Ídolos. Passados 18 anos do reality musical do SBT, como está a vida do cantor?
Em entrevista exclusiva a Splash, o artista, hoje com 39, relembra como foi vencer a disputa contra 12 mil candidatos, conta sobre a passagem pela banda Rapazolla e detalha o período em que acabou "pausado" a carreira pelos filhos. Ele também revela os planos de novos trabalhos para celebrar 18 anos de carreira em 2024.
Serei um campeão pra sempre da primeira edição de um reality show musical grande da televisão brasileira.
Leandro Lopes
"Não era nem para eu estar vivo"
Natural de Santíssimo, zona oeste do Rio de Janeiro, Leandro Lopes diz que sua vida é um milagre. Ele foi abandonado pelos pais biológicos, mas o destino o guiou para uma família que não poupou amor e carinho.
Não era nem para eu estar vivo. Não conheço meus pais biológicos e nem nunca procurei conhecer... Não sei a história, onde foi, como foi. Faço questão de contar isso porque minha vida é um milagre. Leandro Lopes
"A minha família me amou com muito carinho. Minha mãe conta que eu estava magrinho, com anemia, deteriorado. Sempre fui um cara de muita sorte, muita mesmo", acrescenta.
Aos 15, o desejo de se tornar cantor aflorou graças à canção "Entre a Serpente e a Estrela", de Zé Ramalho. "Essa música me tomou de uma forma que foi uma loucura. [Falei]: 'Preciso aprender a tocar e cantar'", conta.
Leandro começou cantando no coral da igreja na adolescência e partiu para os shows na noite após ouvir uma mulher afirmar que tinha vocação para ser cantor.
No começo, a galera não acreditava que eu conseguiria cantar por causa desse meu timbre de voz, que é rouco e grave. Falavam: "Nossa, esse moleque vai cantar o quê? Parece um gato rouco".
Leandro Lopes
Inscrição no ídolos
Leandro Lopes, aos 22, dividia o tempo entre o trabalho para investir na música e as apresentações em barzinhos. O destino, então, o alertou que uma virada de chave estava por vir. "Tinha sonhado que eu estava em um lugar com muita gente. Todo mundo estava atrás de mim. Não sei explicar direito como funciona. Sei que eu estava sentindo que alguma coisa ia acontecer", relembra.
Passados dois meses, ele entendeu o sonho após ser avisado pela mãe e ex-namorada que foi inscrito no Ídolos. "Elas falaram: 'Ou tu vai ou tu some de casa. Não é a música que você quer? Agora você vai'", ri.
No dia das audições, ele chegou causando a maior confusão com os concorrentes ao furar a fila. A atitude até rendeu o apelido de Pika-Pau pelas mexas vermelhas — feitas em homenagem ao Mamonas Assassinas.
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Quero receberFurei a fila e uma confusão absurda lá na frente. [A produção ficou no]: "Esse cara furou a fila" e eu: "Não furei". Deixaram eu entrar, participei e já entrei no programa com advertência. O primeiro ato da minha vida [na música] foi um ato de indisciplina, meu Deus do céu.
Leandro Lopes
Na entrevista com os jurados, Leandro levou uma dura de Thomas Roth, foi chamado de "Mauricio Manieri desnutrido" por Arnaldo Saccomani, mas foi aprovado, ouvindo Carlos Miranda dizer que poderia ser o vencedor do reality.
"O povo sente a sua energia, sente que você está se entregando. Então, foi isso que levei para o programa. Fui visceral e, ao mesmo tempo, eu cantei o que eu gostava de verdade", destaca.
Assim, Leandro Lopes entrou na lista dos 75 selecionados para a fase de apresentações grupos. Na sequência, o cantor avançou com mais 44 participantes para a etapa solo, se destacou dentre 30 nomes na semifinal e garantiu uma das 10 vagas na final.
Ele diz que não sabia que era considerado favorito pelo público. "A gente não sabia o que tava acontecendo lá fora. A gente vivia enclausurado na Casa dos Artistas e tinha pouco tempo pra falar com a família", lembra.
Percebi que eu ia ganhar o programa no dia da final. Cantei com o Zé Ramalho e a recepção da plateia foi um alvoroço. Eu falei: 'meu pai do céu, ganhei o programa. Vou desmaiar'.
Leandro Lopes
Um desafio inesperado: o Rapazolla
Leandro Lopes gravou o álbum "Por Você" pela Sony/BMG após o reality e viajou o Brasil para fazer shows. A música de trabalho "Deixa a voz me levar" explodiu entre as mais tocadas do Brasil. Por outro lado, ele precisou de ajuda médica para, segundo ele, não se tornar o dublador do Pato Donald, em virtude da altura das notas das canções do disco.
Gravei aquele disco num tom tão alto pra minha voz que passei meses tomando remédio pra ver se a minha voz voltava... Se eu continuasse cantando daquele jeito, hoje eu seria o dublador do Pato Donald. Ainda bem que eu era moleque novo e cheio de vigor.
Leandro Lopes
No fim de 2007, o artista foi surpreendido com um convite para ser vocalista do Rapazallo, mesmo tendo errado uma canção do grupo no Ídolos. Era para assumir a vaga de Tomate, que estava de saída para ficar no lugar de Claudia Leitte no Babado Novo.
"Fiquei um ano e meio fazendo carreira solo e dois empresários de Salvador vieram em São Paulo pra eu ir pro Rapazolla. Só que eu não gostava de Axé", relembra.
Quem fez ele mudar de ideia e abraçar o axé foram os cantores Reinaldo, do Terra Samba, e Netinho após encontro por acaso no SBT.
Cheguei em casa depois do programa e fui procurar sobre o Carnaval de Salvador. Vi aquilo e falei: 'Meu Deus do céu, eu vou". Fui pro Rapazola com uma moral absurda, como campeão no programa. Leandro Lopes
O artista sofreu rejeição do público baiano no início, mas logo caiu nas graças com seus shows no Carnaval. "Acho que aquilo ali me deu mais força. Estudei muito sobre o Carnaval, música baiana, percussão. Suguei tudo que eu podia... A música baiana é a maior diversidade cultural que eu já pude conhecer na minha vida", ressalta.
Em 2011, após ganhar prêmios importantes na Bahia, Leandro optou por deixar o Rapazolla para seguir carreira solo. "A gente quando é novo dá aquela pirada. Eu morava sozinho, longe dos meus amigos, longe da minha família", declara ele, que também pontua desgaste no grupo.
Desentendimentos de ideias entre as partes [causaram] desgaste. Por cobrança minha com eles e eles comigo também. Cobranças desnecessárias de ambas as partes, um com o outro.
Leandro Lopes
"Pausa" na carreira
De volta ao Rio de Janeiro após três anos na Bahia, o vencedor do Ídolos lançou uma nova banda para seguir em solo. Entretanto, a vida pessoal começou a tomar espaço na sua agenda de shows.
Em 2014, ele casou, se tornou pai de Theo e Ravi e decidiu pausar a carreira para cuidar das crianças. "Praticamente pausei, não procurei mais escritório pra trabalhar. Tinha uma condição legal e ela também. Eu segurei a onda mesmo, freei. Fiquei rodando só por perto de onde eu morava um bom tempo", relata.
Leandro diz que a decisão foi acertada por ter conseguido viver o crescimento dos filhos. "Foi prejudicial demais pra minha carreira, mas, por um lado, a minha família não tem preço. Não tem carreira, não tem música, não tem público, não tem estádio lotado. São meus filhos", declara.
18 anos de carreira em 2024
Leandro Lopes não guardou o dinheiro que ganhou em seus 18 anos de carreira de cantor. O que ele recebeu foi utilizado para viver e desfrutar da vida.
Sempre fui desapegado dessas paradas de bem material, ter Lamborghini, comprar cinco apartamentos, entendeu? Tô muito, mas muito melhor do que eu tava antes de ganhar o programa. Isso já é uma bênção.
Leandro Lopes
Atualmente, o artista se apresenta pelo Brasil com o baile do Pica-Pau, que é voltado ao estilo do Carnaval, e com shows destacando os sucessos de sua carreira.
"Eu tenho o Baile do Pica-Pau, que é a minha carreira feita pra eventos corporativos, micaretas e Carnaval. O trabalho é um Carnaval fora de época, bem misturado e bem legal. A gente mistura essa onda do Carnaval com tudo que tá rolando no momento da música brasileira", detalha.
Para 2024, Leandro Lopes planeja o lançamento de um novo trabalho para celebrar os 18 anos desde a vitória no Ídolos.
Sonho gravar um disco para tocar pra frente essa minha carreira do pop, que tá voltando e continuar com o baile fazendo os carnavais. Estou quebrando a cabeça montando um novo repertório pro ano que vem.
Leandro Lopes
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